Notícia

Diário de Natal

Solução para lixo químico (1 notícias)

Publicado em 31 de dezembro de 2001

Os resíduos químicos provenientes de pesquisas em laboratório representam ameaças ao meio ambiente e à saúde da população se não receberem o devido tratamento antes de serem descartados. Para evitar esse problema, a Universidade de São Paulo, em São Carlos criou o Laboratório de Resíduos Químicos (LRQ), que prepara os materiais para a sua correta disposição e separa as substâncias recuperáveis para que sejam reaproveitadas. A iniciativa, pioneira entre as universidades brasileiras, possibilita a economia dos produtos empregados em pesquisas, já que 40% do material tratado retornam às unidades do campus, podendo ser reutilizados várias vezes. O laboratório, ligado à Divisão de Segurança do Hospital Universitário da USP, trata cerca de 200 litros de resíduos químicos líquidos por mês - 80% do total de resíduos gerados no campus -, atendendo 95% das unidades. Evita-se assim o descarte indevido de xenobióticos, compostos alheios ao meio ambiente que podem, prejudicar os ecossistemas e a população. Essas substâncias são altamente tóxicas, podendo se acumular no organismo e causar doenças graves como o câncer. Os materiais que não podem ser lançados na natureza - como os metais pesados contidos nas pilhas (cromo, mercúrio e cádimo) devem ser depositados em aterros industriais ou submetidas à incineração, representando 20% do volume total tratado. Desse total, 40% são neutralizados, podendo ser descartados normalmente; e os centros de pesquisas reaproveitam 40% restantes. As técnicas de tratamento aplicadas pelo laboratório variam sempre de acordo com o tipo de resíduo. Solventes como álcoois, acetona e éteres são recuperados através de processos de destilarão, enquanto soluções contendo sais de metais, como prata, mercúrio e cromo, são submetidas a processos de precipitação e filtração, antes de serem lançadas em aterros industriais. Segundo a química Leny Borghesan A. Alberguini, que coordena o LRQ com o engenheiro de segurança Luís Carlos da Silva, o tratamento dos resíduos possibilita economia não apenas dos materiais, mas também dos recursos empregados em tratamento de água, energia e saúde. A pesquisadora lembra ainda de outras atividades desenvolvidas pelo laboratório, como a pesquisa de novas tecnologias para tratar os resíduos e o esforço em conscientizar o setor de produção e as instituições de diminuir o volume de poluentes. Em conjunto com o Instituto de Química de São Carlos (IQSC), o LRQ procura promover uma associação de suas atividades com a graduação da universidade, apresentando para os estudantes os problemas concretos da área de química. "Desde o primeiro dia de aula, o aluno é orientado a separar os resíduos gerados para posterior tratamento, o que já envolve uma mudança de comportamento muito importante", afirma Alberguini. A partir do projeto aprovado em julho pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e coordenado pela química Maria Olímpia de Oliveira Rezende, professora do IQSC, o laboratório vai ampliar a infra-estrutura e a mão-de-obra para que possa atender à crescente demanda do campus. Além disso, o incentivo vai possibilitar que o próprio LRQ passe a qualificar grande parte dos resíduos recuperados, já que por enquanto o controle de qualidade está sendo feito pela Central de Análises Químicas Instrumentais do IQSC o pelo Laboratório de Hidráulica da Escola de Engenharia de São Carlos da USP.