De olho nas necessidades do setor médico durante a pandemia do novo coronavírus, a startup paulista Nanox encontrou um jeito de contribuir com inovação. Em parceria com a indústria de plásticos Elka, a empresa de nanotecnologia desenvolveu e está produzindo uma máscara reutilizável, podendo ser lavada com sabão, e com proteção antibacteriana.
Feita com um material semelhante a uma borracha, de polímero flexível, a máscara é moldável aos contornos do rosto da pessoa. Além disso, é feita com micropartículas à base de sílica e prata incorporadas à superfície do material e conta com dois filtros reutilizáveis, similares ao das máscaras usadas pelos profissionais de saúde, nas laterais do rosto.
“Emitiram uma nota técnica, nos Estados Unidos, pedindo para que pessoas com impressoras 3D fabricassem máscaras com uma base de prata, igual a Nanox faz”, conta Gustavo Pagotto, CEO da Nanox. “Aí a gente acabou se unindo com a Elka, fabricante que tem uma linha grande de brinquedos, e começamos a produzir as máscaras em conjunto”.
Alcance
Inicialmente, a nova máscara da Nanox, que está sendo fabricada pela Elka, é distribuída apenas para médicos — afinal, foi considerada um EPI (equipamento de proteção individual). No entanto, a Nanox e a Elka possuem planos de, se for necessário, expandir o alcance da nova máscara e colocá-la à disposição junto à população, fora dos hospitais.
“É a primeira máscara do mundo reutilizável, lavável, e com filtros de fungos e bactérias”, conta Pagotto. “Com isso, você reduz o potencial de outras comorbidades. É só lavar com um detergente neutro. Depois, é só trocar os filtros descartáveis. Os hospitais passam a ter uma economia enorme, já que as máscaras convencionais precisam ser trocadas sempre”.
A ideia inicial é de produzir 200 mil máscaras, cujo custo unitário é estimado entre R$ 20 e R$ 30. As primeiras unidades estão previstas para serem entregues no início de maio.
“O desenvolvimento foi muito rápido. A gente tava preparado, tínhamos uma experiência no desenvolvimento de produtos. Facilitou para trabalharmos juntos”, conta Gustavo. “Alinhamos a parte técnica, produção, molde, a parte de site da Elka, já preparamos um e-commerce. Trabalhamos em várias frentes, sempre em conjunto e com inovação”.
Parceria
Fundada em 2006, a Nanox é resultado direto do incentivo à pesquisa nas universidades. Além da formação de Luiz na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), o polímero usado pela Nanox foi desenvolvido em laboratórios da universidade. “Desenvolvemos plataformas de tecnologia bactericida à base de prata em várias aplicações”, conta Gustavo.
Dentre outros clientes, a empresa já fornece material para vários tipos de produtos. Como, por exemplo, cabos de facas para a Tramontina ou até para placas de madeira.
Além disso, a Nanox já recebeu apoio de projetos como Programa Fapesp Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) e venceu o prêmio Finep de Inovação Tecnológica em 2007. Ao ser questionado sobre a importância de incentivos do tipo, Simões é direto: são essenciais para a Nanox e, sem eles, seria difícil desenvolver a nova máscara.
“A importância desses programas é enorme, é fundamental. A Fapesp corre o risco tecnológico pelas empresas. Quando você consegue colocar um produto no mercado, tem uma inovação aberta”, conta Pagotto. “Só assim, com colaboração e inovação, atendemos as necessidades no tempo necessário. Fazer investimento traz retornos tecnológicos”.
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