Criada em2007 pelos engenheiros da computação Danilo Halla, Igor Santiago, Ronaldo Silva e pelo matemático Leonardo Freitas (que deixou o negócio em 2015), a I.Systems ganhou corpo após o trabalho de conclusão de um curso de empreendedorismo feito por Santiago, logo após se formar na Unicamp. O objetivo, na época, era desenvolver uma empresa para gerar mais eficiência na indústria, a partir do uso de inteligência artificial. Aos poucos, o projeto acadêmico se transformaria em negócio.
"Percebemos que o processo industrial é um dos que mais necessitam de geração de valor, porque há muito consumo de recursos, como energia", observa o CEO Igor Santiago. Com a ideia em mãos e um investimento inicial de R$ 4 mil (R$ 1 mil de cada sócio), os empreendedores abriram a empresa em Campinas (SP) e foram atrás da validação do projeto. O primeiro pedido de recursos junto ao programa Pipe foi recusado. Mas na metade de 2008, com o projeto mais maduro, decidiram inscrevê-lo novamente no programa. No começo do ano seguinte, tiveram a aprovação de um financiamento de R$ 65 mil pelo Pipe Fase 1.
A maior parte da quantia foi destinada a duas bolsas técnicas, uma para Santiago e outra para Freitas. O restante do dinheiro ajudou nas viagens que os empreendedores faziam para a cidade de Jundiaí, no interior de São Paulo. Lá fica uma fábrica da Coca-Cola Femsa, onde o primeiro projeto da I.Systems foi desenvolvido. "A empresa tinha dificuldade de colocar a quantidade certa de refrigerante em uma garrafa de 2 litros. Verificamos que o sistema economizaria 500 mil litros de Coca-Cola por ano e evitaria que a empresa descartasse todo ano 100 mil garrafas PET", conta Santiago.
Ainda em 2009, a startup levantou R$ 120 mil pelo programa Primeira Empresa Inovadora (Prime), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), recurso usado ao longo de um ano, principalmente para investimento em marketing e vendas. No fim de 2010, a empresa recebeu aprovação de R$ 450 mil pelo Pipe Fase 2, cuja quantia serviu para pagar bolsa técnica aos sócios, além de adquirir uma estação de trabalho para hardwares, alguns deles também comprados com o dinheiro.
Em fevereiro de 2011, a I.Systems lançou a primeira versão do Leaf, software que controla e estabiliza processos industriais, usando técnicas de inteligência artificial. Naquele ano, empresas como Rhodia, Oxiteno, Lanxess, Usina Pederneiras, Ajinomoto e São Martinho se tornaram os primeiros clientes. Hoje, a startup atende grupos, entre eles Ambev, Raízen, Braskem, Suzano Papel e Celulose, Votorantim Metais e Coca-Cola Femsa. O Leaf conta com mais de 100 aplicações nessas indústrias, diz Santiago.
Outro marco importante na história da I.Systems foi, em 2013, o aporte de valor não revelado do fundo de venture capital Pitanga, cuja gestão é do biólogo Fernando Reinach e tem, entre os sócios-investidores, o presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, e os fundadores da Natura (Luiz Seabra, Guilherme Leal e Pedro Passos). O dinheiro recebido do fundo foi usado para aumentar o esforço de vendas e ampliar a equipe de desenvolvimento do produto. A empresa solicitou a patente do Leaf nos Estados Unidos, em 2015, e no Brasil e na Europa, em 2016, e aguarda a aprovação do registro pelos órgãos públicos.
Em 2016, o faturamento saltou 50% em relação ao ano anterior, e a startup espera um crescimento menor para 2017, da ordem de 15%. Isso porque neste ano a empresa mudou seu modelo de receita com a licença do Leaf. Na prática, em vez de vender a licença (que custava entre R$ 300 mil e R$ 1 milhão, dependendo do tamanho da aplicação do software), a I.Systems passou a alugar para os clientes por valores entre R$ 15 mil e R$ 30 mil. "Melhora o fluxo de caixa do cliente, que não precisa ter um desembolso tão grande e reduz a percepção de risco dele", destaca Santiago.
