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Stephen Hawking inspira nome de nova espécie de planta carnívora descoberta no Brasil (16 notícias)

Publicado em 28 de janeiro de 2020

Por Gabriela Brumatti, Terra da Gente

Encontrados na Serra da Canastra (MG), novos exemplares se diferem pelas flores e pelo DNA.

Mais de 25 pesquisadores, alunos e professores de diversas instituições do Brasil e do mundo se uniram, há quase 20 anos, por um propósito: serem “caçadores” de plantas carnívoras. A mais recente conquista da equipe é uma nova espécie, descoberta na Serra da Canastra, região de Delfinópolis (MG). Chamada de Genlisea hawkingii, a planta tornou-se uma homenagem dos estudiosos ao físico inglês Stephen Hawking (1942–2018).

O professor do Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Jaboticabal, Vitor Miranda, explica que a região onde a nova planta foi encontrada é muito pressionada pela agricultura, pecuária e mineração. “E, por enquanto, só encontramos essa espécie neste local. Para a ciência, se essa população acabar, ela foi completamente extinta”.

O achado, em si, foi feito há quase dois anos numa região próxima ao Parque Nacional da Serra da Canastra, mas apenas agora, depois de diversas análises, a proposta científica foi aceita e a planta foi nomeada. “O principal motivo da escolha do nome foi, além de ser um cientista brilhante, Stephen Hawking ser um personagem extremamente importante para a divulgação da ciência. Além disso, o Prof. Bartosz Jan Plachno, da Universidade Jaguelônica da Polônia, também é um grande colaborador deste trabalho e achamos que seria interessante fazer essa homenagem, por ele ser europeu”.

O pesquisador ainda esclarece que, para definir uma planta como nova espécie, ela precisa apresentar particularidades nas flores, nas cores ou ainda no DNA. “No caso da Genlisea hawkingii, o formato da flor dela tem diferenças em relação ao que já conhecíamos, o cálcar da espécie (um apêndice da flor que armazena néctar para a polinização) é curvo e há distintos tipos de pelos sobre as folhas e flores, além das diferenças no DNA quando comparado ao de outras plantas carnívoras”.

A pesquisa, realizada pelo grupo com o apoio da FAPESP, consiste no estudo, tanto no laboratório quanto em campo, da reprodução, genética e polinização de plantas carnívoras já conhecidas e na busca de novas espécies. De forma a tentar auxiliar na vida de seres tão particulares, os pesquisadores, a cada expedição, conversam também com os donos das propriedades e tentam mostrar a importância da diversidade e a possibilidade do ecoturismo.

Trabalhando com esse grupo de planta como modelo de estudos os especialistas esperam, ainda, fazer descobertas que se apliquem a todos os seres vivos. “Muita gente pensa: que diferença vai fazer uma espécie nova? O curioso é saber que desde quando Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil e começou a descrever o que havia aqui, ainda não conseguimos conhecer tudo. E há sinais de que estamos destruindo numa velocidade muito maior do que vamos conseguir descobrir”, explica o professor garantindo que cientistas brasileiros também serão homenageados em futuras plantas carnívoras encontradas.