Bruxelas - Milhares de empregos europeus se perderão se a União Européia (UE) não adotar integralmente os avanços da área biotecnológica, advertiu o mais alto representante do setor agrícola da União. O Comissário da Agricultura da UE, Franz Fischler, disse em uma conferência em Viena que o rápido desenvolvimento do setor da tecnologia genética poderá criar até dois milhões e meio de novos empregos até o ano 2005, mas alertou que se não começar a agir, a Europa poderá perder até 200 mil empregos já existentes.
"O desenvolvimento fora da Europa, particularmente nos EUA e no Canadá, foi muito mais acelerado do que em nosso continente", disse Fischler no Simpósio ORF sobre o futuro da tecnologia genética. "A maioria das empresas européias é pequena, jovem e mal consegue mostrar sucessos concretos no mercado." A UE ressaltou reiteradamente que o setor de biotecnologia desempenha um papel fundamental na luta contra o desemprego, mas passou a ser alvo de suspeitas por parte dos consumidores quanto à segurança dos pro-»dutos modificados geneticamente.
"Os desenvolvimentos recentes fornecem motivos de grande preocupação: nos EUA, existem 1.300 empresas de biotecnologia, com 118 mil funcionários, em comparação com 700 empresas européias, com apenas 27.500 funcionários", disse Fischler. "As empresas de biotecnologia têm um faturamento anual de 23 bilhões de schillings (US$ 1,86 bilhão). Nos EUA, o faturamento é cerca de dez vezes maior." O comissário afirmou que a situação começa ã melhorar, referindo-se ao estabelecimento de 120 empresas especializadas em biotecnologia na Europa, em 1996. Entretanto, ele advertiu que a maior parte do trabalho de pesquisa e desenvolvimento ainda é realizado nos EUA.
"Companhias como a Bayer, Hoechst e Novartis estabeleceram seus quartéis-generais de pesquisa na área de tecnologia nos EUA", observou Fischler. "O resultado é que os EUA detêm 65% das patentes mundiais de produtos biofarmacêuticos, e a Europa apenas 15%". O comissário afirmou que, na Europa, o valor de mercado de produtos que utilizam alguma forma de biotecnologia chegou a US$ 46 bilhões e sustenta 400 mil empregos.
Ele citou um estudo da Universidade de Sussex, na Grã-Bretanha, que afirma que até o ano 2005 mais um milhão de empregos serão criados, a persistirem as mesmas taxas de crescimento no setor. O mesmo estudo diz que a obtenção de taxas de crescimento como as dos EUA fará com que o valor de mercado de biotecnologia cresça para US$ 283 bilhões, e trará consigo mais de 2,5 milhões de novos empregos na Europa. Uma atitude hostil em relação ao setor poderá fazer com que o mercado encolha, com a perda de 200 mil empregos, concluiu o estudo.
A Universidade de Sussex também constatou que as empresas de biotecnologia tendem a se estabelecer em países, como Grã-Bretanha, Irlanda, Holanda e Bélgica, considerados favoráveis a esse setor da economia, disse Fischler: "Aproximadamente a metade de todas as fábricas européias se encontra na Grã-Bretanha".
Notícia
Gazeta Mercantil