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Sistema desenvolvido no ICMC monitora enchentes em São Carlos (1 notícias)

Publicado em 20 de junho de 2012

O monitoramento de rios urbanos é a finalidade do sistema e-NOE, desenvolvido no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), na USP de São Carlos. O sistema, criado pelo Prof. Dr. Jó Ueyama, detecta enchentes e o nível de poluição em rios e córregos através de uma rede de sensores sem fio, permitindo que a população seja avisada sobre eventuais riscos. 

Por meio de uma parceria com a Prefeitura Municipal de São Carlos, Ueyama instalou em maio de 2012 dois equipamentos com esse sistema em um córrego da cidade, o Monjolinho. Um deles foi colocado na Avenida Trabalhador São-carlense, próximo ao campus da USP, e o outro perto da rotatória do Shopping Iguatemi. O pesquisador obteve autorização do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE - São Carlos) para monitorar as águas do córrego. 

O equipamento sofreu uma reengenharia em relação ao primeiro protótipo, desenvolvido em 2010. Essa mudança foi implementada para melhorar a transmissão dos dados coletados do rio e para diminuir o consumo de bateria. Diferentemente dos protótipos existentes, este não armazena os dados coletados, mas os envia para o servidor assim que cada leitura é realizada. Desta forma, é possível fornecer alertas de enchentes e nível de poluição em tempo real para a população que esteja em risco. "Com isso esperamos que os transtornos e prejuízos causados pelas chuvas em São Carlos não se repitam, ou que ao menos possamos avisar a população e comerciantes para que se previnam antes que a enchente ocorra", disse Ueyama. 

O equipamento transmite os dados via wireless Zigbee (tecnologia de comunicação sem fio com baixo consumo de bateria e com transmissões de longa distância) para uma central, onde um software envia alerta via mensagens de SMS para telefones celulares de moradores cadastrados no sistema. No entanto, o sistema ainda encontra-se em fase de testes, e ainda não é possível se cadastrar. Além destes alertas, o protótipo agora permite que qualquer internauta tenha acesso a estes dados usando a interface do Google Maps. Essa interface permitirá aos sistemas de GPS criar rotas alternativas aos motoristas em caso de enchentes em uma determinada via. 

O projeto teve início na Inglaterra, proposto pelos professores Daniel Hughes e Geoff Coulson. Este último foi o orientador de Ueyama entre 2002 e 2006, quando o pesquisador cursou doutorado na Universidade de Lancaster, no Reino Unido. Na ocasião, conheceu o projeto e pensou em adaptá-lo ao Brasil. Desde então o pesquisador tem aperfeiçoado o sistema com vistas a otimizá-lo para a realidade brasileira. "Além disso, é de interesse nosso que o protótipo tenha um baixo custo para que as prefeituras possam replicá-los", afirmou. 

O protótipo desenvolvido por Ueyama é menor do que uma caixa de fósforos, e custou cerca de R$ 400. Este protótipo é composto por dois sensores analógicos, cada um com uma função específica - o primeiro mede a pressão do rio, enquanto que o segundo sensor mede a poluição da água. Um alerta é gerado para notificar quando o nível do córrego (ou da poluição) atinge níveis que necessitam de uma notificação. Isto é realizado utilizando-se o SMS para telefones celulares. "Caso o primeiro sensor detectar uma elevação súbita na pressão do rio, significa que haverá enchente. É quando devemos tirar a população da região o mais rápido possível", explica o pesquisador. 

A pesquisa foi desenvolvida com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sistemas Embarcados Críticos (INCT-SEC). Futuramente, Ueyama pretende disponibilizar o sistema como software livre para prefeituras de municípios do Estado de São Paulo e para outras cidades que têm problemas com enchentes. 

Informações: 
www.icmc.usp.br/~joueyama