A expectativa do Ministério da Saúde é de que 60 milhões de doses anuais sejam oferecidas à população
Nesta terça-feira (25), o presidente Lula e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciaram, em Brasília, a produção, em larga escala, da primeira vacina totalmente produzida no Brasil e de dose única contra a dengue. A expectativa é de que, a partir de 2026, 60 milhões de doses anuais sejam oferecidas à população.
“A gente espera, em dois anos, poder vacinar toda a população elegível [de 2 a 59 anos]”, disse Nízia Trindade, durante cerimônia no Palácio do Planalto, acrescentando que os idosos ainda não serão vacinados por questões de cuidados requeridos nos testes clínicos de imunizantes.
O pedido de registro do imunizante feito pelo Instituto Butantan em dezembro de 2024, ainda está sob análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que solicitou mais dados e informações complementares sobre a vacina.
A parceria entre o Instituto Butantan e a empresa WuXi Biologics, segundo o Governo Federal, permitirá a produção em larga escala da vacina, por meio Programa de Desenvolvimento e Inovação Local do Ministério da Saúde, já aprovado e em fase final de desenvolvimento tecnológico. O projeto contou com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no financiamento da pesquisa clínica.
“O Ministério da Saúde entrará com o poder de compra”, disse Níza, ao citar a visita de uma equipe da pasta à China para “assumir o compromisso que, de fato, haverá essa compra pelo governo federal”.
A produção da vacina requereu investimentos de R$ 1,26 bilhão. Ainda estão previstos mais R$ 68 milhões para estudos clínicos para ampliar a faixa etária a ser vacinada, incluindo os idosos, além da avaliação da coadministração da dose contra a dengue com a vacina contra o Chikungunya, também desenvolvida pelo Instituto Butantan.
O Governo Federal destaca a importância da prevenção, enquanto não for feita a vacinação em massa no Brasil. O Painel de Monitoramento das Arboviroses mostra que, no Brasil, há 401.408 casos prováveis de dengue e 160 óbitos confirmados pela doença, além de 387 em investigação. Neste momento, o coeficiente de incidência é de 188,8 casos para cada 100 mil habitantes.
Insulina Glargina
Durante o evento, o Governo Federal também anunciou ainda a fabricação da insulina Glargina como parte do Programa de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), do Ministério da Saúde.
A produção do insumo farmacêutico ativo (IFA) será feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com a ampliação da fabricação do produto ficando a cargo da Biomm, empresa que recebeu a certificação para a produção de insulina Glargina.
“A produção do IFA será realizada na planta da Fiocruz em Eusébio, no Ceará, fortalecendo o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) e incentivando o desenvolvimento regional. Esta será a primeira planta produtiva de IFA de insulina da América Latina, assegurando ao Brasil uma cadeia produtiva completa para o abastecimento do SUS”, disse o Ministério da Saúde, por meio de nota.
A projeção é de que sejam produzidas 70 milhões de unidades anuais da insulina ao final do projeto. O SUS deve receber as primeiras doses ainda no segundo semestre de 2025.
A vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), resultado de uma parceria entre o Instituto Butantan e a Pfizer também foi anunciada. A produção estimada será de até 8 milhões de doses anuais da VSR no Brasil, atendendo e ampliando a demanda atual do SUS, beneficiando a população idosa.
O investimento total é de R$ 1,26 bilhão entre 2023 e 2027. Os primeiros lotes da vacina devem ser entregues ao SUS no segundo semestre deste ano.
Em relação à VSR, o Ministério da Saúde prevê ainda negociar preços com os produtores, incorporar anticorpos contra o vírus para bebês prematuros e oferecer a vacina a gestantes.
Influenza
As parcerias firmadas também vão garantir inovação e acesso à vacina Influenza H5N8, garantindo a formação de estoque estratégico e a capacidade produtiva e de fornecimento de mais de 30 milhões de doses/ano.