O Ministério da Saúde divulgou ontem que o Brasil tem 433 casos suspeitos de novo coronavírus (Sars-Cov-2). Nenhum novo caso foi confirmado neste novo balanço e o país permanece com dois casos confirmados da doença Covid-19. Os dois infectados são brasileiros que estiveram recentemente na Itália, e seguem em isolamento domiciliar. O atual número de casos representa um aumento de 71%. De acordo com o ministério, o balanço não foi atualizado ao longo do fim de semana, o que teria contribuído para o salto. No domingo, o número de casos suspeitos era de 252. Ao todo, 162 casos foram descartados desde o início do monitoramento.
O ministério não apontou nenhum "caso provável", que é uma nova categoria incluída pela pasta entre as possíveis em seus balanços. Um caso provável será aquele do paciente que apresentar sintomas e tiver tido contato direto com uma pessoa que teve Covid- 19 confirmado. Dois genomas. O código genético do vírus detectado no primeiro paciente com o Sars- Cov-2 no Brasil é diferente do que foi encontrado no segundo brasileiro com a doença confirmada. O trabalho também foi divulgado em 48 horas, mesmo tempo que demorou para a publicação dos dados do primeiro caso confirmado, na última sexta-feira. O trabalho tem sido conduzido pelo Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE), coordenado pela diretora do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo, Ester Sabino, e pelo cientista Nuno Faria, da Universidade Oxford. A pesquisa é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo (Fapesp).
Sabino explica que o primeiro vírus isolado se parece mais com o que foi sequenciado na Alemanha, com duas mutações similares. Já o segundo brasileiro infectado tem o coronavírus mais parecido com o detectado na Inglaterra. "Ambos são diferentes das sequências chinesas. Isso sugere que a epidemia está ficando madura na Europa, ou seja, está ocorrendo transmissão interna entre países", disse Sabino. Se todos os pacientes existentes na Europa tivessem vindo da China diretamente, a sequência genética do vírus seria mais parecida com a encontrada em Wuhan e na província de Hubei, de acordo com os pesquisadores. A cientista brasileira lembra, no entanto, que a mutação de um vírus é uma coisa natural. O sequenciamento e a comparação servem para traçar um panorama e um possível caminho das infecções.