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Jornal Terra Forte

Super Exército Aliado Para Controle Biológico De Carrapatos (1 notícias)

Publicado em 07 de janeiro de 2021

Pesquisadores Descobrem ‘Super Exército Aliado’ Para Controle Biológico De Carrapatos

Um grupos de pesquisadores está propondo uma solução inovadora para controlar carrapato na pecuária – estimativas apontam que o parasita é responsável por causar prejuízos na ordem de US$ 3,2 bi ao setor todos os anos. Trata-se do primeiro produto para o controle biológico dos ectoparasitas, um verdadeiro “exército aliado” formado por duas espécies de fungos e que são inimigos naturais destes artrópodes.

Nesta quarta, 04, um dos profissionais responsáveis pela inovação, o biólogo Lucas Von Zuben, mestre e doutor em ecologia química, falou sobre a tecnologia ao Giro do Boi. O projeto começou ainda em 2015, a partir de um financiamento da Fapesp, a Fundação de Amparo à pesquisa do estado de São Paulo, e atualmente está sendo desenvolvido pela Decoy Smart Control, uma startup de biotecnologia que tem como proposta promover o controle biológico de pragas para diminuir sua influência negativa na produtividade e na qualidade dos alimentos.

“A gente usou a lógica, foi na base da biologia, estudar a natureza. Todo mundo sabe, e o produtor rural melhor do que ninguém, que a natureza é sábia. A natureza é sábia e poderosa. Ela se protege. Então a gente foi atrás de estudar a natureza, conhecer o carrapato, entender o ciclo de vida dele, entender os problemas que ele enfrenta e a gente achou o inimigo natural do carrapato, que é um fungo. Ou seja, ele já está no ambiente, já está por aí, ele infecta o carrapato, e quando ele infecta o carrapato, ele mata. Quando ele entra dentro do carrapato, ela solta umas enzimas que vão digerir o carrapato por dentro e aí ele mata o carrapato. Se as condições ambientais forem favoráveis, ele vai se reproduzir, liberando outros esporos que vão infectar outros carrapatos, gerando um efeito em cadeia, que potencializa o controle do carrapato. É um processo que já acontece na natureza, o que a gente faz é levar o poder natureza para o lugar certo na hora certa”, detalhou Von Zuben.

Depois de aplicado, os fungos começam a agir a partir de dois a três dias, sendo que a morte dos carrapatos já é expressiva pela observação a partir de sete dias, conforme mostrou o biólogo em imagens registradas durante a pesquisa.

Von Zuben falou ainda sobre um dos grandes desafios que o produtor tem na luta contra o carrapato, que é controlar a infestação não só nos animais, como também no pasto, onde está 95% da população dos parasitas de uma fazenda. “Só 5% estão no animal, mas estes 5% que dão dor de cabeça e o prejuízo para o produtor. E a fonte do problema está na pastagem. E a nossa ideia é fazer um controle estratégico, que você consiga, de fato, reduzir a população desta praga. Então a gente tem um produto que é aplicado no animal e um produto que é aplicado na pastagem e a gente propõe um tratamento que é combinado entre os dois […], de maneira que você consiga reduzir a população total desta praga na propriedade”, explicou

Para esclarecer como funciona, na prática, a ação dos produtos, o biólogo fez uma comparação ilustrativa. “Imagine que o carrapato é um exército inimigo, e é um exército de milhares. O que a gente faz levando o fungo para o campo é que a gente leva um ‘exército aliado’. E o exército aliado de fungos é um exército de bilhões. Cada frasco do Biovalente, que é para aplicar no animal, ou do Biopasto, que é para aplicar na pastagem, tem mais de 6 bilhões de esporos do fungo, que são inimigos naturais do carrapato, e cada esporo é suficiente para matar um carrapato”, relatou.

Segundo o pesquisador, os produtos seguem um protocolo de aplicação para garantir sua eficácia máxima, dentro de um período que varia conforme o grau de infestação. “A gente tem um protocolo padrão, que é uma pulverização a cada 21 dias. É um tratamento de longo prazo que a gente propõe. Mas este intervalo pode ser tanto aumentado como reduzido, dependendo da infestação. E como ele não faz mal, não tem problema, você pode aplicar toda semana”, assegurou.

Uma das vantagens da tecnologia é que o produto não deixa resíduos na carne ou no leite, ou seja, não precisa de um prazo de carência. Também não é tóxico nem para os humanos, nem para os animais, sejam bovinos, equinos, caninos, ovinos, etc., o que tira a preocupação com abortos das vacas ou mortes de bezerros e animais debilitados. Segundo Von Zuben, também pode ser aplicado junto a outros produtos convencionais e, como se trata de um inimigo natural dos ectoparasitas, não tem problemas com resistência ao seu método de controle. “Completamente seguro para o animal, completamente seguro para quem aplica, completamente seguro para quem consome, completamente seguro para o meio ambiente. É o que a gente diz. É um controle seguro com o poder da natureza”, frisou o empreendedor.

Enquanto ainda aguarda a aprovação do documentos junto ao Mapa – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – para iniciar sua comercialização, os produtos estão sendo testados em propriedades que se dispõem a contribuir com a coleta de dados sobre o produto. Os pecuaristas interessados podem entrar em contato com a companhia por meio do telefone (88) 992300751ou e-mail agrovittairece@gmail.com Mais detalhes estão disponíveis por nossos contatos

[…] Porque a gente não pode ficar dentro do laboratório esperando a coisa acontecer, e é o que a gente fez desde o começo do desenvolvimento deste produto. A gente tem que estar em contato com o produtor rural, em contato com quem sofre o problema, e ele passando informação para a gente sobre a tecnologia”, respaldou.

Segundo Von Zuben, o custo médio do tratamento gira em torno de R$ 0,15 por cabeça ao Dia.