O Instituto Serrapilheira lançou sua sexta chamada pública de apoio à ciência. O edital, que é realizado anualmente desde 2017, irá oferecer um total de R$ 9,1 milhões a dez cientistas em início de carreira. O valor para cada pessoa vai variar de R$ 200 mil a R$ 700 mil, a serem utilizados ao longo de cinco anos.
Podem participar pessoas com vínculo permanente com uma instituição de pesquisa brasileira, que tenham concluído o doutorado de 2015 a 2020 e publicado dois ou mais artigos de impacto como autor principal e que atuem nas áreas de ciências naturais, da computação ou matemática (ou interdisciplinares). No caso das mulheres com filhos, o doutorado pode ter sido finalizado até este ano.
A diretora de ciência do instituto, Cristina Caldas, conta que estão em busca de projetos que sejam originais e fujam do “mais do mesmo”. “A gente realmente está fazendo um convite aos jovens cientistas de pensarem quais são as grandes perguntas nas suas áreas de estudos que não foram respondidas ainda. São perguntas fundamentais, sem necessariamente uma aplicabilidade óbvia daquele conhecimento”, relata Caldas.
Um diferencial da chamada neste ano para ajudar a atingir esse objetivo é a definição do risco de que o projeto não dê certo. Ao se inscrever, o candidato precisa detalhar se sua ideia possui um risco de concepção, de abordagem ou técnico, e, a partir disso, pensar em saídas para que a proposta não pare diante dessas possíveis dificuldades.
“Se você fica fazendo as coisas como todo mundo já faz ou pensando do jeito que todos os seus colegas pensam, você vai na verdade ficar fazendo um ‘caldo’ ali, que é importante. Mas a gente acredita que, quanto mais risco você corre, mais chance a ciência tem de avançar”, justifica a diretora do instituto.
COMO FUNCIONARÁ O PROCESSO DE SELEÇÃO
Os nomes serão escolhidos por meio de duas etapas. Na primeira, os candidatos enviam alguns documentos e respondem a dez perguntas sobre a ideia. Então, estudiosos internacionais renomados irão selecionar uma parte para a segunda etapa. Nesta, os pré-aprovados irão enviar o projeto detalhado e participar de uma entrevista em inglês com os revisores estrangeiros.
Pensando em uma forma de aumentar a diversidade entre os cientistas, os dez ganhadores terão acesso a um valor adicional de até 30% do apoio recebido para investir na integração e formação de pessoas de grupos sub-representados na ciência em suas equipes de pesquisa.
Caldas diz que essa temática já vem sendo trabalhada em editais anteriores. “A gente realmente os estimula a olharem para a questão racial com bastante rigor. Passamos a educá-los sobre o tema da diversidade. Eles começam a ter um olhar muito cuidadoso sobre isso dentro dos seus grupos.”
Uma outra novidade para essa edição é a parceria com entidades públicas, como o Confap (Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa) e a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
“Esse edital é uma mensagem de que a ciência é fundamental para você manter um país rico de ideias, engajado, com a comunidade ativa, pensante, olhando não só para as grandes questões básicas da ciência, mas também para os seus próprios problemas. Então, acho que vem num momento de reforçar e valorizar a ciência desenvolvida no Brasil“, finaliza Caldas.
As inscrições vão de 28 de outubro a 28 de novembro. A divulgação dos nomes escolhidos e a do início do apoio serão feitas a partir de junho de 2023. Clique aqui para acessar o edital com todas as informações.