O Centro de Agronegócio da Fundação Getulio Vargas vai realizar diversos seminários de caráter acadêmico para discutir e apontar soluções para os gargalos ao avanço do agronegócio brasileiro. Com essa proposta, o pesquisador e ex–presidente da Embrapa, Silvio Crestana, abre a primeira edição do evento, durante a qual vai discutir o papel da tecnologia e da inovação no agronegócio, a convite do ex–ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Roberto Rodrigues.
O seminário será realizado amanhã (26), das 10 às 13 horas, no auditório da Escola de Economia da FGV, em São Paulo, e terá como debatedor o biólogo Fernando Reinach. O biólogo participou do Projeto Genoma, financiado pela Fapesp e mantém uma coluna de divulgação científica no jornal O Estado de S. Paulo.
O pesquisador Silvio Crestana vai abordar e discutir vários temas, entre eles, retomar a discussão que iniciou em sua gestão na presidência da Embrapa sobre o estabelecimento de parcerias em três frentes: com cientistas, empresários e gestores públicos que, segundo ele, são fundamentais para alavancar o desenvolvimento do país. O papel a ser cumprido por empresas públicas e privadas, modelos de investimentos em ciência e tecnologia por setores públicos e privados também serão discutidos pelo pesquisador, bem como os desafios da nova geopolítica da escassez.
A questão do engessamento da pesquisa, incluindo a própria Embrapa, a burocracia e a legislação inadequada, a redução de recursos para a ciência estão na pauta de discussão. Segundo Crestana, são tópicos que levaram recentemente a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) a assinar manifesto, junto com outras 15 entidades, em defesa da ciência, da tecnologia e da inovação. O documento pede, urgentemente, a revisão do corte no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
O pesquisador vai defender ainda modelos de parcerias baseados na proposta da Associação Fraunhofer, organização alemã de pesquisa que conta com 58 institutos espalhados por toda a Alemanha, sendo que cada um deles têm seu foco em um campo diferente da ciência aplicada. O modelo existe desde 1973 e de acordo com ele, a associação investe um percentual e busca no mercado o restante para completar o orçamento do projeto no qual se está investindo.
Essa é a filosofia da Empresa Brasileira de Pesquisa Industrial (Embrapi). Lei da Inovação, Empresas de Propósito Específico, verticalização da cadeia do agronegócio, economia verde, a questão das novas ciências, como as convergentes – TI, nanotecnologia, biotecnologia e ciências da área cognitiva – e as do sistemas complexos – troca de informações sinérgicas – também são assuntos que serão abordados na palestra.
Por último, o pesquisador disse que quer reforçar o conceito “Think Tank” nacional para o agro. O conceito propõe discussão, no caso esepcífico da ciência, entre empresários e cientistas, como em um observatório tecnológico para observar o que os concorretnes estão fazendo e, em uma segunda vertente, fazer “foresigth”, ou seja prospecção, levantar tendências e descobrir o que a ciência pode fazer a médio e longo prazo.
Fonte: Embrapa Instrumentação