Notícia

Banco Hoje

Seminário RFID: As Pesquisas de Universidades e Empresas

Publicado em 01 julho 2011

Cylon Gonçalves, presidente da Ceitec

Lembro há anos atrás quando era um jovem que não sabia nada sobre a realidade ter sido instruído por um mentor em Brasília que disse o seguinte: "Cylon, tem que lembrar que no Brasil tem lei que pega e lei que não pega". E também ocorreu agora que justamente temos esse mesmo problema com a tecnologia.

Tem tecnologia que pega e tecnologia que não pega. O Brasil está melhorando nesse sentido porque essa distinção entre lei que pega e lei que não pega está melhorando em relação ao que era há muitos anos atrás. Mas a questão da tecnologia permanece e vai continuar conosco por muito tempo.

Lembro das enormes promessas da tecnologia nuclear, que ia ser a salvação da lavoura, íamos fornecer energia abundante e barata, abrir canais, ser usada para propulsão de navios, aviões etc. Mas ainda vai pegar aqui já temos uma posição definitiva sobre essa tecnologia.

O fato é que se passaram 50 anos da minha adolescência e ela ainda não pegou. Em compensação as tecnologias de comunicação, por exemplo o telefone celular que mostra como rápido a nossa sociedade responde a uma tecnologia que pega.

Por que uma tecnologia pega? Os acadêmicos vão debater por muito tempo. Mas gostaríamos que a tecnologia RFID, que é de identificação eletrônica, pegasse no Brasil, acreditamos que tem tudo para pegar.

A CEITEC, enquanto empresa, está apostando pesadamente nessa tecnologia, é verdade que estamos na ponta inicial dessa cadeia, nosso negócio é projetai" e fabricar chips. Cadeia de um sistema extremamente complexo. Para nós, enquanto empresa, qualquer, sinergia com a academia, com outras empresas, órgão de fomento que ajude a alavancar esse mercado no Brasil é bom negócio para nós. Especialmente porque estamos em uma posição muito confortável de certo modo. Nós temos o monopólio de tags simples de RFID projetados no Brasil e eventualmente a serem fabricados por aqui. Pelo menos por enquanto durar esse monopólio.

Se tudo der certo esse monopólio não vai durar muito tempo, porque uma das funções sociais da empresa é justamente de alavancar todo espectro da indústria micro eletrônica no Brasil.

FERNANDO CLARO, vice presidente de Operações da Seal

A tecnologia RFID enfrenta um processo de adoção no mercado que é muito comum a todas as tecnologias de ponta novas, que é uma curva, que chamamos de curva normal, que tem o formato de um sino. Com o tempo e com a quantidade, com a penetração no mercado de consumo.

A tecnologia RFID está no segundo estágio. Os estágios macroscopicamente são: os visionários que adotam tecnologia a qualquer custo; os que adotam rapidamente vendo alguma possibilidade de retorno e quando a curva começa a crescer; e os retardatários aquelas empresas ou consumidores só de alta tecnologia. Depois que for comprovada por todo mundo extremamente amortizada e no final da curva os passivos que são totalmente refratários à ação da tecnologia.

A tecnologia está madura e comprovada, os modelos se justificam mas não se tem casos de sucesso ou dados suficientes para dar segurança para que essa massa comece a consumir e fazer a bola de neve subir. Isso se chama de gap de adoção à tecnologia.

Já se comprovou: os pioneiros já adotaram; quase todos os segmentos verticais precisam cruzar esse abismo. A forma de cruzar esse abismo é criar casos de sucesso. Comentamos de várias tentativas importantes. Os códigos de barra, em 90 ou 91, estávamos exatamente com esse problema no Brasil, tínhamos acabado de montar nossa empresa, tínhamos um leitor de código de barras excelente e não tínhamos código de barra em nenhum produto para ler. O sistema já se provava nos EUA e na Europa, funcionava que era uma maravilha e no Brasil não tinha código de barra para ler no produto e ninguém colocava porque os supermercados viviam um ciclo vicioso travado.

