São Carlos/SP - Pesquisadores brasileiros e britânicos participam do workshop "Nova geração do Manejo Integrado de Pragas (MIP): manejo de pragas e doenças na agricultura em tempo real e oportunidades de colaboração Brasil-Reino Unido" no período de 23 a 25 de março de 2015 na Embrapa Instrumentação, em São Carlos, SP. O evento vai reunir cientistas de duas unidades de pesquisa da Embrapa – Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF) e Instrumentação (São Carlos, SP) – e do Instituto de Pesquisa de Rothamsted (Reino Unido) com o objetivo de discutir ações em parceria entre as duas instituições voltadas ao desenvolvimento de hardwares e softwares para detecção em tempo real de semioquímicos, pragas e doenças no campo.
Os semioquímicos são substâncias mediadoras da interação entre plantas, insetos e patógenos. Esses organismos trocam mensagens químicas entre si, gerando reações como a atração ou a repulsa. A ideia do evento, segundo o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Miguel Borges é unir esforços para investir em tecnologias de ponta que possam otimizar a utilização de semioquímicos nas lavouras brasileiras.
A equipe do laboratório de semioquímicos, coordenada por Borges, investe desde a década de 90 em pesquisas com semioquímicos para monitorar e controlar pragas agrícolas nas lavouras brasileiras. Essas substâncias são utilizadas na comunicação entre os insetos com diferentes funções, como demarcação de território, alimentação e reprodução, entre outros fins, e podem ser usadas na agricultura para o manejo de pragas e inimigos naturais, visando principalmente, à diminuição do uso de agrotóxicos em prol de uma agricultura sustentável e baixo custo.
Novas tecnologias de ponta vão otimizar o manejo integrado de pragas
O objetivo do workshop em São Carlos, que reunirá os pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Miguel Borges, Raul Laumann, e Maria Carolina Blassioli Moraes, do instituto britânico Michael Birkett e Jing-Jiang e da Embrapa Instrumentação, é ampliar as ações em parceria entre o Brasil e o Reino Unido de forma a desenvolver e incorporar novas tecnologias de ponta das áreas de biotecnologia e nanotecnologia ao manejo integrado de pragas (MIP). Entre essas, incluem-se: sensores, narizes eletrônicos, sistemas de espectrometria de massas portáteis, drones e robôs para detecção de sinais químicos, vibracionais e imagens no campo, armadilhas para captura de insetos que possam ser monitoradas por sistemas de digitalização de imagens e novos materiais para a liberação controlada de moléculas químicas voláteis ou sistemas de biocontrole.
Durante o evento, os pesquisadores envolvidos apresentarão palestras sobre essas tecnologias e discutirão a elaboração de propostas para serem submetidas a órgãos de fomento, como o Rcuk Funding (Research Councils UK), Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e CNPq, entre outros.
Pesquisadores britânicos vem à Brasília
Após o Workshop, os dois pesquisadores britânicos virão à Brasília, para participar de reunião na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, no período de 25 a 27 de março, sobre outro projeto que está sendo iniciado em parceria entre as instituições. Trata-se de uma ação que vai beneficiar os pequenos produtores de milho no Brasil no monitoramento e controle de pragas, especialmente da lagarta Spodoptera frugiperda, mais conhecida como lagarta do cartucho. O milho é um produto de extrema importância econômica para o País, com área cultivada superior a 12 milhões de hectares e esta lagarta é uma das piores pragas da cultura, capaz de causar redução na produção de grãos de até 70%.
Os estudos contam com aporte financeiro do Newton Fund, pela parte do Reino Unido, e da Confap (Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa), pelo lado brasileiro e têm como um de seus objetivos identificar cultivares de milho que possam funcionar como plantas "sentinelas" nas lavouras de milho. A ideia é realizar um screening em diferentes cultivares de milho para avaliar a sua resposta ao estresse biótico causado pelo ataque da lagarta do cartucho. "Serão selecionadas aquelas que têm a capacidade de defesa altamente induzida pelo ataque, cujo perfil químico muda drasticamente quando comparado ao de plantas livres de danos", explica a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Maria Carolina Blassioli. Essas plantas serão usadas como "sentinelas".
Além da reunião, os pesquisadores britânicos vão apresentar também um workshop na Unidade sobre a extração de RNA de plantas de milho para identificação de genes de defesas contra danos causados pela lagarta, que é uma das atividades previstas no projeto.
Fonte: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia