Entre os 66 filmes escolhidos, de diretores do mundo inteiro, ”Partir”, de Sonia Guggisberg, é um dos destaques do 24º É tudo Verdade. Mostra internacional, que reúne documentários de curta, longa e média metragem, é o maior evento de documentários da América Latina, além disso, qualifica os filmes vencedores para o Oscar do próximo ano.
O filme “Partir” é um trabalho inédito de Sonia Guggisberg, retrata com olhar sensível a vida de sua família. Foi organizado por camadas de tempo onde imagens atuais da demolição de um imóvel, patrimônio da família, são unidas aos arquivos em super-8 gravados pelo pai, nos anos de 1970 e montados com uma trilha sonora feita por cantos líricos executados pela mãe, entre os anos de 1970 e 2005.
O curta-metragem com mais de 7 minutos exibe cenas de demolição sobrepostas com imagens das crianças que brincam e dançam com os cantos líricos da mãe.
O filme terá exibição gratuita e aberta ao público durante o festival nos dias (10/4) e (13/04) no Rio de Janeiro, já em São Paulo, nos dias (10/04) e (11/04).
Sonia Guggisberg tem uma extensa carreira nas artes e uma filmografia recente e promissora que inclui alguns trabalhos premiados no formato documentário curta-metragem. Em 2018 foi premiada com uma publicação especial da Revista Internacional WomanCineMakers, seu curta “Redesenhos: Elevado Costa e Silva” conquistou o prêmio MobiFilm 2018, “Subsolos” recebeu o prêmio Geral do festival, Melhor filme em todas as categorias em 2017; “Sonho Migrante”, “Campo Skaramanga” e “Ponto de Encontro” foram convidados para inaugurar a mostra de cinema “Olhares sobre o Refúgio” no Cinesesc, (Mostra Internacional de Cinema UNHCR) em 2017, além de serem mostrados também no RedBull Station. A Artista diretora realizou um documentário no Commom Action Forum em Madri, 2016 local onde realizou uma exposição e mostrou seu filme “Mindscape”.
Imagens das crianças em meio a demolição no filme Partir
Sobre Sonia Guggisberg
Pós-doutoranda em Artes Visuais pela ECA-USP (Bolsa Capes); Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP – Bolsa Fapesp) e Mestre em Artes pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp- Bolsa Capes). Atua como artista, videomaker e pesquisadora participando de mostras coletivas e Individuais, palestras e workshops no Brasil e em outros países desde a década de 90.
Prêmios
2018 – Prêmio WomanCineMakers. Publicação Oficial // WomenCinemakers Biennale Edição Especial: Publicação, 25 páginas;
2018 – Prêmio Melhor filme , Produção independente, MobilFilm. Centro Cultural Unibes, São Paulo, SP;
2017 – Prêmio Geral, Produção independente, MobilFilm. Centro Cultural Unibes, São Paulo, SP;
2015 – Prêmio Brasil de Fotografia: Ensaios. Espaço Porto Seguro, São Paulo, SP.
Filmografia Completa
2019 – “Sem Rosto” (No Face), 75 min, Documentary feature film, 2019, Inedit;
2019 – “Partir” (Leave), 8 min, Short documentary film, Oficial Selection “It’s All True” 2019 IDFF São Paulo, Brazil;
2018 – “Redesenhos: Elevado Costa e Silva”, 6 min, Short documentary film, 2017, Best Film Documentary Award of the Mobifilm 2017 Film Festival;
2017 – “Campo Skaramanga”, 9 min, Short documentary film, 2017, International Film Festival, UNHCR. Cinesesc, São Paulo, RedBull Station;
2016 – “Ponto de Encontro” (Meeting point), 9 min, Short documentary film, International Film Festival, UNHCR. Cinesesc, São Paulo, Common Action Forum, Madrid. 2016., RedBull Station, 2017;
2016 – “Sonho Migrante” (Migrant Dream), 9 min, Short documentary film, International Film Festival, UNHCR. Cinesesc, São Paulo, Common Action Forum, Madrid. 2016., RedBull Station, 2017;
2016 – “Atenas Vermelha” (Red Athens), 8 min, Documentary short film, Mindscape, 9 min, Short documentary film, 2015, Common Action Forum, Madrid 2015;
2014 – “Fim de Sonho” (Last Dream), Experimental documentary 6 min., Brazilian Prize of Photography – Esay. Porto Seguro Cultural Center, São Paulo., 2015 International Video Art Festival, ((id) art_fest) Palazzo Bonfranceschi. Chienti, Italy, 2015 SIEEF 12th Congress. Zagreb, Croatia, 2015 Valletta International Visual Arts (VIVA), 2015 St James Cavalier Center. Valletta, Malta, 2015 White Night Festival in Malta – Notte Bianca 2015, Valletta, Malta, 2018 1ª art cinema show, São Paulo;
2014 – “Subsolo” (Underground), Documentary, 26 min, 2014 X Architecture Sao Paulo biennial, 2015 The Cube Festival ( Independent Brazilian cinema), 2017 Winner General Award of the Mobifilm 2017 Film Festival.