A GS1 no Brasil, na época, tentava motivar todos com um padrão, para colocar o código de barra. Mas para que colocar um código de barra num produto, se pode-se gastar um pouco mais para mudar a embalagem - e o ciclo se quebrava.

Resolvemos que íamos convencer o supermercado a comprar uma impressora de etiqueta e colocar uma etiqueta de código de barra em cada produto que entrar na loja. O retorno se mostrou de seis a oito meses na loja colocando uma etiqueta de papel em cada produto. Nessa hora as lojas começaram a pipocar e viram que a aplicação era muito interessante. Convencemos os fabricantes a colocar o código de barra na própria embalagem para parar de ter aquele gasto. O retorno foi melhor ainda. E se conseguiu fazer a bola de neve rolar.

Outro ponto em relação às universidades. Sentimos uma diferença muito grande entre as universidades e a iniciativa privada, sentimos dois caminhos distintos, às vezes divergências ou convergências mas totalmente distintos. É muito difícil saber quais são as linhas de atuação e de pesquisa das universidades, que não se preocupam muito em saber quais são as necessidades da indústria. Temos esforços muito independentes e não colaborativos.

Conseguirmos formas de promover essa colaboração, realizando trabalhos em conjunto, formas de autoconhecimento para que sintonize as nossas atuações com as necessidades de curto prazo dos empresários. Vivemos de curto prazo não tem jeito, podemos ter um projeto nacional, um projeto ético, mas vivemos do curto prazo, ninguém consegue bancar uma empresa por três, seis ou nove meses sem ter lucro.

A universidade tem um grande papel de gerar sementes para serem germinadas na indústria, além de se auto-incentivar e se auto-evoluir. Mas o principal papel é gerar sementes para a indústria e essa preocupação não vejo.

PROFESSOR JOSÉ ROBERTO AMAZONAS, PoliUSP

Vou tentar abordar dois aspectos: Primeiro, é que se falou de como desenvolver essa tecnologia. Tinha na apresentação do Vidal uma linha que é fundamental haver o reconhecimento em relação a Internet das Coisas que é altamente multidisciplinar. Se olharmos e discutirmos apenas tecnologia estaremos cometendo um enorme equívoco. A discussão tem que ser integrada com modelos de negócios, fatores humanos, gerenciamento integrado, segurança e privacidade e devo estar esquecendo alguma coisa * a mais. Quando se fala do modelo multidi-mensional quer se falar em descobrir como é a inter-relação entre essas diferentes dimensões. Quando conhecermos essas in-ter-relações é que teremos a capacidade de criar itinerários realistas a partir de cenários que são definidos.

Ou seja, não podemos dizer que queremos fazer uma aplicação, por exemplo, de gerenciamento de tráfego. Não faz sentido algum. Tem que dizer que quer fazer uma aplicação de gerenciamento de tráfego na cidade de São Paulo ou na cidade de Buenos Aires, por exemplo. E daí trazer as variáveis de entrada desse cenário. Podemos ter um problema de não termos uma tecnologia, ainda não desenvolvida. E em Buenos Aires podemos ter um problema de legislação. As ações a serem feitas num outro lugar são absolutamente distintas.

Se não tivermos esse modelo, se não compreendermos essa inter-relação, qualquer plano é o que chamo de chute educado. E chute educado posso fazer, se quer três projetos e no final do dia posso tê-los e publicá-los.

Esse é um aspecto que queria enfatizar dessa multidisciplinalidade, que vai além do reconhecimento das várias dimensões, mas temos que ir para o entendimento da interdependência dessas dimensões. Isso que vai nos propiciar fazer projetos realistas.

