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Startup brasileira fabrica ventiladores pulmonares de baixo custo (23 notícias)

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Equipamentos chegarão ao mercado custando até 25% mais barato que os outros modelos

No objetivo de oferecer opções mais acessíveis, a Setup Automação e Controle de processos, de Campinas, produziu dois protótipos de ventiladores pulmonares com custo reduzido, em comparação com outros modelos encontrados no mercado. O projeto está em desenvolvimento por meio do apoio do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).

A empresa foi uma das selecionadas no edital da PIPE – FAPESP, em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em março do ano passado, que apoia a concepção de produtos, serviços ou processos criados por startups e pequenas empresas de base tecnológica no Estado de São Paulo, voltados ao combate do novo coronavírus

“Conseguimos desenvolver os dois protótipos e, agora, estamos em negociação com duas empresas para colocá-los no mercado. A expectativa é que o acordo com uma delas seja fechado nas próximas semanas”, afirma William Robert Heinrich, um dos sócios da Setup Automação.

Heinrich explicou que a ideia é que os ventiladores sejam comercializados com custo até 25% mais baixo do que os disponíveis atualmente no país. A redução do valor foi possível com diminuição do uso de componentes importados. “Cerca de 70% dos componentes que estamos usando nesses ventiladores são nacionais”, afirma.

Um dos protótipos foi feito para ser utilizado em emergência. Já o outro, com um porte mais robusto e com outras funcionalidades, deverá ser usado em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Ambos fabricados em uma mesma plataforma de produção criada por engenheiros da startup.

Funcionamento

A conexão do paciente com um ventilador pulmonar é feita por meio de uma mangueira flexível, chamada de “traqueia”. Quando a parada cardíaca ocorre, o paciente permanece com o tubo endotraqueal, mas a conexão desse componente com a “traqueia” precisa ser removida. Isso porque, para fazer massagem cardíaca, um intensivista precisa conectar uma bolsa autoinflável (Ambu bag) ao tubo endotraqueal para fornecer ventilação ao paciente de modo empírico, sincronizado e intercalado com a massagem cardíaca, feita por outro profissional de saúde, explica Heinrich. “Isso gera perda de tempo, um fator crítico em momentos como esses”, avalia.

A fim de solucionar esse problema, os engenheiros da empresa desenvolveram e inseriram um botão de emergência nos ventiladores desenvolvidos. Ao ser acionado, rapidamente, o equipamento entra em um modo específico de ventilação.

“O botão de emergência elimina a necessidade de retirada da conexão do tubo endotraqueal para colocação da bolsa autoinflável para fornecer ventilação e de dois profissionais intensivistas para o atendimento de um paciente intubado e com parada cardíaca”, afirma Heinrich.

Mercado

Heinrich pontuou que o Brasil investe pouco em ventiladores e que a grande maioria das máquinas já está praticamente obsoleta, mesmo fora do contexto da pandemia. “Estudos de mercado apontam que o último grande investimento do país em ventiladores ocorreu em 2010, quando foram investidos por volta de US$ 68 milhões na compra de 65.411 equipamentos. Outros 15.235 foram comprados em 2020”, aponta.

O Brasil tem hoje, aproximadamente, 80 mil equipamentos que auxiliam a respiração de doentes em situação mais grave. Cerca de 80% desse total têm dez anos de uso, indicam dados levantados pela empresa.