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A Cidade On (São Carlos, SP)

Servidores da UFSCar criam máscaras 3D e consertam respiradores do Samu

Publicado em 27 março 2020

Docentes dos departamentos de saúde também estão desenvolvendo um protótipo de respirador de baixo custo e fabricação simples

Servidores de diferentes departamentos da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) estão utilizando a tecnologia e a ciência para desenvolver e consertar equipamentos de saúde de unidades básicas e serviços de atendimento de urgência que podem ajudar no combate ao coronavírus.

A primeira medida tomada foi no departamento de Engenharia da universidade. Os servidores Leonildo Pivotto, Heitor Mercaldi e Rafael Visintin, além do docente Sérgio Evangelista, se juntaram para buscar formas de auxiliar na minimização do impacto da pandemia no município. Foi assim que surgiu a ideia de procurar respiradores que estivessem parados por falta de manutenção.

"As vezes é uma bateria que não funciona, uma mangueira de ar ressecada, um botão no painel que está danificado e impede a execução do equipamento, então são coisas que são simples de serem feitas e podem ser feitas na universidade", explicou Pivotto.

Segundo ele, o Brasil possui cerca de 65 mil respiradores na rede pública e privada. Desses, mais de 3,6 mil estão encostados por falta de manutenção. Mesmo sabendo que não podiam consertar todos, a realidade fez com que a equipe procurasse o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

"Entramos em contato com algumas pessoas do grupo de prevenção e soubemos desses equipamentos do Samu, e desde então estamos trabalhando em cima disso. Claro que aqui temos a consciência de que existem diferentes tipos de manutenção, temos contato com pessoas que trabalham diretamente com equipamentos médicos e que estão nos dando uma ajuda, mas existem outros que estão abandonados por coisas simples", disse.

Impressão de EPIs

Outra iniciativa tomada pelo departamento foi a impressão 3D de máscaras de proteção polimérica, mais conhecida como Schield, que fazem parte do conjunto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) que estão em falta nas unidades de saúde do município.

Segundo ele, o servidor Marcos Endo, da Engenharia Mecânica, está trabalhando em home office, mas como possui o equipamento em casa, também está produzindo a estrutura do material, que demora em torno de duas horas para ficar pronto.

"O problema da fabricação desta forma é que as impressoras 3D que temos aqui e a que ele tem na casa dele não são máquinas industriais de grande uso, são máquinas pequenas, então é um processo mais lento. Ele está usando a estrutura dele, de materiais que comprou e de doações que conseguiu e fabricando essas máscaras", explicou Leonildo.

A iniciativa também foi aceita por docentes ligados à Engenharia de Produção e de Materiais, que colocaram impressoras do departamento para funcionar e atender a demanda do Hospital Universitário (HU) e da Santa Casa de Misericórdia. A expectativa é de que o material fique pronto até o fim da próxima semana.

Protótipos de respiradores

Além dos dois projetos, os docentes Sérgio Evangelista e Rafael Arouca também se juntaram para desenvolver um protótipo de um respirador de baixo custo e fabricação simples que pode auxiliar ainda mais a área da saúde.

Segundo Leonildo Piveto, as agências de pesquisa que financiam projetos, tais como a Fapesp e a Finep, estão com linhas especiais de financiamento com processos mais rápidos e avaliação de projetos com a possibilidade de construção e fabricação e protótipos.

"A ideia é tentar homologar no Ministério da Saúde para ver se ele é realmente funcional e construir inicialmente cinco protótipos para posteriormente fazer uma produção maior, articulando a universidade e membros da sociedade civil que possam contribuir", disse o servidor técnico.