O objetivo do Simpósio de Bioenergia foi o de congregar especialistas desde a obtenção da matéria-prima, processo e uso final, atuando no Planejamento Nacional de Bioenergia. O comitê Organizador - Antonio Roque Dechen, diretor da Esalq e coordenador da Rede Nacional de Bioenergia; Igor Polikarpov (IFSC); Carlos Labate, Luiz Lehmann Coutinho, João Martines e Paulo Seleghim - se reuniu no auditório "Altino Antunes" da Faculdade de Medicina Veterinária da USP e debateu com especialistas, docentes, discentes e empresários.
Marcos Jank, presidente da Única, falou sobre "tendências e perspectivas do mercado sucroenergético", mostrando a evolução e as perspectivas do setor sucroenergético brasileiro, abordando os programas socioambientais. Para ele, o debate sobre a utilização da cana como principal fonte de bioenergia tem que ser global e envolver a relação com outras culturas, como a soja, por exemplo. Além disso, Jank lembrou que o setor vem se debruçando sobre o Protocolo Agroambiental, com o compromisso de terminar com a queima da cana até 2014 e investir intensamente na preservação de matas ciliares. "A cana será a primeira atividade que irá trabalhar com o desafio do desmatamento zero". Outro ponto apontado pelo presidente da Única foi o zoneamento nacional, que indica a proibição de plantação de cana em biomas sensíveis como a Amazônia e o Pantanal. "A Única criou uma aliança brasileira pelo clima, um grupo formado por quinze principais entidades nacionais ligadas à agricultura, florestas plantadas e bioenergia. Juntos eles representam 28% da matriz energética do País e contribuem com 16% das exportações totais do Brasil".
Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp, falou sobre a "Rede Paulista de Bioenergia", enfatizando três pontos estratégicos para direcionar o debate internacional e as pesquisas em bioenergia: redução das emissões de C02, escassez das fontes de energia não renováveis e segurança energética. E defendeu a importância da Rede Temática de Bioenergia USP porque o debate mundial sobre biocombustíveis é pautado por resultados de pesquisas publicadas em veículos científicos e a Rede tem o compromisso de fornecer subsídios para essa discussão em nível global.
Em relação à produção científica. Cruz apresentou um quadro positivo quando os temas são cana, etanol e biomassa, mas lembrou dos desafios para a pesquisa em bioenergia no Brasil. Cruz lembrou que a Fapesp tem investido na rota científica e tecnológica, fomentando projetos do programa Pesquisa em Políticas Públicas, fortalecendo o Bioen e buscando solidificar o Centro Estadual de Pesquisa, com sede nas três universidades públicas paulistas.
Gláucia Souza, do Instituto de Química da USP falou sobre "Biotecnologia aplicada ao melhoramento da cana-de-açúcar", abordando pesquisas que visam melhorar o rendimento de determinadas variedades de cana. Glaucia afirmou que o emprego de tecnologias, aliadas a técnicas de manejo, pode aumentar a produtividade e que as condições climáticas também devem ser consideradas nesse processo.
Antonio Augusto Franco Garcia, do departamento de Genética da Esalq, abordou "Aplicações dos marcadores moleculares no melhoramento da cana-de-açúcar". O professor fez uma introdução aos estudos de genética e melhoramento da cana a partir da aplicação de marcadores, destacando que existe uma preocupação constante por parte de pesquisadores para que o mapa genético da cana seja cada vez mais detalhado a partir da aplicação de softwares, aliada a abordagens estatísticas. "E essencial ter bons mapas uma vez que é necessário usar toda a informação para poder mapear QTLs".
Helaine Carrer, também da Esalq, falou sobre "Biotecnologia e eficiência fotossintética da cana-de-açúcar", fazendo uma perspectiva geral sobre o processo de fotossíntese, lembrando que sua eficiência é afetada pela temperatura, intensidade e qualidade da luz e concentração de CO2. Apresentou o potencial energético de variedades de cana que podem, a partir de pesquisas, aumentar sua produtividade.