Com 36 óbitos em 37 dias, São Paulo vive um surto alarmante de dengue, com 53 cidades em situação de emergência e 13 em estágio epidêmico.
por Marina Milani
Publicado em 06/02/2025, às 18h20
O Estado de São Paulo enfrenta um grave surto de dengue, com uma média alarmante de uma morte por dia registrada até o momento em 2025. Dados do Painel de Arboviroses da Secretaria Estadual de Saúde (SES) indicam que, em apenas 37 dias, foram contabilizados 36 óbitos, sendo 14 na região de São José do Rio Preto, além de registros em outras cidades como Araçatuba, Ribeirão Preto e Campinas. Quando considerados os dados do Ministério da Saúde, o número total de mortes sobe para 41.
Com um total de 645 municípios no estado, 53 já decretaram situação de emergência devido ao aumento dos casos de dengue. Dos 17 Departamentos Regionais de Saúde , 13 estão em estágio epidêmico. Tatiana Lang, diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica da SES, alertou sobre a gravidade da situação, afirmando que o estado pode entrar em um cenário epidêmico a qualquer momento. " Estamos atualmente em estado de alerta, mas a evolução dos dados sugere que um estágio epidêmico é iminente ", disse.
A disparidade entre os números apresentados pela SES e pelo Ministério da Saúde se deve ao método diferente de contabilização das mortes. O governo estadual espera a confirmação dos óbitos pelo Instituto Adolfo Lutz antes de registrá-los oficialmente. Atualmente, São Paulo é responsável por quase 79% das mortes por dengue no Brasil neste ano, somando um total de 52 óbitos em todo o país. Além disso, há 256 mortes sob investigação nacional, com 179 ocorrendo no estado paulista. Em relação ao número total de casos, as autoridades estimam que aproximadamente 219 mil pessoas foram diagnosticadas com dengue no Brasil, sendo que 128 mil (58%) estão localizadas em São Paulo.
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Tatiana Lang enfatizou que o atual cenário epidemiológico é incomum quando comparado aos últimos anos. " Este ano estamos enfrentando a circulação dos sorotipos 2 e 3 da dengue, sendo que muitos indivíduos nunca foram expostos ao sorotipo 3 anteriormente. Isso aumenta o risco de agravamento nos casos clínicos entre aqueles que já tiveram infecções pelos sorotipos 1 ou 2 ", explicou Lang, ressaltando que ainda não é possível identificar um padrão nas fatalidades.
Rivaldo Venâncio, secretário-adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde , também expressou preocupações com o aumento significativo dos casos no Sudeste. Segundo ele, as quatro primeiras semanas de 2025 mostraram um crescimento exponencial nos registros: saindo de quase 50 mil casos para praticamente 100 mil no mesmo período.
Em resposta à crise, a Secretaria Estadual de Saúde anunciou a criação do Centro de Operações de Emergências ( COE ) e destinou R$ 228 milhões para eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti. Além disso, foi implementado o Plano de Contingência das Arboviroses Urbanas para os anos de 2025 e 2026, focando no combate à dengue, chikungunya e zika.
No lançamento do COE em janeiro, o secretário Eleuses Paiva previu um " ano difícil " devido ao alto número esperado de casos e manifestou preocupação específica com a circulação do sorotipo 3 da dengue.
Atualmente, as ações estão concentradas na eliminação dos criadouros do mosquito transmissor e na vacinação do grupo prioritário: crianças entre 10 e 14 anos. Embora a vacina esteja disponível em 392 municípios paulistas, a adesão permanece baixa — apenas cerca de 28% da população alvo recebeu a primeira dose e apenas 13% completaram o esquema vacinal. A eficácia da vacinação pode não ser imediata; no entanto, ela se mostra crucial para o controle da doença nos próximos anos. Além disso, o Instituto Butantan aguarda a aprovação pela Anvisa para uma vacina própria contra a dengue.
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