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Senador pressiona comissão para discutir políticas para terras raras

Publicado em 17 fevereiro 2012

Por Viviane Monteiro

Em abril será realizado o 5º Encontro Nacional Sobre Terras Raras, em João Pessoa. João Pessoa (PB). As inscrições começaram em 10 de janeiro e a data limite para submissão de resumos (pôster para apresentação) termina em 20 de março.

Promovido pelo departamento de química da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o evento tem o patrocínio de órgãos como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolviment o Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Organizador do evento, o professor de química da UFPB, Ercules Epaminondas de Sousa Teotonio, disse que o encontro prevê reunir pesquisadores renomados nacionais e estrangeiros, estudantes e representantes do setor produtivo com intuito de analisar o andamento de pesquisas e discutir políticas para a exploração desses materiais.

Interesse acadêmico - Hoje, praticamente, todas as universidades públicas brasileiras têm grupos de pesquisadores envolvidos com terras raras, principalmente de áreas de física, química e mineração. Apenas na instituição paraibana, o professor calcula a existência de mais de uma dezena de pesquisadores envolvidos no assunto.

Apesar de as previsões indicarem que a maioria de terras raras está concentrada em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e outros estados do Sudeste e do Centro-Oeste, Teotonio destaca que há indícios de terras raras também no Nordeste. Mais informações sobre o evento estão disponíveis no link.

Para o senador Henrique, o Brasil precisa desenvolver, o quanto antes, uma política estratégica de fomento à produção e arrojo empresarial para promover o aproveitamento das chamadas terras raras. "As terras raras são uma questão de soberania nacional, pela multiplicidade de seus usos, inclusive na área de defesa e na indústria petrolífera", disse o senador Luiz Henrique. Em seu requerimento, o par lamentar convida representantes dos ministérios de Minas e Energia (MME), de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da empresa Recursos Minerais das Indústrias Nucleares do Brasil (INB) a participarem da audiência.

Agenda positiva em ação - Segundo Ronaldo Santos, diretor do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) do MME, o Brasil já possui uma agenda positiva para desenvolver tecnologias para o aproveitamento desses elementos. Elaborada por um grupo de trabalho interministerial forma do por integrantes do MME e MCT, a agenda também tem contribuições da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), do Ministério da Indústria e Comércio Exterior.

O documento, segundo disse Santos, é respaldado em informações e dados do governo e de especialistas do setor privado, colhidos em seminários realizados no País sobre terras raras. Sem destacar os pontos da agenda, Santos declarou que há, também, projetos de empresas de pequeno e de médio portes, iniciados pela Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (Fundação Certi), em elaboração para o desenvolvimento da cadeia produtiva de terras raras no País.

Hoje a China é o maior produtor mundial desses materiais, responsável pela produção de 120 mil toneladas anuais, o equivalente a 97% do total mundial. Até então esse mercado era liderado pelo Brasil, mas perdeu espaço justamente pela entrada estratégica da China na exploração de terras raras, que derrubou o preço e tirou a atratividade da produção interna. Hoje, porém, os preços são remuneradores.

Produção nacional atual - Segundo os últimos dados disponíveis, a produção nacional de terras raras somou 650 toneladas em 2009. É um resultado considerado modesto, apesar de o País "ostentar" o título de terceiro maior produtor mundial, atrás da China e da Índia. Esse último estaria em segundo lugar, com produção de 2,7 mil toneladas, segundo o documento. "O governo federal precisa retomar a atividade, que hoje não representa sequer 1% da produção mundial, num segmento em que o País já foi líder global", reforça o documento de Henrique.