São Paulo/SP - A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo reuniu no Palácio dos Bandeirantes, na tarde do dia 15 de dezembro, com a presença do governador Geraldo Alckmin, lideranças da agricultura e pecuária para reforçar seu compromisso com o setor e convocar os produtores para um 2016 de geração de renda e emprego. O I Encontro das Cadeias Produtivas do Setor Agropecuário Paulista, que reuniu cerca de 900 pessoas, destacou a importância da produção no campo para a economia de São Paulo e do Brasil e contou com as presenças do secretário Arnaldo Jardim; do vice-governador de São Paulo, Márcio França; e do secretário estadual de Logística e Transportes, Duarte Nogueira.
Em um turbulento momento político, social e econômico no País, a agropecuária tem sido raro exemplo de balanço positivo, com indústria e bens e serviços registrando quedas consecutivas. É esta força a aposta de Geraldo Alckmin para gerar postos de trabalho e garantir renda em 2016, classificado pelo governador como “um ano que também não será fácil, mas eu tenho certeza de que poderemos avançar ainda mais e recuperar a estabilidade econômica”.
O otimismo é garantido por dados de exportação que colocam o paulista porto de Santos como líder de embarques, São Paulo como o primeiro na produção de importantes itens como citros e cana e vanguarda na pesquisa para transferir conhecimento ao campo. “Vamos trabalhar ainda mais no ano que se inicia. A agricultura foi quem salvou a lavoura, segurou o emprego e ajudou a economia em 2015”, resumiu Geraldo Alckmin.
Mas o governador ponderou que é preciso um compromisso maior do governo federal com a agropecuária, principalmente para baixar o alto custo de produção do Brasil, inflado por falta de infraestrutura para escoamento da produção, política fiscal equivocada e exorbitante taxa de juros, a segunda maior do mundo. “Só para segurar a curva de crescimento da dívida do governo federal, que hoje está em 65% do Produto Interno Bruto (PIB), e pode chegar a 80%, o superávit primário para o ano que vem teria que ser 5,2%, o que mostra bem a gravidade da situação econômica”, atentou Geraldo Alckmin.
O titular do Executivo paulista apontou também outros desafios a serem vencidos no próximo ano: a manutenção do bom status de sanidade animal e vegetal do Estado, a continuidade do desenvolvimento das pesquisas da Secretaria - que agregam valor à produção e geram renda e emprego no campo - e uma maior abertura do Brasil para o mercado externo. Para o governador, o País tem se isolado cada vez mais ao não firmar novos acordos internacionais.
O otimismo com o setor e a confiança no campo continuam no Governo do Estado também como eixos da Secretaria para 2016, como explicou Arnaldo Jardim, que fez um rápido balanço de sua atuação frente à Pasta desde janeiro deste ano. Além de reforçar o compromisso de fazer uma produção amiga da preservação ambiental e da especial atenção do Estado à agricultura familiar.
Arnaldo Jardim destacou a produtiva interação entre os diversos setores da agropecuária para continuar garantindo saldos positivos aos produtores, uma relação fortificada em ações como as Câmaras Setoriais da Secretaria, que promovem o diálogo entre o Governo e a iniciativa privada - e coroada com a reativação das Comissões Técnicas (leia mais aqui). “Todos esses setores interagem em torno de seus temas específicos e as Comissões Técnicas garantem essa fina sintonia”, disse o secretário.
Esse trabalho poderá contar com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), como garantiu seu presidente, José Goldemberg, destacando no Encontro as oportunidades de cooperação com produtores e “todos os atores da área rural, institutos de pesquisa e universidades”. Goldemberg lembrou que “a Fapesp tem dois programas que interessam diretamente ao setor produtivo, um para pequenas empresas e outro para grandes do setor de sementes. Os senhores são bem-vindos, venham discutir conosco inovações nessa área de desenvolvimento”, convidou.
Falando em nome de seus colegas deputados estaduais presentes à cerimônia, Barros Munhoz, ex-ministro e ex-secretário paulista de Agricultura, ressaltou o “extraordinário secretário de Agricultura que é Arnaldo Jardim” e conclamou todos a trabalhar para não deixar a crise derrubar o agronegócio. “Sob seu comando, governador, sob o comando do Arnaldo Jardim, vamos sustentar o povo, porque a vitória será do trabalho e da honradez”, enalteceu o deputado.
O grande pequeno
Para o Governo do Estado, a via para retomar a estabilidade econômica é o trabalho, principalmente aquele capaz de garantir qualidade de vida, emprego e renda à população. Um caminho apontado e elogiado no I Encontro para essa conquista é a união dos produtores em inciativas como as associações e cooperativas, tema da palestra de Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Agro) e embaixador especial da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) para as cooperativas.
Ao ministrar a palestra “A Virtude e a Atualidade do Associativismo”, o ex-ministro da Agricultura classificou que o cooperativismo é um dos instrumentos que organizam a sociedade e ajudam o País a avançar. “É uma doutrina que corrige o social pelo econômico, uma via intermediária entre o Capitalismo e o Socialismo e vai crescer de maneira extraordinária”, previu.
União importante e produtiva também na opinião de outro palestrante do evento, Marcos Fava Neves, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP). Falando sobre “Conceito de Cadeias Produtivas”, ele chamou atenção para a força que pode emanar quando os agropecuaristas se unem em torno de um objetivo comum, ou seja, a garantia da competitividade que gera seu sustento.
Para o professor da USP, “é importante se unir para criar defesas, gerar valores contra os ataques e mostrar esses ataques e a exclusão que podem existir no mercado”. A sequência correta a seguir na opinião de Marcos é uma maior integração por meio dessas associações e cooperativas e a redução de custos, uma forma de se tornar mais produtivo e competitivo, ganhar mercado e gerar emprego e renda.
Mas todo esse movimento de junção de forças não pode esquecer da questão ambiental, como atentou o palestrante Xico Graziano, professor de pós-graduação da FGV-Agro e ex-ministro da Agricultura. Ao explanar sobre “Agricultura Sustentável”, lembrou que “a questão ambiental na produção é um movimento que se coloca como uma força civilizatória que não tem volta. Por isso, é preciso dominar a sustentabilidade para não ter que engoli-la”. A saída, aposta Xico, é investir em tecnologias viáveis e ambientalmente corretas.
O I Encontro das Cadeias Produtivas do Setor Agropecuário Paulista foi momento também de o Governo firmar mais compromissos com a assinatura de autorização para a Secretaria criar uma linha de crédito, por meio do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap), para diminuir os prejuízos de bananicultores do Vale do Ribeira.
Outras assinaturas firmadas foram a criação da Guia de Trânsito Animal (GTA) eletrônica para caprinos, ovinos e suínos; termo de cooperação técnica para a cultura do bambu; plano de demarcação de parques aquícolas; decreto de reorganização do Conselho Estadual de Defesa da Agricultura Familiar (Cedaf); e protocolo de intenções com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para implantação do Plano de Agricultura de Baixo Carbono.
Fonte: SAA/SP