Notícia

TVC Interior

Tabagismo e HPV Ampliam Riscos de Câncer de Cabeça e Pescoço, Revela Estudo (80 notícias)

Publicado em 24 de agosto de 2023

São Paulo - Em uma pesquisa recente conduzida por especialistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade do Chile, foi descoberto que o tabagismo e o papilomavírus humano (HPV) não apenas constituem riscos independentes para o câncer de cabeça e pescoço, mas a combinação dos dois fatores pode aumentar ainda mais o perigo.

Dados Alarmantes:

O câncer de cabeça e pescoço, que abrange tumores nas cavidades nasal e oral, faringe e laringe, é um mal crescente. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), somente no Brasil, o número de mortes chegou a quase 21 mil em 2019. Embora tradicionalmente associada a fatores como consumo excessivo de álcool, tabagismo e higiene bucal inadequada, a doença tem registrado um aumento na incidência em populações mais jovens e de nível socioeconômico mais alto devido ao HPV.

Interconexão Entre os Riscos:

Enrique Boccardo, coautor do estudo e professor do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, esclareceu a necessidade de analisar o tabagismo e o HPV em conjunto, já que ambos estão associados ao estresse oxidativo e a danos ao DNA relacionados ao câncer.

No estudo, células orais que expressavam oncoproteínas do HPV foram expostas à fumaça de cigarro. Os resultados indicaram um aumento expressivo nos níveis da enzima SOD2 e danos ao DNA, sinalizando o potencial perigoso dessa combinação.

O Futuro da Pesquisa:

Com apoio da FAPESP, a equipe analisou também 613 amostras genômicas do repositório público The Cancer Genome Atlas (TCGA) para confirmar seus achados.

Boccardo ressaltou a importância de estudos in vitro como base para compreensões mais profundas. Ele também mencionou que, no Brasil, a vacinação contra o HPV, disponível pelo SUS para crianças entre 9 e 14 anos, poderia ser estendida para prevenir doenças em outras regiões do corpo.

A pesquisa destaca a evolução da tecnologia e o acesso a bancos de dados com amostras humanas, permitindo análises de longos períodos.

Como próximo passo, Boccardo sugere aumentar a complexidade do modelo, considerando o contexto natural da expressão das proteínas virais e outros eventos, como processos inflamatórios.