Notícia

Jornal da Unesp

SOCIOLOGIA - Enigmas de Mann

Publicado em 01 julho 2003

Filho de uma brasileira, o escritor alemão Thomas Mann (1875-1955), prêmio Nobel de Literatura de 1929, é considerado um dos maiores romancistas da decadência burguesa, como mostra nas obras Morte em Veneza (1913) ou Doutor Fausto (1947). Este estudo do sociólogo Richard Miskolci, docente da Faculdade de Ciências e Letras (FCL) da UNESP, campus de Araraquara, privilegia as relações entre os textos do escritor e a eugenia, ou seja, a defesa do uso social da teoria da hereditariedade para a reprodução controlada de seres humanos em nome da preservação da pureza de uma raça e o seu melhoramento. "Mann acreditava ter 'herdado' o seu talento da mãe porque sua sociedade não considerava a atividade artística uma ocupação digna de homens", afirma. Neste livro, ele mostra como Mann foi um marginal na sociedade alemã de sua época e adversário do nazismo em ascensão, fato que o levou a se radicar nos EUA, em 1938. "A sua origem mestiça e burguesa e o seu desejo de reconhecimento social marcaram a forma como ele retratou os artistas em seus diversos livros", afirma Miskolci. "Ele mesmo define a sua obra como um processo de desburguesamento progressivo que o levou a se tornar artista, alguém capaz de buscar constantemente a ironia e a liberdade", conclui. Thomas Mann, o artista mestiço - Richard Miskolci; Annablume e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp); 164 páginas. Informações: (0xx11) 3812-6764 ou www.annablume.com.br