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Serrana (SP) começa a vacinar toda a população contra Covid em estudo; saiba como vai funcionar (64 notícias)

Publicado em 17 de fevereiro de 2021

O Instituto Butantan deu início nesta quarta-feira (17) ao Projeto S, que visa avaliar a eficiência da vacina CoronaVac no mundo real. Os pesquisadores começaram a vacinar toda a população do município de Serrana , no interior de São Paulo, para analisar os efeitos práticos da vacinação em uma comunidade.

Mais do que os índices de proteção ao indivíduo que se vacina, o estudo pretende analisar o resultado em uma escala municipal, permitindo acompanhar se a distribuição da CoronaVac tem impacto claro na transmissibilidade do vírus, na pressão sobre o sistema de saúde de Serrana e até mesmo se há um efeito claro na retomada da economia da região.

A cidade de Serrana tem 48 mil habitantes, mas apenas os maiores de 18 anos participarão do estudo, com a expectativa de que 30 mil moradores da cidade acabem participando do projeto. Em 11 de fevereiro, já havia mais de 23 mil inscritos, e agora será aberta uma nova fase de inscrições.

A escolha da pequena cidade no interior para o estudo teve algumas razões claras. A primeira é o número de habitantes pequeno, que permite cobrir rapidamente a toda a população sem consumir um volume muito grande de doses. A segunda é que o município também já tem um alto índice de contaminação, que viabiliza comparar a imunidade produzida pela vacina e a produzida pela infecção. Por fim, Serrana é vizinha de Ribeirão Preto, que é um dos principais polos científicos do estado de São Paulo, permitindo um acompanhamento próximo do estudo.

Apesar do início da vacinação ser agora, o estudo já está em andamento desde setembro, quando os pesquisadores começaram a monitorar a cidade para casos de Covid-19 e rastreamento de contatos e uma pesquisa sobre os hábitos dos moradores de Serrana e a disposição para vacinação. Pesquisas prévias, de junho, mostravam também que 8,75% dos habitantes haviam tido contato com o vírus por meio da análise da sorologia, demonstrando alta incidência no local. Também será realizada análise imunológica nos 30 mil participantes que trará mais clareza para os resultados do estudo.

A proximidade de Ribeirão Preto também traz outro ponto positivo para o estudo, porque uma boa parte dos habitantes de Serrana vai à cidade vizinha todos os dias para trabalhar, ou quaisquer outras atividades. Ricardo Palácios, diretor de estudos clínicos do Butantan, afirma à Agência Fapesp que essa circulação também permite entender melhor o impacto do deslocamento nos efeitos da vacinação.

Para realizar o estudo, a cidade foi dividida em 25 setores e a ordem da distribuição da vacina se dará por um sorteio, com previsão de que a vacinação se estenda pelos próximos dois meses. No entanto, os pesquisadores determinaram que dois setores vizinhos não sejam vacinados simultaneamente, para garantir a possibilidade de comparação entre uma área imunizada e a outra que ainda não recebeu as doses. A expectativa é de que os resultados sejam apresentados a partir de maio.