No ano passado, a I.Systems desenvolveu seu primeiro projeto internacional, para uma mineradora australiana. O caminho para a internacionalização já foi traçado, e a expectativa é abrir uma filial nos Estados Unidos em até três anos. A empresa já tem negócios na América do Sul, mas capitaneados de Campinas (SP).
Especializada em soluções de rastreamento, controle e gestão de equipamentos de TI para data centers no país, a Nexxto nasceu do sonho de dois amigos de construir no Brasil uma empresa que pudesse fazer tecnologia de competitividade internacional. Desde os tempos da faculdade de engenharia na Escola Politécnica da USP, Antonio Rossini e Lucas Almeida queriam abrir um negócio juntos. Em 2010, já formados, os amigos listaram 25 possibilidades até chegarem ao método de identificação por radiofrequência (RFID, na sigla em inglês). Tanto é que a startup começou como RFideas para depois se tornar Nexxto.
Ainda em 2010, os sócios submeteram a ideia ao Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), incubadora da Poli/USP, e foram aceitos. O passo seguinte foi incluir o terceiro sócio, Matheus Costa, engenheiro elétrico pela Unicamp, para contribuir com o desenvolvimento do produto. "Fazíamos jornada dupla de trabalho, durante o dia nos nossos empregos e, depois do expediente, no Cietec até 3 da manhã, trabalhando na ideia da nossa empresa", lembra Rossini.
Em abril de 2011, a startup recebeu investimento do programa Pipe Fase 1, equivalente a R$ 125 mil, para financiar a construção de um protótipo de produto. "Conseguimos comprar equipamentos, trazer um bolsista para ajudar a desenvolver o nosso produto eprospectar para ver quem teria interesse em comprar a solução", conta. Em 2012, a RFIdeas conquistou seu primeiro cliente, a Alog Datacenters do Brasil, atualmente Equinix Company, maior plataforma de data centers do mundo. Essa etapa inaugurou também a maturidade da startup, que migrou da incubadora da Politécnica para um escritório na Avenida Paulista.
Aprovada no Pipe Fase 2, em janeiro de 2013, a empresa obteve mais R$ 500 mil para o aperfeiçoamento do negócio. Nessa época, os empreendedores viajaram ao Vale do Silício e se depararam com a internet das coisas (IoT, na sigla em inglês). "Vimos o conceito despontando, empresas começando a se mexer e todas as coisas conectadas à internet com sensores por todos os lados. Voltamos para o Brasil sabendo que esse era o caminho a seguir", afirma.
Não à toa, investidores passaram a flertar com a startup, até que o fundo de venture capital SP Ventures- que gere o Fundo de Inovação Paulista- aportou R$ 3,5 milhões no negócio, em 2015. O investimento foi utilizado na ampliação da equipe e na montagem de um laboratório para testar e fabricar protótipos. O aporte também marcou uma importante fase na trajetória da startup, que passou a se chamar Nexxto, no lugar de RFIdeas.
Com 40 clientes, entre indústrias alimentícias, redes de supermercados e restaurantes, a Nexxto presta serviços para companhias como Unilever, Sapore e Sonda IT. Também está costurando parcerias com as consultorias Accenture, Stefanini e Apsis. Atualmente, são mais de 100 mil equipamentos de TI monitorados em diversos sites no Brasil inteiro, além de rastreamento e inventário de ativos patrimoniais. É possível controlar em tempo real, e de qualquer lugar, por exemplo, temperatura, umidade e consumo de energia elétrica. "Uma rede de supermercados pode antecipar problemas e evitar perdas importantes."
No ano passado, a Nexxto faturou R$ 2,5 milhões, e espera praticamente triplicar a receita neste ano, para R$ 7 milhões. Entre os planos de 2018 está a expansão para novos mercados, incluindo mais países na América Latina- hoje, a Nexxto atende a empresa de telecomunicações Antel, no Uruguai. Para Rossini, a evolução reflete um investimento constante em pesquisa e desenvolvimento. "Ter trabalhado com a Fapesp criou essa cultura na Nexxto. É como se o produto fosse um organismo vivo, que está sempre sendo construído e melhorado. Quando uma startup para de investir em pesquisa e desenvolvimento, ela morre", enfatiza.