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Supercomputadores vão avançar pesquisa científica no Brasil, diz secretário de Transformação Digital (6 notícias)

Publicado em 09 de setembro de 2024

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Por Cristiane Noberto

Plano de investimentos em inteligência artificial prevê instalação aquisição de um dos cinco supercomputadores mais modernos do mundo no país

O governo brasileiro se prepara para adquirir um dos cinco supercomputadores mais potentes do mundo com o objetivo de melhorar a precisão na previsão de eventos climáticos e avançar em diversas áreas científicas e tecnológicas. A iniciativa também vai proporcionar maior conectividade com todos os outros supercomputadores do Brasil além da utilização da iniciativa privada.

A ideia é instalar o equipamento no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), localizado em Petrópolis (RJ) até 2026.

Atualmente, o supercomputador Santos Dumont, que opera no LNCC, está em processo de atualização, fruto de uma parceria com a Petrobras e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

A expectativa é que até o final do ano, haja uma primeira fase de upgrades, o que vai permitir um desempenho ainda maior na previsão meteorológica e em outras áreas de pesquisa já em 2024.

Em entrevista à CNN , o secretário de Ciência e Tecnologia para Transformação Digital do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Henrique Miguel, destacou a importância desses supercomputadores.

“Estamos atualizando o parque de supercomputadores do Brasil para que possamos continuar a realizar pesquisas avançadas e prestar serviços essenciais à população. Esses equipamentos são fundamentais para a previsão climática e para o desenvolvimento de tecnologias como a Inteligência Artificial”, disse.

Miguel ainda destacou que a previsão climática é um dos principais usos desses supercomputadores.

“Com equipamentos mais avançados, conseguiremos prever o clima com maior precisão e em menos tempo, o que é vital para o planejamento de ações preventivas e emergenciais”, afirmou.

Entre outros pontos, Henrique Miguel também falou das expectativas do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) 2024-2028, lançado no fim de julho, que prevê investimento em desenvolvimento tecnológico de R$ 23 bilhões em quatro anos.

Confira pontos da entrevista:

CNN: Como os supercomputadores evoluíram e qual é o papel atual deles no desenvolvimento de Inteligência Artificial?

Henrique Miguel: Nos últimos anos, os supercomputadores, que antes eram usados principalmente para pesquisas científicas, passaram a ter um papel ainda mais relevante com o avanço da Inteligência Artificial.

Antigamente, esses equipamentos eram utilizados para processar grandes volumes de dados científicos. Com a evolução da IA, incorporamos unidades de processamento gráfico, conhecidas como GPUs, que têm uma capacidade de processamento extremamente avançada, capaz de realizar trilhões de operações por segundo.

Isso tornou os supercomputadores essenciais não apenas para pesquisas científicas avançadas, mas também para o desenvolvimento de linguagens de Inteligência Artificial, como os Large Language Models (LLMs).

CNN: Quais são os desafios e benefícios da atualização dos supercomputadores no Brasil e como isso afetará a pesquisa, a indústria e a população?

Henrique Miguel: No Brasil, enfrentamos a necessidade de atualizar nossos supercomputadores para garantir que possam continuar a apoiar tanto a pesquisa científica quanto as grandes empresas. Um exemplo é a Petrobras, que utiliza supercomputadores para pesquisas na área petrolífera.

Além disso, supercomputadores desempenham um papel vital em áreas como simulação de medicamentos e muitas outras aplicações. São equipamentos caros e complexos, que exigem especialistas para operar.

Atualmente, nosso objetivo é não apenas manter e melhorar os supercomputadores existentes, mas também expandir sua capacidade para que possam atender a uma gama mais ampla de necessidades.

CNN: Qual é o objetivo, custo e cronograma para a aquisição de um novo supercomputador para o equipamento mais avançado no Brasil?

Henrique Miguel: O governo está fazendo investimentos significativos na atualização e expansão de supercomputadores para atender às demandas de pesquisa e desenvolvimento.

Um exemplo é o supercomputador que será instalado no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), localizado em Petrópolis. Atualmente, o LNCC possui um supercomputador que está fora do ranking dos 200 maiores do mundo.

O objetivo é adquirir um supercomputador que estará entre os cinco mais poderosos do mundo. O custo estimado para esse novo supercomputador é de cerca de 300 milhões de dólares. O processo de aquisição e instalação levará tempo, com a previsão de que o equipamento comece a operar em 2026.

Esse supercomputador permitirá avanços significativos em várias áreas, incluindo previsão climática, simulação de vacinas e pesquisa científica avançada.

CNN: O novo supercomputador beneficiará áreas como previsão climática e simulação de vacinas, além de ser integrado à rede nacional de supercomputação?

Henrique Miguel: Sim. Um supercomputador pode realizar previsões climáticas com maior precisão e em menor tempo. Ele pode também ser utilizado para a simulação de vacinas, o que anteriormente poderia levar meses ou até anos para ser realizado com equipamentos comuns.

Além disso, o novo supercomputador permitirá melhorias na área de saúde, previsão meteorológica e análise de dados ambientais e geológicos. O investimento está previsto para ser realizado em parceria com a Petrobras e a FAPESP, com os primeiros upgrades esperados para o final deste ano.

O equipamento atual do LNCC está passando por uma atualização, e a aquisição do novo supercomputador está planejada para começar em 2026. Ele será integrado a uma rede nacional de supercomputação, que inclui centros em São Paulo e expandirá para outras regiões do Brasil, como o Nordeste, Centro-Oeste e Sul.

Esses centros interligados permitirão um processamento de dados mais eficiente e uma melhor capacidade de prever desastres naturais e outras situações emergenciais.

CNN: Qual o impacto dessas ações e quanto ao plano de I.A do governo, lançado recentemente, para as pessoas, empresas e governo?

Henrique Miguel: Acredito hoje que o cidadão utilizando a ferramenta de IA, seja disponível no celular ou no computador, tem realmente um acesso e uma perspectiva de acessar e interagir com informações que a gente não tinha. Isso antes era acessível apenas para especialistas em Tecnologia da Informação. Essa é a primeira grande revolução.

Só que essa revolução da inteligência artificial entrou nas casas das pessoas, saindo dos centros de estudos de ciência da computação e redes neurais. Começaram a surgir questões que preocupam, como a substituição de postos de trabalho e a dependência das ferramentas de IA, que nem sempre revelam o que está por trás delas durante o treinamento.

CNN: Nesse sentido, como evitar efeitos negativos na vida das pessoas?

Henrique Miguel: Há vários aspectos relacionados à normatização e regulação que estão sendo discutidos no Congresso, que nos parece ser o fórum adequado. O regulamento será evolutivo, assim como a IA. A União Europeia fez seu regulamento antes do ChatGPT, e ele já não valia mais depois que a ferramenta foi lançada. Por isso, essa discussão é muito aberta e as preocupações continuam.

A regulação não deve impedir o uso da IA, mas sim estimular o desenvolvimento, tomando determinadas precauções. É necessário endereçar questões mais sensíveis de cada ambiente, o que o marco regulatório deve procurar identificar e tratar.

CNN: Como o senhor vê o impacto da IA na formação e empregabilidade no país?

Henrique Miguel: Se não usarmos as ferramentas de IA da melhor forma possível, nosso emprego e capacitação serão ameaçados. Precisamos ensinar e requalificar rapidamente para formar melhores profissionais. A formação e requalificação devem ser amplas e contínuas, porque a IA está evoluindo rapidamente, e o que aprendemos hoje pode não ser válido amanhã.

CNN: Qual o plano do governo para avançar com essa capacitação?

Henrique Miguel: O plano nacional de I.A prevê a inclusão da I.A já na alfabetização. Precisamos treinar as crianças desde cedo com habilidades em I.A, pois isso pode ser feito de maneira mais fácil e interessante, envolvendo ciência, racionalidade e humanidade.

Esse esforço de formação vai desde os primeiros anos até os mestres e doutores, que também terão que se requalificar. Além disso, o plano inclui a formação e capacitação de recursos humanos, com parcerias entre empresas e instituições como Senai, Sesc, Sesi e Sebrae.

As empresas estão buscando essas parcerias para enfrentar as dificuldades relacionadas à adoção da IA e garantir o uso mais eficiente das ferramentas.

CNN: Quais os benefícios da integração de dados, impacto social e desburocratização dos serviços por meio da I.A?

Henrique Miguel: A inteligência artificial pode beneficiar o país de várias maneiras, como na integração de bases de dados públicas, que permitirá oferecer serviços de forma mais rápida e eficiente. Essa integração será crucial para melhorar serviços públicos, como saúde, previdência e educação.

O Ministério da Saúde está implementando sistemas de inteligência artificial para automatizar transcrições de teleconsultas e aprimorar diagnósticos médicos. Essas aplicações práticas de IA já estão sendo testadas em hospitais, e a expectativa é reduzir significativamente o tempo de diagnóstico, melhorando o atendimento ao paciente.

A desburocratização é uma das metas do plano, e a inteligência artificial terá um papel fundamental nisso, reduzindo o tempo e os custos para o governo e para os cidadãos. Projetos como a automatização de diagnósticos médicos e a transcrição de teleconsultas são exemplos de como a IA pode melhorar a eficiência dos serviços públicos.