Notícia

Página Rural

SP: curso sobre controle da verminose em ovinos alerta produtor para resistência aos vermífugos, diz IZ (1 notícias)

Publicado em 26 de agosto de 2015

Nova Odessa/SP

O curso Controle da Verminose em Pequenos Ruminantes, realizado, no dia 31 de julho, em Nova Odessa/SP,  pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de Zootecnia (IZ/Apta), contou com 56 participantes, vindos de várias regiões do Estado de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Produtores, técnicos, alunos e profissionais da área receberam informações que alertam sobre a facilidade dos parasitas à resistência aos produtos químicos, ao serem administrados incorretamente.

 

A coordenadora do curso, pesquisadora do IZ, Maria Cecília José Verissimo, destacou que a nutrição, a genética e um bom manejo ainda são fundamentais como alternativas ao uso indiscriminado de vermífugos. “Os produtos devem ser utilizados somente com muito critério, sempre tendo em mente a capacidade que os parasitas têm de tornarem-se resistentes e o vermífugo de perder o efeito contra eles”, enfatiza Cecília.

 

No Estado de São Paulo, recentemente, foi realizado um trabalho científico, já publicado pela pesquisadora do IZ, Cecília, que verificou a resistência a cinco grupos químicos – albendazol, levamisol, ivermectina, moxidectina, closantel –, em rebanhos de ovinos de todo o Estado de São Paulo.

 

O secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, comenta que a demanda do mercado para sanar o problema tem sido encontrada no sistema de produção intensiva de ovinos do IZ. “O Programa do governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, para área de ovinocultura, visa o estímulo à Expansão de Agronegócios Especiais e desenvolvimento do Agronegócio Familiar, e busca orientar constantemente os produtores sobre sanidade animal”, enfatiza Jardim.

 

O curso, que esteve na 9ª edição, iniciou com a palestra da pesquisadora Simone Méo Niciura, da Embrapa Pecuária Sudeste, que discorreu sobre o problema da resistência dos vermes aos vermífugos – fenômeno que ocorre em todo o mundo, assim como no Brasil. O resultado foi em pesquisa conjunta com o IZ. O objetivo era conhecer como se encontrava o problema da resistência no Estado de São Paulo.

 

Coordenado pelas pesquisadoras Simone Niciura e Cecília Veríssimo, a pesquisa contou também com a colaboração dos pesquisadores da Apta, de todo o Estado de São Paulo e, ainda, com a colaboração do professor Marcelo Beltrão Molento da Universidade Federal do Paraná. “Os resultados deste trabalho confirmaram não só o problema da resistência, espalhado em todas as regiões do Estado, assim como demonstrou que os vermes estão resistentes a mais de um produto químico (multirresistência), em grande parte das propriedades rurais”, explica Cecília. Porém, a pesquisadora Simone apresentou dados animadores, relativos a um trabalho feito na ovinocultura da Embrapa São Carlos, que demonstrou a reversão do estado de resistência para suscetibilidade de alguns anti-helmínticos. Foi em um teste de eficácia de anti-helmíntico realizado cinco anos depois daquele feito para o experimento citado. Com isso ela falou da importância de como realizar o teste de eficácia de anti-helmíntico, que é feito por meio de uma fórmula. “O resultado do exame de fezes deve ser realizado antes e após a aplicação do anti-helmíntico”, reforça Simone.

 

Outro tópico abordado foram os fatores de risco que levam à resistência do verme nas propriedades. Simone discurreu sobre alguns fatores, entre eles, o mais importante detectado em experimento e que favorece a ineficácia de anti-helmínticos. “O fato do produtor não administrar a quantidade de medicamento de acordo com o peso do animal”, destacou a pesquisadora.

 

Já o pesquisador do IZ, Ricardo Lopes Dias da Costa, discorreu sobre experimentos realizados no Instituto com outros pesquisadores, que buscavam alternativas para o controle da verminose. O pesquisador citou resultados de pesquisas em que participou, utilizando óleo de Neen, gordura protegida, bagaço de laranja e amoreira. “Mesmo com essas alternativas, é primordial a importância do manejo, principalmente na proteção das categorias suscetíveis, da boa alimentação dos animais e da genética no controle da verminose”, enfatizou.

 

Devido à importância da nutrição do animal na verminose, a coordenadora do evento, Cecília, sempre incluiu a palestra do zootecnista Mauro Sartori Bueno, pesquisador do IZ, especialista em nutrição animal. O pesquisador mostrou os principais alimentos proteicos, concentrados e volumosos, e as exigências nutricionais das diferentes categorias de ovinos. “Os animais devem ser separados em categorias para serem alimentados corretamente”, destacou Mauro.

 

Ainda dentro do assunto nutrição animal, o doutorando Nadino Carvalho, da Unesp Botucatu, apresentou o projeto de pesquisa, que demonstra o uso da suplementação com concentrado para diminuir a infestação dos vermes em animais jovens. “Um dos objetivos do trabalho é verificar qual a porcentagem mínima de concentrado a ser adicionada à dieta para se obter o controle, com economia no sistema de produção. Estamos em estudo e em breve os dados finais serão apresentados”, afirmou Nadino.

 

Já o doutorando César Cristiano Bassetto, da Unesp Botucatu, discorreu sobre o trabalho com a vacina chamada Barbervax, comercializada na Austrália. Esse pesquisador tem realizado trabalhos com essa vacina no Brasil, tanto para ovinos, como para bovinos. “Os resultados ainda não são tão animadores, mas as pesquisas continuam, e, quem sabe, em futuro próximo, a vacina esteja sendo importada para o mercado brasileiro”, considerou Bassetto.

 

A doutoranda Elisa Junqueira Oliveira, da USP de Ribeirão Preto, falou sobre os resultados do trabalho de pesquisa de seu doutorado. Várias características de ovelhas da raça Santa Inês criadas em diferentes rebanhos do Estado de São Paulo foram estudadas. Entre os resultados do projeto, financiado pela Fapesp, está a herdabilidade e correlação genética de várias características, como a coloração da conjuntiva pelo método Famacha, volume globular e peso corporal.

 

Um dado interessante obtido foi que existe variação genética nos rebanhos para coloração da mucosa ocular, e que vale a pena fazer seleção para animais com a coloração da mucosa mais vermelha. “Um  dado importante é a correlação genética existente entre coloração de mucosa e peso dos animais, indicando que a seleção para a resistência à verminose, fundamentada na seleção de animais com a mucosa ocular bem vermelha não atrapalha a seleção para peso corporal”, explica Elisa.

 

Depois das palestras, os participantes que ainda não conheciam o Sistema de produção de ovinos do Instituto de Zootecnia foram ao campo para realizar na prática o Método Famacha de avaliação da mucosa ocular, fazer a colheita de fezes para exame, realizar a palpação da região lombar e fazer a avaliação da dentição.

Fonte: Instituto de Zootecnia (IZ-Apta)