A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) realiza nos dias 25 e 26 de abril na sua sede o primeiro de uma série de oito workshops programados para este ano que vão resultar na criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento de biocombustíveis para aviação comercial envolvendo a instituição, a Boeing e a Embraer.
O estudo que começa em abril tem o tempo de duração de 9 a 12 meses. No período serão avaliados os principais desafios sociais, econômicos e científicos. Os participantes da cadeia produtiva terão acesso aos dados analisados.
"Estamos terminando a etapa de planejamento do projeto, decidindo questões metodológicas, orçamentárias e contratuais", diz o coordenador-adjunto de Programas Especiais da Fapesp, Luís Augusto Barbosa Cortez.
Segundo Cortez, os maiores desafios para o desenvolvimento de um biocombustível para aviação estão ligados à questão da sustentabilidade. "Os maiores problemas estão mais na produção e conversão da biomassa", afirma.
"Será preciso produzir esses biocombustíveis a um custo competitivo e com sustentabilidade socioambiental", explica o dirigente em entrevista à Agência Fapesp. O desafio tecnológico, segundo Cortez, está em desenvolver um biocombustível com as especificações do querosene utilizado atualmente na aviação e que possa substituí-lo, sem a necessidade de realizar modificações nas turbinas.
O acordo entre Fapesp, Boeing e Embraer para a criação de um centro de pesquisa para atuar em pesquisas na fronteira do conhecimento no Estado de São Paulo para o desenvolvimento de biocombustível foi acertado no fim de 2011.
Neste mês foi dada a "largada" para a constituição do centro com a realização de reunião preparatória envolvendo os três parceiros. Ficou estabelecido que um conselho consultivo estratégico, composto por empresas aéreas, produtores e fornecedores de combustível, pesquisadores e representantes do governo, entre outros atores, vai acompanhar o desenvolvimento do projeto.
No momento, a experiência do Brasil no desenvolvimento e uso de biocombustível para aviação agrícola ou para fins automotivos se baseia na adaptação dos motores. Na aviação comercial, será preciso mudar essa lógica: o biocombustível terá de se adaptar ao motor.
"A questão técnica de chegar a um ajuste fino de um biocombustível que possa substituir o querosene na aviação comercial não é tão crítico como os da produção e conversão da biomassa", explica Cortez.
Segundo Cortez, diferentes matérias-primas - além da cana-de-açúcar - e diversas rotas tecnológicas serão estudadas durante o projeto. "Não seremos refém de apenas uma rota tecnológica."