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Jornal do Brasil

Software brasileiro revela como doenças se espalham

Publicado em 11 janeiro 1996

Por AIexandre Mansur
A saúde pública ganhou um instrumento poderoso para acompanhar o alastramento das doenças e a distribuição de serviços de prevenção. É o Sistema de Informação Geográfica para Uso em Epidemiologja (Sigepi), um software desenvolvido pelo Programa de Engenharia Biomédica da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com o Sigepi, é possível projetar, nos mapas, diversos dados referentes à oferta de serviços de saúde e á incidência de doenças. O programa, que foi elaborado por uma equipe coordenada pelo professor Flávio Nóbrega, deve ser usado por secretarias de Saúde, municipais ou estaduais, assim como por institutos de pesquisa e outros órgãos ligados à área. O software funciona com mapas digitalizados. É possível inserir qualquer tipo de mapa, seja político ou de topografia. "A idéia era criar um programa extremamente flexível", conta a engenheira biomédica Rejane Pinheiro, que participa do projeto. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), por exemplo, tem em seu banco de dados diversos mapas digitalizados. Para testar as possibilidades do Sigepi, os idealizadores do programa fizeram um mapeamento da incidência de malária no estado de Tocantins. Com alguns cliques no mouse, é possível visualizar todo o estado ou fazer um zoom até um determinado vilarejo. As informações podem ser manipuladas de todas as maneiras, gerando tabelas e gráficos para facilitar a análise. "Suponha que o mosquito transmissor da malária tenha uma determinada autonomia de vôo a partir dos rios. É possível selecionar quais cidades estão a esta distância de algum curso d'água. Mas isto é só um exemplo do que pode ser feito com este programa", diz Rejane. O programa é de domínio público e roda em qualquer computador com o sistema Windows instalado. "Além disso, foi feito em módulos para que qualquer outra equipe possa desenvolvê-lo em algum campo específico", explica o analista de; sistemas André Braga, que participa do projeto. "Existem outros softwares comerciais importados que fazem um trabalho semelhante, mas não são tão fáceis de usar. Para mexer com o Sigepi, não é preciso entender nada de informática. Basta ler o manual."