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Sociedade científica internacional reconhece pela 1ª vez trajetória de um brasileiro (1 notícias)

Publicado em 19 de outubro de 2016

Por Rodrigo Alves

O cientista de alimentos Adriano Costa de Camargo, doutorando pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/Esalq), teve sua trajetória acadêmica considerada de excelência pela International Society for Nutraceuticals and Functional Foods (ISNFF), entidade que publica uma das mais importantes revistas científicas da área de alimentos, química e ciências médicas. Esta é a primeira vez que um pesquisador da América Latina é agraciado. A entrega do prêmio ocorreu na última semana, em Orlando, Flórida, durante conferência anual da sociedade.

Nos últimos seis anos, Camargo tem concentrado sua pesquisa nas áreas de segurança alimentar, conservação de alimentos, desenvolvimento de produtos e antioxidantes, além da identificação de compostos naturais com potencial para a prevenção do diabetes, obesidade, câncer e doenças cardiovasculares.

Ele publicou 19 artigos em revistas científicas de alto fator de impacto na comunidade internacional e quatro capítulos de livros. Os trabalhos publicados na Food Chemistry, Journal of Functional Foods e Journal of Agricultural and Food Chemistry, entre 2014 e 2016, constam da lista de mais citados desses periódicos. Os resultados alcançados são referência principalmente na China, Coreia, Japão, Itália, Estados Unidos, Brasil e Canadá.

Aluno de escola pública até o ensino médio em Tatuí, sua cidade natal, Camargo ingressou, no ensino superior, no curso de ciência de alimentos, oferecido pela USP (Universidade de São Paulo) na cidade de Piracicaba. Fez o mestrado na mesma cidade, pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/USP) e conclui o seu doutorado ainda este mês, pelo Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Esalq.

No exterior, realizou três estágios de doutorado sanduíche na Memorial University of Newfoundland, em St. John's, Canadá, orientado pelo doutor Fereidoon Shahidi, por meio de bolsas do Ciência Sem Fronteiras e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Foi bolsista, durante o mestrado, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

Camargo diz que sempre que um pesquisador brasileiro é reconhecido no exterior, a conquista deve ser vista como resultado coletivo. “O Brasil busca seu lugar ao sol na comunidade científica internacional. A prova disso é que, até então, receberam o prêmio a América do Norte e Ásia, que investem pesado em pesquisa. Muito se fala da falta de financiamento no país, mas nestes anos eu tive o incentivo irrestrito de órgãos como a Fapesp, CNPq e a CNEN, e sou grato também a todos os membros do meu departamento e da Memorial University of Newfoundland”, declara.

O prêmio tem o nome de Fereidoon Shahidi Fellowship Award, em referência ao pesquisador que é listado entre os 10 mais influentes do mundo na área de ciências agrárias. Criada em 2009, a honraria é concedida a cada ano em função dos resultados dos trabalhos e da trajetória acadêmica. Camargo recebeu a premiação na terça-feira, 11, em jantar de gala da ISNFF.

A conferência da ISNFF aconteceu entre 9 e 12 de outubro, com a participação de especialistas mundialmente reconhecidos na área de nutracêuticos e alimentos funcionais, provenientes de 30 países. O encontro anual visou estreitar os laços entre academia, indústria e organizações governamentais, empresas multinacionais, fornecedores, prestadores de serviços e editores. A Sociedade publica a Journal of Functional Foods, uma das mais importantes revistas científicas da área de alimentos, química e ciências médicas.

“É sempre importante que a pesquisa brasileira avance no contexto internacional. O prêmio tem importância institucional e pessoal, pois reconhece dentro de um contexto de excelência, por meio do aluno, a USP/Esalq”, declara Marisa Aparecida Bismara Regitano d'Arce, professora doutora do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição e orientadora de Camargo no doutorado. “O Adriano se destaca pelo brilho nos olhos, que somente aqueles que amam o que fazem têm o privilégio em exibir. Isso vai além da formação, é algo intrínseco”, diz a professora.