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Claudia

Sol também é saúde (1 notícias)

Publicado em 01 de janeiro de 2005

Com que cor você pretende passar este verão: vermelho-tomate, rosa-camarão ou dourado-canela? O bom senso é a melhor pedida na hora de encarar o sol. Vale lembrar que ele pode interferir na aparência da pele até mais que o próprio tempo. Em excesso, é capaz de alterar o DNA das células cutâneas e provocar câncer: Mas, sabendo desfrutar dele, é possível transformá-Lo de vilão em aliado. "Sol na medida, saúde na certa", diz o dermatologista Mauro Enokibara, da Universidade Federal de São Paulo. "O contato com os raios solares é sempre benéfico desde que se respeitem os horários adequados e o tempo de exposição." Regra número 1: fuja do sol mais violento, entre 1.0 da manhã e 4 da tarde. Nesse período. os raios infravermelhos costumam causar queimaduras dolorosas e estimular o surgimento do câncer de pele. Regra número 2: não saia de casa sem antes passar um filtro solar fator 15, principalmente nas mãos. rosto, colo e braços, pontos mais sensíveis ao aparecimento de manchas. Na praia, o ideal é espalhar um protetor com FPS 30 pelo corpo inteiro. "Ele deve ser aplicado na pele limpa, depois dos tratamentos e cremes.,e reaplicado cai um intervalo de duas horas", recomenda a dermatologista Patrícia Rines em seu livro beleza sem Cirurgia (Senac), escrito em parceria com a jornalista Mônica Martinez. Mesmo protegidos, rosto, pescoço e colo não devem ficar expostos diretamente, e sim à sombra. Patrícia indica ainda o consumo de alimentos ricos em betacaroteno, como cenoura e mamão, para manter o bronzeado bonito. "A tez morena disfarça os vasinhos que aparecem nos pés e nas pernas depois dos 35 anos", revela a dermatologista Luciane Scattone. "Para completai; um hidratante com brilho e você fica maravilhosa."

O poder da vitamina
Além de garantir à pele uni tom bronzeado, bem tropical, o sol age sobre a saúde dos ossos, pois os raios utravioleta ativam a síntese da vitamina D, necessária para a fixação do cálcio, Ao longo do tempo, a falta dessa vitamina pode provocar várias doenças, como a osteomalácia, que causa o amolecimento da ossatura, e a osteoporose. Mais comum em mulheres, essa doença provoca a descalcificação dos ossos, deixando-os porosos e mais sujeitos a fraturas. Entre os 20 e 10 anos, as mulheres saudáveis atingem o pico de massa óssea. A densidade se mantém estável até os 40. A partir dessa idade, o esqueleto começa a perder minerais e fica mais frágil. Porém, diferentemente do que se pensa, a osteoporose não é uma manifestação exclusiva da pós-menopausa Aparece também em mulheres jovens, sedentárias e com dieta pobre em cálcio. Por isso, a prevenção contra a enfermidade deve começar na puberdade, com a exposição adequada ao sol, entre outros cuida dos, como a ingestão diária de 1,2 miligrama de cálcio — encontrado no leite, iogurte e queijos — e a prática regular de atividades físicas. Por sua vez, cigano, café e álcool colaboram para o desenvolvimento da doença e devem ser evitados desde cedo.
"O ideal seria tomar sol por uma hora, todos os dias, no início da manhã ou no final da urde", recomenda o clínico-geral e geriatra José Carlos Aquino de Campos Velho, do Hospital Santa Catarina, em São Paulo. Já que o corre-corre da vida moderna nem sempre permite esse prazer, procure se expor durante pelo menos 20 minutos — o suficiente para diminuir o risco de doenças. No em tanto, o dermatologista Sebastião Sarapaio. do Hospital Samaritano, em São Pardo, acrescenta que não é necessário expor o corpo todo para se proteger da osteoporose, basta deixar os braços ou pernas nus. Ele acredita que, consumindo alimentos frescos, o corpo estará bem abastecido de vitamina D e que o uso do filtro solar é indispensável. Mário Grimblat, coordenador do departamento de dermatologia do Hospital Albert Einstein, também em São Paulo, confirma: o protetor é obrigatório em qualquer circunstância. "Mesmo com filtro, a luz do sol consegue ativar a síntese de vitamina D", assegura ele.
Em um estudo patrocinado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e pelo Instituto Brasileiro de Controle do Câncer, o ginecologista e mastologista  Eduardo Carneiro Lyra descobriu que mulheres com câncer de mama têm deficiência de vitamina D. Por isso, enquanto não desenvolvem um remédio, ele receita a suas pa cientes dez minutos de sol pela manhã - nesse caso sem protetor solar. Indica também o consumo freqüente de peixes, em especial o salmão, e cogumelos, fontes da vitamina D. Além disso, a luz solar tem efeito terapêutico comprovado no trata mento da tuberculose e de algumas doenças de pele, como o vitiligo e a psoríase, que é provocada pela divisão acelerada das células. "Em excesso, os raios solares são nocivos; em doses parcimoniosas fazem  muito bem" enfatiza o dermatologista Luiz Carlos Cucé, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Alegria, Alegria
Assim como os dias claros melhoram nosso humor, o céu cinza e o tempo chuvoso provocam melancolia. Isso explica por que a incidência de distúrbios depressivos é bem maior em países que têm dias curtos e noites mais longas, como Suécia e Noruega. Não é esse o caso do Brasil. abençoado pelo sol o  ano inteiro, mas ajuda a entender a procura de muitos turistas por para! sos tropicais. "E o efeito antideprê das férias", brinca Frederico Navas Demétrio, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Embora não haja nenhum estudo que comprove essa teoria, parece razoável supor que, aqui, os dias ensolarados, mesmo nos meses frios, expliquem o bom humor dos brasileiros.
Lá fora, nos países de inverno rigoroso, luz e calor artificiais são utilizados para combater a depressão cansada pelo clima. Os pacientes são submetidos a sessões de uma ou duas horas de fototerapia, com lâmpadas a 50 centímetros do rosto. A intensidade, claro, é controlada por fotômetro. "A luz faz efeito sobre a retina, que recebe a impressão de que ainda é dia e transmite ao cérebro", diz Frederico Demétrio. Aos poucos, o estado de espírito volta ao normal.
De acordo com a medicina chinesa. o equilíbrio entre as energias yin e yang é em parte creditado ao sol. "Ele influencia nossas emoções", diz a der matologista e acupunturista Maria Assunta Nakano. da Unifesp. Ela acrescenta que pessoas yin, mais introspectivas, devem se expor mais ao sol. "A exposição com filtro solar é a melhor receita para a saúde."