Exibição de “Partir”- Festival É Tudo Verdade
Rio de Janeiro – RJ
10/04 – horário: 21h – Local: Estação NET Botafogo – Sala 03
13/04 – horário: 14h30 – Local: Instituto Moreira Salles IMS
São Paulo – SP
10/04 – horário: 20h – Local: Itaú Cultural
11/04 – horário: 17h – Local: Sesc 24 de Maio
11/04 – horário: 20h – Local: Sesc 24 de Maio (debate com os diretores)
A artista Sonia Guggisberg abre a exposição
Silêncios
na Embaixada do Brasil em Atenas
De 27 de março a 17 de maio 2019
“…A pesquisa de Sonia Guggisberg diz respeito ao redesenho de identidades empreendido por milhares de migrantes que deixam a terra natal e se lançam ao mar, sem certezas nem destino…”
Christine Greiner
Curadora
A artista Sonia Guggisberg abre a exposição “Silêncios”, dia 27 de março, na Embaixada do Brasil em Atenas, na Grécia.
A exposição abrigará um conjunto de obras instalativas: adesivagem nos vidros, fotos e vídeos. Entre eles a instalação “Travessia”, com projeção e som com cantos gravados nos Campos de refugiados e Mapas com os desenhos de seus trajetos percorridos até a Grécia.
Serão exibidos ainda 2 filmes. “Ponto de Encontro” e “Campo Skaramanga”, que traz imagens captadas dentro dos campos de refugiados Kastikas (Ioanninna no norte da Grécia) e Skaramanga (Atenas), e mostra o estado de suspensão que se apresenta dentro dos campos.
Silêncios
Ao lidar com um certo modo de interceder na vida, absolutamente desinteressado dos processos de “representação”, Sonia Guggisberg passou a pensar seus processos de criação, instaurando em suas obras, procedimentos cada vez mais políticos. O que passa a dar sentido a essas experiências é o processo de testemunhar vidas anônimas, mergulhar nos seus movimentos, dissolver as alteridades e explicitar um certo modo de percebê-las a partir de imagens, sonoridades e gestos menores.
A artista Sonia Guggisberg faz parte desta comunidade cujos integrantes vivem espalhados pelo mundo e, mesmo sem se conhecerem, compartilham uma mesma indagação: como a arte
pode interferir na vida daqueles que parecem ter sido despossuídos das próprias vidas?
Além disso, o que a artista parece ter em comum com esta realidade é o fato de nunca ter chegado, em sua vida pessoal, às
áreas de risco onde decidiu agir, com expectativas ou modelos dados a priori. Trata-se antes de mais nada de uma escuta, de estar lá, de viver com, observar e se deixar transformar pelo outro.
Este projeto expositivo é motivado pela experimentação na produção artística documental e busca linguagens que possam traduzir formalmente a necessidade de interrogar a presença do silêncio intelectual a respeito do gigante deslocamento humano e refúgio contemporâneo.
A pesquisa de Sonia Guggisberg diz respeito ao redesenho de identidades empreendido por milhares de migrantes que deixam a terra natal e se lançam ao mar, sem certezas nem destino. A desconstrução de suas singularidades é inevitável e com ela, a necessidade de transformação.
Neste cenário o pesquisa busca traduzir e interrogar a presença do silêncio em diferentes instancias. O silêncio sobre a invisibilidade de milhões de pessoas, o silencio das imagens que gritam pela urgência da realidade e de suas consequências ainda sem solução, o silencio que reflete o esvaziamento de vidas, de seus passados e futuros. Trata-se de um silencio que transforma a realidade em lacuna e apresenta seu testemunho em um discurso audiovisual e sonoro.
O objetivo desta exposição é apresentar algumas destas experiências, testemunhadas em territórios como na Grécia. O que conecta a diversidade dos experimentos é o esgotamento de corpos que foram obrigados a se deslocar. Despossuídos da sua própria vida, o que lhes resta é lidar com a vulnerabilidade e os desfazimentos de si. Não se trata de utopia ou de qualquer tipo de restauração. Há uma irreversibilidade que atravessa os corpos, indagando silenciosamente o que ainda é possível fazer quando sabemos que não estamos sós.
Aqui, a arte tornou-se indisciplinar e inexoravelmente política.
A indisciplinaridade temática das obras, alimentada por bases teóricas da arte e sociologia, é espelhada formalmente pela liberdade com que se aborda diferentes linguagens. As obras a partir da documentação do real, iluminam questões latentes e buscam traduzir em imagens o transbordamento da realidade que não se fez palavra.
A mostra propõe uma análise sobre as singularidades que são obrigadas a se redesenhar a partir de mudança forçada de seus países. A desconstrução e adaptação de milhões de pessoas é inevitável. Com a utilização de recursos áudio visuais, Sonia Guggisberg relata o redesenho das identidades de diferentes origens e suas consequências ainda sem solução.