O Fernando Claro mencionou a distância entre universidade e empresa. A palavra distância é suave, é um completo divorcio entre os atores que temos entre a universidade, empresa, centros de pesquisa e governo. Cada um trabalha isoladamente, são ilhas que não se comunicam voltadas para si com objetivos próprios. Isso provoca situações, de uma empresa procurar um centro de pesquisa e digamos não ser atendido, provoca a imagem do divórcio, de não se interessar pelos problemas de curto prazo e até uma tensão de relacionamento.

O fato é o seguinte, trabalho na universidade voltado para mim, a empresa trabalha voltada para si, não temos um ponto de intersecção. Dessa maneira quando uma empresa vem me procurar com uma necessidade, a probabilidade da necessidade da empresa estar dentro dos meus planos e objetivos é quase nula. Portanto atendê-la pode representar ter que desviar recursos de uma atividade para atendimento da empresa. E lamentavelmente, isso será mal visto no meio acadêmico.

A universidade não foi feita para formar alunos, isso é um engano, temos que fazer papers Somos medidos e isso é importante que o mercado saiba a produtividade da universidade hoje tem uma única métrica, que é escrever papers em quantidade, não importa onde publica . Formar aluno é efeito colateral. Hoje em dia essa é a lamentável realidade da universidade, aluno atrapalha - seja de graduação ou pós-graduação - como cliente atrapalha o negócio provavelmente. Essa realidade que a métrica de produtividade para universidade é só papers é um absurdo é uma estupidez. Essa é a realidade que vivemos e também está por traz de muitas das atitudes da academia. Precisaríamos criar algo que trouxesse a intersecção entre esses atores, trouxesse interesse comum para que esses atores, dado interesse comum, colocassem seus talentos para atender esse objetivo, viessem a se conhecer e pudessem então colaborar. O que poderia ser isso? O que não temos? Tomo de novo como exemplo o caso da Comissão Européia. Não precisa ser igual, mas é um bom exemplo. O que há nela? Há agenda estratégica de pesquisa e desenvolvimento e essa agenda é transformada num programa de trabalho.

Esse programa de trabalho tem desafios e objetivos e por meio de editais que visam atender essa agenda estratégica de uma região que poderia então ser algo para o País, faz editais para que projetos sejam submetidos. Esses projetos devem ser de forma consorciada e deve haver a participação da academia, centros de pesquisa e indústria. Então se cria um mecanismo que atrai todos os atores para atender um objetivo. E a partir daí isso pode se multiplicar em outras colaborações. Não estou sugerindo que se copie a Comissão Européia, mas sugiro que se crie um instrumento que seja estratégico para o país, que tenha objetivos definidos, e que atraia, ou que cada ator ponha o seu talento para atender aquele objetivo.

SÉRGIO ROBLES REIS DE QUEIROZ, coordenador adjunto-Inovação Tecnológica Diretoria Científica - FAPESP

Vou expor muito brevemente os programas de apoio à pesquisa para a inovação da FAPESP, em particular o programa que justamente está voltado para resolver um desses problemas que foram colocados pelo Fernando Claro e Professor Amazonas, que é a fraca interação entre empresas e universidades. A FAPESP é uma fundação de apoio à pesquisa em São Paulo e foi criada em 1962, irá fazer 50 anos, cujo objetivo é financiar pesquisa no Estado de São Paulo.

Pesquisas de todos os tipos: pública; privada; acadêmica; básica; fundamental; aplicada e voltada para a aplicação. Recebe 1% de toda a receita tributária do Estado de São Paulo para financiar pesquisas de toda natureza em todas as áreas de conhecimento.

Mais ou menos metade desse orçamento vai para aquilo que chamamos de pesquisa acadêmica, que é a pesquisa cujo tema é definido pelo pesquisador, Existe uma parcela grande, um terço mais ou menos que vai para bolsas de diversos tipos e um tanto significativo porque o orçamento é razoável. Tem orçamento de 900 milhões de reais que vai para pesquisas voltadas para aplicação. Entre essas pesquisas voltadas para aplicações existem dois programas em particular que vou destacar: Pesquisa Inovativa na Pequena Empresa (PIB) que é para financiar pesquisas executadas em pequenas empresas.

