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Startup de R$ 30 milhões do Pará, ByMyCell quer descobrir bioinsumos "escondidos" (12 notícias)

Publicado em 17 de novembro de 2023

Empresa, que oferece serviços de mapeamento de solo com relatórios mais detalhados, faz captação para ampliar gama de microbiológicos que podem ser utilizados pela indústria

Um biólogo formado na Universidade Federal do Pará, que ficou alguns anos realizando pós-graduação na Espanha, e que deixou uma carreira como professor na Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto para empreender.

Uma startup fundada em 2022 para agilizar a análise de solo, e que neste ano, começou a investir na busca de microbiológicos que possam ser utilizados pela indústria de insumos biológicos.

Esse é um resumo das histórias de Rafael Silva Rocha e da ByMyCell, fundada e dirigida por ele.

Enquanto estava no mundo acadêmico, Rocha prestava consultoria para empresas e produtores rurais. Até que percebeu uma demanda crescente. “Havia muitas empresas que realizavam análise de solo, mas sem tratar os dados. Assim, o resultado final demorava para chegar”, explica Rocha.

Por isso, ele resolveu montar uma empresa que analisa o genoma dos solos, mas, ao apresentar os resultados, leva ao produtor um relatório mais “mastigado”, com os dados já tratados e simplifcados.

“No modelo tradicional, a análise demora, em média, cerca de dois anos para ficar totalmente pronta. Nós diminuímos esse tempo para até três meses”, conta o fundador da ByMyCell.

Em fase de desenvolvimento e investimentos, Rocha quer ampliar a área de atuação da ByMyCell. Uma das ideias é aproveitar as amostras para estudar com mais profundidade os microorganismos presentes solo e desvendar novas matérias primas para insumos biológicos.

“Hoje, temos vários produtos biológicos, mas com poucos microrganismos, são 30 ou 40. E nós criamos uma plataforma que vai permitir aumentar esse número de microbiológicos”.

Rocha explica que o modelo da ByMyCell utiliza um algoritmo genético para analisar os dados sobre os microrganismos encontrados no solo, o que barateia e acelera o processo de testes, pulando algumas etapas que seriam realizadas em laboratório. “O algoritmo determina a probabilidade de uso daquele microrganismo em um insumo”.

A partir daí, a ideia não é tornar a ByMyCell uma fabricante de biológicos. “O que queremos é licenciar os novos microorganismos para empresas que já fabricam insumos, e ganhar com a porcentagem sobre a venda”.

Tudo isso será possível por conta dos aportes que a ByMyCell já recebeu e ainda vai receber. A startup já conseguiu R$ 1,1 milhão com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estados de São Paulo (Fapesp), entidade que não exige devolução do dinheiro ou participação na empresa. Os recursos são utilizados para desenvolver tecnologia e novos produtos.

E neste momento, a empresa realiza uma rodada de captação no mercado, com a qual deve levantar R$ 2,5 milhões.

Rocha afirma que este montante corresponde a cerca de 10% do valor de mercado da ByMyCell, ou até menos. “Hoje, o valor da empresa está calculado em um intervalo entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões”.

Em seu primeiro ano de atuação, a startup fechou com um faturamento de R$ 700 mil, já evitando prejuízo. Neste ano, as receitas devem passar R$ 1 milhão. “Nós queimamos um pouco de caixa no início de 2023, mas agora na parte final, estamos voltando ao breakeven”, diz o fundador.

Com os recursos recebidos, Rocha projeta que a ByMyCell passe de um banco de dados que equivale a cerca de 20 mil hectares para ultrapassar os 100 mil hectares.

“Depois do aporte que estamos fechando, vamos montar uma equipe comercial, e a perspectiva é de impulsionar o faturamento em três vezes em relação ao patamar atual”, afirma Rocha.

Nesta conta, ainda não está os possíveis ganhos com o licenciamento de microrganismos para insumos biológicos, já que este segmento ainda está em fase de testes dentro da ByMyCell.