O Sudeste abriga 46,3% de todos os médicos do país, com densidade de 3,49 médicos por mil habitantes - a maior entre as grandes regiões do Brasil. Além de liderar em volume, também concentra o maior número de escolas médicas, programas de residência e vagas de especialização. A capital paulista, sozinha, possui mais médicos que muitos estados inteiros. Os dados fazem parte da Demografia Médica no Brasil 2025, divulgada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em 30 de abril.
"O Sudeste concentra quase metade dos médicos do Brasil, porém, apesar da robusta infraestrutura de formação e assistência, a região convive com grandes desigualdades entre capitais e interior. Municípios de médio e pequeno porte em estados como Minas Gerais e Espírito Santo continuam enfrentando escassez de especialistas e dificuldade para fixar médicos, mesmo com a formação local crescendo. A disparidade no acesso à assistência especializada é um dos maiores desafios enfrentados por gestores públicos na região", alerta o Prof. Dr. Mário Scheffer, coordenador do estudo.
A região também lidera a abertura de novas vagas em Medicina no país: foram mais de 12 mil entre 2014 e 2024, o que corresponde a 43% do total nacional no período. Esse crescimento foi fortemente impulsionado por instituições privadas, com destaque para os estados de São Paulo e Minas Gerais. Apesar de contribuir para a ampliação da força de trabalho médica, o aumento acelerado levanta preocupações quanto à saturação de cursos em determinadas localidades e à qualidade da formação oferecida, principalmente em escolas sem vínculo direto com a rede pública de saúde.
O Sudeste também concentra 54,3% de todos os médicos residentes do país, e abriga 9 das 10 instituições com maior número de residentes, incluindo centros de excelência como HCFMUSP, UNIFESP e USP Ribeirão Preto. Essa concentração favorece a formação de especialistas na região, mas reforça o desequilíbrio na distribuição da qualificação médica em âmbito nacional.
Além disso, os estados se destacam na formação de médicos com múltiplas especialidades: mais de 30% dos especialistas da região possuem título em mais de uma área, o que amplia sua atuação, mas também aumenta a concentração de conhecimento e competências em áreas urbanas mais desenvolvidas.
Sobre o Estudo da Demografia Médica no Brasil
A pesquisa Demografia Médica no Brasil é conduzida há 15 anos pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). A edição de 2025 foi lançada no dia 30 de abril e é a primeira realizada com o Ministério da Saúde. Os dados utilizados têm como base registros da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM/MEC) e das sociedades de especialidades vinculadas à AMB.
A DMB 2025 reúne 10 estudos desenvolvidos por um grupo de 22 pesquisadores e colaboradores da FMUSP. O trabalho é fruto de uma colaboração técnica e científica entre a Universidade de São Paulo, o Ministério da Saúde, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a Associação Médica Brasileira (AMB), o Ministério da Educação (MEC) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Sobre a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) é reconhecida globalmente por sua excelência acadêmica e inovação em ensino e pesquisa médica. Fundada em 1912, oferece cursos de graduação em Medicina, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional e Física Médica.
Com mais de 1.400 alunos na graduação e mais de 1.800 na pós-graduação, a FMUSP é um centro de pesquisa com mais de 60 laboratórios e 230 grupos de pesquisa. Além disso, mantém parcerias com instituições de saúde renomadas, como o Hospital das Clínicas, e dedica-se à educação continuada e ao atendimento de qualidade à comunidade