Texto: Christine Greiner
Título: Linha
Algumas das obras que estarão expostas:
Travessia
Loop, 4.43 min. 2017
Video sound installation
https://vimeo.com/220361349
Vimeo password: soniag13
Neste projeto de Instalação, imagem e som mostram uma forma de expor a realidade das migrações contemporâneas sobre a Travessia. Trata-se de um trabalho com base documental onde a imagem reproduz o trajeto da Sicília para ilha de Lampedusa.
No vídeo, vê-se a projeção de uma escotilha que chacoalha e reproduz o balanço real do barco. Na trilha sonora, músicas trazidas pelos refugiados de seus países de origem são misturadas aos ruídos do barco. Este conjunto de sons e imagem traduzem o transbordamento de uma realidade que não se faz palavras.
Ponto de Encontro
9 minutos. 2017.
Filme
https://vimeo.com/213715178
Vimeo password: soniag13
Filmado no centro de Atenas em dezembro de 2015, finalizado em 2017. O filme mostra a cena de um senhor grego tocando e cantando uma música tradicional grega intercalada com o depoimento de um refugiado afegão que descreve, em plena exaustão, como está sua vida após a travessia e o fechamento da fronteira.
Campo Skaramanga
9”32’ minutos. 2017.
Filme
https://vimeo.com/200919397
Vimeo password: soniag13
Com imagens captadas dentro dos campos de refugiados Kastikas (Ioanninna no norte da Grécia) e Skaramanga (Atenas), este filme mostra o estado de suspensão que se apresenta dentro dos campos. Em locais afastados dos centros urbanos e mantidos com fundos da União Européia, os refugiados se encontram confinados em containers ou barracas. Vivem o luto de suas famílias, a falta de suas casas e amigos, a ausência de nacionalidade e de documentos, a escassez financeira e a impossibilidade de um horizonte novo a curto prazo. O filme mostra pessoas contando sobre seus sonhos e desenhando seus trajetos de onde vieram. Falam de suas experiências e apontam para onde desejam ir. As cenas são captadas com som direto e intercaladas com músicas trazidas de seus países de origem.
Serviço
Silêncios
de Sonia Guggisberg
de 27 de março a 17 de maio 2019.
Embaixada do Brasil em Atenas
Vasilissis Sofias, 23 – 10674.
Atenas- Grécia.
Curadora:
Christine Greiner é professora livre-docente em Comunicação e Artes pela PUC-SP e pesquisadora de produtividade cientifica nível 2 no CNPq. Ensina no Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica, onde coordena o Centro de Estudos Orientais; e no curso de Comunicação das Artes do Corpo. Desde 1998, tem realizado estágios de pesquisa e pós-doutorados em universidades no Japão, nos Estados Unidos e na França, com apoio da Fundação Japão, do Centro Nichibunken e Capes/Fullbright, entre outras. Desde 2003, dirige a coleção Leituras do Corpo na editora Annablume e é autora dos livros Fabulações do corpo japonês e seus microativismos (2017), Leituras do Corpo no Japão (2015), O Corpo em Crise (2010) e O Corpo, pistas para estudos indisciplinares (2005), entre outros. Foi curadora das exposições Primeira Pessoa (2006, Itaú Cultural), em parceria com Agnaldo Farias; Tokyogaqui, um Japão Imaginado (2008, Sesc-Paulista), Revolta da Carne (2009, Sesc-Consolação) e Hosoe, corpos de imagens (2010, Sesc-Consolação) em parceria com Ricardo Muniz Fernandes, entre outras. Os temas principais de sua pesquisa são microativismos, artes e filosofia do corpo.
Artista:
Sonia Guggisberg é suíço brasileira, nascida em São Paulo em 1964. Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP – Bolsa Fapesp) e Mestre em Artes pela Universidade Federal de Campinas ( Unicamp- Bolsa Capes). Guggisberg atua como artista, videomaker e pesquisadora participando de mostras coletivas e Individuais, palestras e workshops no Brasil e em outros países desde a década de 90. Hoje se dedica ao projeto de pesquisa: Subsolo urbano e social em São Paulo apresentando questões sobre o redesenhar da cidade e de suas identidades. Seus trabalhos são em fotografia, site specific, instalação em vídeo e som, e documentário experimental. Já realizou 16 exposições individuais e, além do Brasil, seus trabalhos já foram exibidos nos EUA, na Alemanha, México, Colômbia, Espanha e França. Possui obras nas no acervo do Museu Lasar Segal, Museu de Arte Contemporânea de SP, SESC, Pinacoteca, Museu da cidade de São Paulo e Instituto Figueiredo Ferraz entre outros. Em 2015 a artista ganhou o Prêmio Brasil de Fotografia (Porto Seguro): Ensaios, desenvolve o projeto coletivo Sistemas Ecos, vive e trabalha em São Paulo.