Superbactérias que até agora só eram encontradas em ambiente hospitalar foram detectadas em pessoas de Ribeirão Preto (SP) que não estavam internadas. A descoberta foi feita por acaso, durante a realização de outro estudo. O professor de Microbiologia da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp) André Pitondo da Silva coordena um projeto para comparar o perfil molecular da bactéria Klebsiella pneumoniae em cinco regiões brasileiras e países dos cinco continentes.
Das 48 amostras que se tornaram objeto da nova pesquisa, financiada pela Fapesp e publicada no “Journal of Global Antimicrobial Resistance”, 29 eram multirresistentes a vários antibióticos. A descoberta acende um sinal de alerta para a comunidade científica e médicos. Até hoje, a Klebsiella pneumoniae — que é responsável por grande número de infecções hospitalares e uma das que têm desenvolvido maior resistência aos antibióticos — só tinha sido encontrada dentro de hospitais. Ela produz a enzima KPC,que consegue degradar os antibióticos.
— A princípio, tivemos surpresa. São bactérias encontradas geralmente em pacientes internados em hospitais, tomando mais antibióticos, tratando doenças. Achamos vários genes de resistência, associados ao que chamam de superbactérias — explica o professor André Pitondo da Silva.