Essas pequenas empresas entendemos como empresas de até 100 empregados, é um programa em duas fases, a primeira é a prova de conceito que dura até nove meses e depois tem uma fase de execução da pesquisa propriamente que dura até dois anos. Na primeira fase tem um teto de 125 mil e na segunda fase um teto de 500 mil para execução da pesquisa. Isto não é um empréstimo é um dinheiro a fundo perdido.

O programa PIT da FAPESP, parceria para inovação tecnológica, é um programa desenhado exatamente para este objetivo de fomento a pesquisa colaborativa entre empresas e instituições de pesquisa paulistas. E um programa que não há limite, uma empresa procura uma instituição de pesquisa ou o contrário, uma instituição de pesquisa procura uma empresa e propõem projetos, submetem a FAPESP que financia tipicamente 50% do custo. Esse percentual pode variar de 20 até 70% do custo, mas tipicamente são 50%.

Mas recentemente a FAPESP tem estimulado muito uma modalidade de PIT que se chama PIT Convênio, e funciona da seguinte maneira: a FAPESP e a empresa estabelecem um convênio no qual se comprometem a aplicar certo montante de recursos num certo período de tempo para financiar pesquisa em determinados temas que a empresa define.

São lançadas chamadas periódicas pode haver uma especificação maior desses temas nas chamadas. De qualquer maneira esta é idéia que a partir dessas chamadas a empresa possa inclusive, procurar uma determinada instituição de pesquisa de São Paulo e propor um projeto.

O que observamos na FAPESP é que há um interesse cada vez maior das empresas em realizar e utilizar esse tipo de instrumento que existe para reforçar os laços com as instituições de pesquisa de São Paulo.

Há inúmeros terrenos comuns que esses dois distintos animais -empresa e academia - podem trabalhar. Na verdade o que se observa, o que não é possível é imaginar, por exemplo, que a universidade vá resolver certos problemas de pesquisa que é a empresa que tem que resolver problemas de curto prazo e imediatos. Isso não é possível de fato não funciona desse modo. Como também não é possível a universidade ter uma expectativa com relação ao que a empresa vai oferecer e vai se interessar etc. A universidade cada vez mais percebe que essa interação é positiva do ponto de vista de preparar melhor os seus alunos.

Sobre esse assunto é importante também separar isso. A FAPESP atua no financiamento à pesquisa. A universidade realiza a pesquisa, pode ser aplicada não tem problema mas tem que ser pesquisa, tem que envolver criação de novo conhecimento.

Estamos aprendendo a fazer isso, temos sinais de que isto está avançando a partir do que se observa, por exemplo, na utilização dos PITs, o aumento extraordinário dos projetos PIT financiados pela FAPESP, especialmente na modalidade convênio. O convênio PIT com a Vale do Rio Doce, 40 milhões de reais, metade desse valor de cada empresa. A PIT com a SABESP, 25 milhões de cada empresa.

Há uma série de convênios desse tipo e recentes, as empresas têm ido com muito mais freqüência a FAPESP buscar e estabelecer seus convênios. Percebemos que este caminho está começando a ser desbravado e acredito que vai avançar mais.

GABRIEL MARÁO, presidente da Perception

E bom expor a divergência para que possamos obter a sinergia, de como é que poderíamos realmente dentro de um projeto de nação, cidadania ou outro nome bonito que quiserem dar, como poderíamos juntar a academia, o centro de pesquisa e empresa. A empresa que falamos, e notem que falo de Internet das Coisas e RFID essa é a oportunidade que estamos vendo para desenvolver. É a empresa desenvolvedora de algo. O denominador comum que faltou aqui, e eu fui um dos organizadores e não estou criticando ninguém, é o usuário final. Ou seja, o denominador comum tem que ser o supermercado, a indústria que vai ter menos perda, a empresa de logística que também vai ter menos peso, algumas dessas definições provavelmente tem que ser mantidas é da Constituição do Estado.

