Notícia

Gazeta Mercantil

Sul terá centro de pesquisa tecnológica

Publicado em 01 agosto 1995

Por Sérgio Bueno - de Porto Alegre
O termo de cooperação para a implantação da Tecnópole de Porto Alegre assinado ontem pela prefeitura, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Federação das Indústrias do Estado (FIERGS) e Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE/RS) estabeleceu o pacto formal pela transformação da capital gaúcha em um grande centro produtor e difusor de novas tecnologias. O projeto prevê a intensa articulação entre poder público, universidades, instituições de pesquisas e iniciativa privada para promover o desenvolvimento de tecnologias de ponta e sua aplicação no setor produtivo da economia. Em 1996, as ações para a implementação da Tecnópole deverão receber aportes, somente do setor público, em torno de US$ 9 milhões. Desse montante, US$ 1 milhão virá do governo do estado, que ontem aderiu formalmente ao projeto, e US$ 8 milhões da prefeitura, investidos principalmente na dinamização do Trade Point, nas obras do porto seco e na segunda fase do Parque Industrial da Restinga (PIR). "A prefeitura dá o espaço e, em conjunto com os parceiros, selecionará as empresas de tecnologia de ponta, de áreas como microeletrônica, biogenética, informática e novos materiais, que receberão estímulos para se instalar no PIR", explicou o prefeito Tarso Genro. Esses estímulos, segundo ele, serão definidos pelos signatários da Tecnópole, mas o município irá propor vantagens econômicas, como incentivos fiscais e redução de preço dos terrenos. O prefeito acrescentou que, em contrapartida, as empresas deverão apresentar projetos que resultem também em geração de emprego. "É falsa a visão de que novas tecnologias geram desemprego. Na verdade ela muda o perfil do trabalho", explica. Ele cita, como exemplo, o caso da França, que entre 1992 e 1994 apresentou uma redução de 3% nos postos de trabalho, enquanto no mesmo período, em Grenoble - um dos centros de tecnologia franceses - registrou-se um índice positivo de 2%. Para o reitor da UFRGS, Hélgio Trindade, a assinatura do termo de cooperação foi fruto de uma grande "engenharia política", a partir da qual serão dados "passos concretos" em direção a projetos de ciência, tecnologia e industriais articulados, visando o desenvolvimento regional da cidade e sua inserção no Mercosul. A universidade, por exemplo, cederá espaços no campus em comodato para empresas de base tecnológica até que elas estejam prontas para se lançar ao mercado. "Outra forma de ação é criar zonas de alta tecnologia em alguns campos a serem definidos pelos parceiros da Tecnópole", adianta Trindade, citando como setores potenciais para serem estimulados a biotecnologia, novos materiais, informática e petroquímica, "aproveitando-se a tradição e o know-how existentes no estado". O reitor aponta ainda, como alternativa, a atração de novas empresas em áreas inovadoras para que, ao redor delas, estabeleçam-se empreendimentos associados, de menor porte, mas também de atuação em tecnologia de ponta. A partir da assinatura do termo de cooperação, as entidades parceiras comprometem-se a instalar o Conselho de Gestores da Tecnópole de Porto Alegre ainda neste ano e o Conselho Técnico-Consultivo no primeiro semestre de 19%. Ate o final de 1995, além disso, as entidades iniciarão estudos das demandas e ofertas tecnológicas existentes na cidade, programas de qualificação dos gestores, a criação do Programa Tecnopolitano de Comunicação e Informação - via bancos de dados compartilhados -, o estabelecimento de redes de incubadoras de empresas, o projeto de qualificação e gestão da inovação tecnológica nas empresas e formalização do estatuto jurídico da tecnópole. No próximo ano serão firmados convênios entre as universidades locais e francesas para a transferência de tecnologia e começará a ser estruturado um sistema de atração de empreendimentos tecnológicos para instalação em Porto Alegre. O projeto da Tecnópole da capital gaúcha vem sendo articulado desde 1993. No ano passado, um convênio firmado entre a UFRGS e a prefeitura abriu espaço para a adesão de novas instituições e também para o apoio do governo francês, através do Programa Franco-Brasileiro de Cooperação em Tecnópoles, depois que técnicos daquele país constataram que a cidade reúne condições e iniciativas - como a Incubadora Empresarial Tecnológica, o Trade Point e um parque industrial destinado a empresas inovadoras - para sediar um empreendimento desse tipo. No início de 1995, uma delegação de representantes das instituições parceiras esteve na França para conhecer os pólos tecnológicos de Grenoble, Montpellier e Toulouse.