Tecnologia será apresentada na VivaTech, em Paris, e pode revolucionar emergências médicas
Inovação brasileira pode transformar o diagnóstico de infarto
Um novo sistema de diagnóstico criado pela startup Cor.Sync, fundada pelo engenheiro Raul de Macedo Queixada, promete detectar infartos em apenas 8 minutos, com a mesma precisão de exames laboratoriais tradicionais, que podem demorar até cinco horas para apresentar resultados.
O projeto nasceu a partir da experiência pessoal de Queixada, que, aos 25 anos, passou oito horas no hospital até receber alta após uma suspeita de infarto. O caso revelou uma fragilidade crítica no sistema de triagem hospitalar para emergências cardiovasculares.
Com apoio do programa PIPE-FAPESP, a solução será apresentada no VivaTech 2025, em Paris, uma das maiores feiras de tecnologia e inovação da Europa.
Teste rápido e preciso no local do atendimento
A grande inovação da Cor.Sync está no uso de ressonância plasmônica de superfície, método que substitui técnicas laboratoriais tradicionais como a quimioluminescência ou o ELISA. O sistema foi desenvolvido como um teste “point of care”, ou seja, feito diretamente no local do atendimento, sem necessidade de envio ao laboratório.“Criamos o primeiro teste rápido com precisão diagnóstica real para infarto”, afirma Queixada.
O sistema tem coeficiente de erro semelhante aos exames de laboratório (cerca de 6%) e é capaz de identificar troponina cardíaca, principal biomarcador de infarto, de forma rápida e eficaz.
Plataforma inteligente com apoio clínico
A solução da Cor.Sync é composta por um dispositivo físico e um software inteligente, que analisa dados clínicos do paciente e simula a avaliação de um cardiologista experiente. Isso é crucial em locais onde não há especialistas disponíveis 24h por dia.
A tecnologia leva em consideração diferenças clínicas entre homens e mulheres, como variações nos níveis de troponina e nos sintomas relatados, reduzindo falhas nos diagnósticos.
Impacto no SUS e potencial de internacionalização
Segundo Queixada, 62% das mortes por infarto no Brasil ocorrem dentro dos hospitais, muitas vezes por demora no diagnóstico. A tecnologia pode salvar vidas e gerar economia significativa para o sistema de saúde, evitando casos de insuficiência cardíaca e reinternações.
A startup já foi reconhecida em feiras na Espanha e no Reino Unido e aposta na internacionalização da empresa com a presença na VivaTech. A expectativa é iniciar estudos clínicos ainda este ano e lançar comercialmente o produto em 2026, após aprovação da Anvisa. “O nome ‘Cor.Sync’ representa exatamente isso: sincronia com o tempo que o coração precisa para ser salvo”, resume Queixada.