Teríamos que ir à FINEP ou na FAPESP por conta de projetos, desta forma que saiu aquela idéia de projeto estruturante que era de ter o governo comprando algum projeto. Porque precisamos nessa sinergia é conseguir que mais pessoas entendam o que é a IOT e use, não vamos ter necessariamente muita pesquisa. Vamos ter pesquisa no CEITEC, talvez um ou outro projeto em conjunto com a POLI-USP, vá ter pesquisa para melhorar o de um leitor, coisas como o Kleber falou pode ser um projeto junto com a POLI-USP para melhorai- custo.

Mas realmente o que queremos é sinergia para que as nossas indústrias de qualquer setor passem a usar. Nos hospitais some não para sempre mas some na hora que se precisa usar o aparelho de Raio X, em hospitais do melhor padrão de São Paulo, o aparelho é lavado para o quarto e some e ninguém sabe onde está. Outro caso é levar o paciente na cama para fazer uma tomografia, não conseguem achar a cama em tempo hábil.

Tem aplicações de RFID que melhorariam muito e reduziriam o custo. Em conjunto com a POLI-USP chegamos a fazer um projeto que apresentamos para o BNDES naquele projeto FUNTEC e tinha uma empresa grande junto conosco para fazer um sistema de RFID para transporte de cargas. Conseguimos provar que o projeto se pagaria. A pergunta foi porque então se precisa do incentivo do governo se tem um cliente grande? E uma tecnologia nova se não conseguirmos colocar essa tecnologia para serem testadas por clientes importantes, clientes que consigam usar, eles não vão usar. Isso tem uns três anos atrás.

Vamos dizer que todo mundo é usuário e irá para o RFID, e irá quando se provar que é econômico, não podemos nos iludir. Tem que ter um esforço, e esforço é quando falamos do projeto estruturante ou qualquer outra idéia que tenhamos de que o usuário possa testar num custo muito baixo. Temos exemplo, Fernando falou quando começou a se usar o código de barras no comércio, tenho uma visão de o que fez usá-lo foi à alta inflação, se pagou em seis a oito meses porque não precisava ficar colocando etiqueta de preço, quer dizer, punha a etiqueta do código de barra e podia mudar o preço todo dia. O apelo era aquele. Teve um estimulo, o governo via a alta inflação e subsidiou a introdução do código de barra em todo lugar.

Vivi a criação do Itautec porque estava no Banco Itaú, sei que muito foi por isso. E os bancos investiram pesadamente, o Itaú investiu e o Bradesco também. Os bancos argentinos quebraram todos e os brasileiros ficaram bem, quando veio a alta inflação.

A tecnologia, se conseguirmos que o usuário use, vai melhorar o país. Quando falo que temos que convencer todo mundo que a IOT é uma tecnologia de futuro, é porque nós precisamos estar convencidos para saber que vale a pena que o país use, porque se o país usar vai reduzir o custo de logística. E absurdo o número que se perde em transporte no Brasil, pois fizemos um estudo sobre isso por extravio de mercadoria e assim por diante. Nos hospitais também se tem uma perda muito grande.

Proponho conseguir que o usuário use porque é isso que nos une. Se conseguir que o usuário use, é isso que proponho é o que nos use, e é isso que proponho que seja que se convença que é importante porque então a FAPESP consiga criar uma linha de introdução em tecnologia, não é propriamente pesquisa, mas talvez consiga. Mesma coisa para a FINEP que tem que ter algum estimulo, na época foi a reserva de mercado de um lado que assustou os bancos que fizeram investimentos neles próprios e a inflação.

Na verdade não tem um histórico de como a automação deu algum salto. O primeiro foi em 1992 quando acabaram com a reserva de mercado e aumentou integralmente o acesso aos equipamentos necessários para automação. Tem que ter os recursos para as empresas. Nessa época a inflação ainda estava alta. Em 1994 foi quando acabou a inflação, porque até então se ganhava 70% ao mês na ciranda financeira. Esse momento que o Fernando levantou que se pagava era na alta inflação, se pagava pela etiqueta.

