Já pensou que algum dia seria possível utilizar impressão 3D na medicina regenerativa? A In Situ Terapia Celular não só acreditou nessa ideia como está desenvolvendo biocurativos com células-tronco, produzidos a partir de uma bioimpressora 3D, para tratar feridas crônicas e queimaduras graves. Com a pandemia do novo coronavírus, a startup desacelerou suas atividades e se tornou um importante centro de testagens em Ribeirão Preto. Essa é mais uma das empresas participantes da fase de aceleração e contempladas com o prêmio do Programa Mulheres Inovadoras , da Finep.
O objetivo da utilização dessa técnica é melhorar a qualidade de vida de pacientes refratários às terapias convencionais. Diferente de um medicamento, a célula – presente no biocurativo - percebe o ambiente da lesão e age de acordo com o que o corpo estiver precisando. Isso confere ao produto uma capacidade terapêutica muito mais eficiente do que as opções disponíveis hoje no mercado, sendo considerado um tratamento inteligente. Com sua utilização, a tendência é que as feridas cicatrizem de forma mais eficiente, diminuindo complicações e reduzindo custos tanto para o paciente quanto para o sistema de saúde como um todo.
Para a obtenção dos curativos, a empresa utiliza a tecnologia de uma bioimpressora 3D fabricada por outra startup brasileira. Com produção 100% nacional, os biocurativos da In Situ estão sendo desenvolvidos em caráter experimental, apresentando resultados in vitro bastante promissores. No momento, a empresa aguarda a aprovação da Anvisa para dar início aos ensaios clínicos.
A startup nasceu a partir dos estudos de Carolina Caliari, bióloga, mestre e doutora na área Imunologia. Apesar de inicialmente planejar seguir a carreira acadêmica, a bióloga encontrou em um auxílio do programa PIPE-Fapesp a chance que precisava para fazer o projeto sair das portas da universidade e virar um produto para quem realmente precisa. “O Brasil é muito rico em ciência, mas falta essa ponte: o que é produzido na universidade chegar às pessoas que precisam daquilo. É isso que estamos buscando realizar”, pontuou Carolina.
Com a pandemia da Covid-19, o início dos ensaios clínicos programados pela empresa teve que esperar. Entretanto, para não ficarem parados, se envolveram em uma iniciativa do Supera Parque, em Ribeirão Preto, onde, em união com outras startups, disponibilizaram seu laboratório, equipamentos e know-how para fazer testagens do novo coronavírus no município. Com isso, se tornaram centro oficial de testagem da prefeitura. Até o momento, realizaram mais de 35 mil testes, contribuindo para que Ribeirão Preto se tornasse uma das cidades mais testadas do Brasil. “Apesar de não ser o nosso foco, voltamos para a bancada do laboratório, colocamos o jaleco de cientista e ajudamos com ciência e tecnologia”, relatou a bióloga.
A CEO da In Situ também pontuou que o prêmio de R$ 100 mil foi crucial nesse contexto de pandemia: “nosso trabalho atrasou um pouco e nós não sabemos como será o ano que vem. O prêmio facilitou no sentido de nos possibilitar a realização do nosso trabalho de maneira mais calma e acertiva”. Carolina destacou a importância do Programa Mulheres Inovadoras e afirmou que a participação da empresa foi fundamental para mostrar que as mulheres são capazes não apenas de desenvolver ciência como também de empreender e inovar.
Mulheres Inovadoras
O programa busca estimular startups lideradas por mulheres através da capacitação e do reconhecimento de empreendimentos inovadores e de base tecnológica. O objetivo do Mulheres Inovadoras é contribuir para alavancar a participação feminina no empreendedorismo e aumentar sua representatividade no cenário nacional, favorecendo o crescimento da competitividade brasileira.
A iniciativa nasceu a partir do Acordo de Cooperação Técnica firmado entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), a Finep e a Prefeitura do município de São Paulo; e conta com o apoio da RME – Rede Mulher Empreendedora, Adesampa e Founder Institute.