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Sistema imune de mulheres responde melhor à COVID-19, aponta estudo

Publicado em 26 novembro 2020

Estudo mostrou que mulheres têm um perfil imunológico mais parecido ao de pacientes jovens. Homens se assemelham aos mais velhos

Um grupo internacional de pesquisadores realizou o cruzamento de milhares de dados sobre o funcionamento do sistema imune de pacientes com COVID-19 e estabeleceu possíveis fatores para explicar a menor incidência de casos graves entre mulheres.

“Percebemos que as mulheres conseguem responder mais apropriadamente ao vírus. O sistema imune feminino ativa respostas de citocinas de forma bem intensa, porém, não tanto de determinados tipos que poderiam causar danos aos órgãos. Ao mesmo tempo, nas mulheres infectadas é reduzida a expressão de genes dos neutrófilos, que são células que podem causar dano tecidual, algo crítico na COVID-19”, explica Otávio Cabral Marques, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e coordenador do estudo, que é apoiado pela Fapesp.

Com o auxílio de ferramentas de bioinformática, os pesquisadores analisaram dados genômicos disponíveis publicamente no repositório GEO Database (Gene Expression Omnibus). As informações foram obtidas de material coletado de secreções da nasofaringe e de exames de sangue, somando mais de mil pacientes com COVID-19. Ao cruzar as informações, o grupo concluiu que as mulheres de várias faixas etárias têm um perfil imunológico mais parecido ao de pacientes jovens, enquanto os homens se assemelham aos mais velhos. É sabido, desde o surgimento do novo coronavírus, que o segundo grupo tem uma pior resposta à infecção pelo SARS-CoV-2.

Ainda não se sabe por que razão as mulheres têm maior proteção ao vírus. Uma vez que vários receptores para hormônios femininos são expressos no sistema imune, porém, é possível que isso colabore para que as pacientes tenham uma imunidade mais desenvolvida.

Outro fator que poderia explicar as diferenças seria o estilo de vida dos pacientes, como uma menor ocorrência de tabagismo e alcoolismo entre as mulheres, por exemplo. Esse tipo de informação, porém, não estava disponível nos bancos de dados usados. “Talvez seja uma combinação desses diferentes fatores, hormonais e comportamentais, mas não temos como saber com as informações de que dispomos”, diz Marques.

As informações possibilitam o estudo de possíveis alvos terapêuticos para a doença, podendo reduzir a incidência de casos graves.

Mutações não estão aumentando velocidade de transmissão do coronavirus
Outro importante estudo, a partir de dados globais de genomas de vírus realizado com 46.723 pessoas com COVID-19 em 99 países, os pesquisadores identificaram mais de 12.700 mutações no vírus SARS-CoV-2, mostrou que o COVID-19 não está sofrendo mutações capazes de fazer com que ele se prolifere mais rápido.

Segundo os pequisadores, Em vez disso, as mutações mais comuns são consideradas neutras para o novo coronavírus.  "Precisamos permanecer vigilantes e continuar monitorando novas mutações, particularmente à medida que as vacinas são lançadas", disse Lucy van Dorp, professora do Instituto de Genética da University College de Londres e uma das líderes do estudo.

Com informações da Agência Fapesp e Agência Brasil