ANDRÉ DE CASTRO PEREIRA NUNES, chefe de Departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação da FINEP

Começamos a reunião desse painel e o Fernando colocou a distância da universidade e da empresa, depois o professor Amazonas tratou do divórcio da universidade com a empresa, depois meu amigo da FAPESP tratou já de uma aproximação, o

Gabriel já falou das formas de aproximar e eu quero mostrar o namoro ou se conhecendo melhor nos termos dos globais hoje em dia. A FINEP é a Agência Brasileira de Ino-Vação, um órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia que tem como objetivo financiar pesquisas, desenvolvimento e inovação nas empresas e nas universidades. Quando falo universidades também falo dos institutos científicos e tecnológicos.

O primeiro slide é para mostra basicamente o momento favorável que estamos vivendo em termos de orçamento de pesquisa tanto nas universidades quanto nas empresas. A FINEP que em 2000 operava em torno de 300 milhões. Este ano nossa idéia é passar de 4 bilhões e meio de investimento, falamos de um período de dez anos. E um investimento muito grande e não só nas universidades, mas também nas empresas, quero mostrar como essas coisas estão acontecendo e o que é o aprendizado de todo o processo de aproximar as universidades com as empresas.

Temos feito isso há algum tempo e descobrimos alguns erros que praticamos, em função disso melhoramos alguns processos que vou explicar. Basicamente temos três linhas de atuação: uma com uma agência de fomento as pesquisas das universidades e CTs (49:47); a outra é como um banco oferecendo crédito para as empresas e a parte de subvenção economia que é recurso não reembolsável para a empresa que foi uma grande inovação para o país.

Na Internet das Coisas o pressuposto básico é que se tenha internet, tem que ter a conectividade. O governo brasileiro pode ser que em ambiente controlado, fechado não precise, mas se pensa em escala para serviço de saúde tem que ter uma grande rede de integração, porque se não vai ter uma integração local. O que o governo tem feit, no Ministério das Comunicações é o plano nacional de banda larga seja através daTelebrás, construindo uma estrutura, tentando prover serviços para regiões em que não é lucrativo para as concessionárias de serviços de telecomunicações, ou então na própria negociação na redução de preços de padronização da banda larga de 1 mega.

Tem um esforço bastante grande para se conseguir popularizar a internet e dar acesso que é um pressuposto básico para a Internet das Coisas.

As ações que a FINEP tem feito são investimentos em microeletrônica desde aplicação na design houses, nos treinamentos até no próprio CEITEC temos investido recurso. Tem um esforço bastante grande na questão da microeletrônica que é a base para se conseguir fazer a Internet das Coisas.

Temos colocado praticamente em todas as chamadas de TIC a parte de desenvolvimento de sensores e transmissores, todo o sistema de transmissão, é uma das questões onde estamos focados em financiar. A FINEP já financia projetos de RFID, já tem alguns projetos de sensores bastante interessantes, mas são protótipos e poucas são comerciais efetivamente. Então quais são as aplicações que podíamos entrar de uma forma mas contundente? De que forma o governo poderia comprar as soluções? Temos visto a Telebrás nos leilões que fez para aquisição de equipamentos, dos sete leilõefy que fez seis ganharam empresas na-j cionais principalmente porque foi mudada a legislação de tal forma que se i preço for até 25% superior cubrasse o produto nacional. O único que não for um produto nacional foram os equipamentos de corda e rede que só tem quatro fabricantes no mundo: Cisco, Hauey (54:36), ZTE e Juniper. São os quatro que fazem esse tipo de equipamento.

Quais são os roadmaps, quais são as ações que devem ser feitas tanto pelas universidades quanto pelas empresas. Não é errado ir conversar e levar planos, em vez de ir cada um isoladamente porque a resposta quando vai cada um sozinho geralmente é não, um grupo com uma representatividade apresentar um documento, um estudo de quais são as possibilidades, onde se tem que colocar dinheiro o que se pode fazer disso.

É uma missão que talvez esse fórum tenha que abraçar e tentar levar ao governo, que são algumas sugestões não pontuais mas de uma forma global para que possa fazer isso, pensando tanto nos recursos que tem que ser para universidade quanto para a empresa para conseguir pegai" nesse caminho que estamos trilhando.

Temos financiamento reembolsado tanto para as empresas quanto para as universidades. Descobrimos uma coisa bastante interessante nas nossas chamadas de sub-venção econômica. Na primeira chamada percebemos que várias empresas que estavam se colocando na verdade eram projetos da universidade e que a empresa estava como uma espécie de laranja.

Mudamos algumas coisas no edital desse ano, colocamos que precisava ter um plano de negócios da empresa para uso daquela tecnologia e principalmente que iria ter uma etapa de defesa oral com um representante da empresa, não poderia ser ninguém da universidade tem que ser um funcionário da empresa. As propostas caíram pela metade, não sei se foi a dificuldade de fazer um plano negócios ou porque na verdade a demanda era essa mesmo de empresa ser a metade. Temos tentado ajustar nossos mecanismos para que o dinheiro que vai para a universidade seja para pesquisa básica, que vai para empresa seja de desenvolvimento do produto.

No SBTVD dividimos todo o sistema de televisão digital em vários segmentos e fizemos chamadas públicas e contratamos consórcios de universidades para trabalhar através de editais. Foram formados 22 consórcios, 79 instituições e tinha universidade e empresa, foi uma mobilização de quase 1.300 pesquisadores e a FINEP financiou 38 milhões de reais. Além disso, as empresas também colocaram dinheiro, quando se pega essa ação o valor é muito grande.

Falamos da divergência ente universidade e empresa, a universidade com universidade também não se entende é uma relação que não é só universidade empresa, as próprias universidades têm dificuldade para se entender, O lado bom disso é que eu tinha três compromissos aqui em São Paulo, dois foram com universidade e empresa em que a empresa está tomando financiamento com a FINEP e que parte do recurso ela vai pagar para a universidade ajudar no desenvolvimento. Já se começou a perceber isso porque por uma questão orçamentária desse ano tudo que era recurso que impactava na questão dos recursos que eram usados em função da questão fiscal, quer dizer se não podia gastar muito, o que entrava para esses recursos que eram contingênciados para gerar superávit primário, E os recursos que eram empréstimos não contavam para isso.

As empresas começaram a ter mas recursos do que as próprias universidades e isso fez com que a universidade fosse até as empresas propor esses desenvolvimentos. Basicamente existe um momento que é propício para isso, para que as empresas e as universidades se entendam. Na área de TIC está mas fácil do que em outras áreas. Nas empresas de TIC, as grandes são poucas talvez umas 20 que são maiores, as pequenas temos criado mecanismos que de alguma forma elas são ou geradas dentro da universidade, são incubadas, são desenvolvidas. Temos trabalhado com subvenção econômica para tentar dar um pouco mas de corpo para algumas pequenas e médias para se tornarem grandes empresas. Mas é um momento bastante favorável a esse tipo de desenvolvimento.

O governo tem visto a Internet das Coisas como uma prioridade e a parte de comunicação de sensores principalmente. Tem feito investimentos que embora não sejam coordenados em uma ação chamada Internet das Coisas, mas são investimentos que propiciam que essa área possa ser desenvolvida. Nós estamos a disposição, hoje o custo de um recurso da FINEP mesmo reembolsável é subsidiado basta dizer que é a 4% fixo ao ano, poupança da 6%. Se pegar o seu recurso próprio e colocar na poupança e usar o recurso da FINEP se ganha 2% ao ano. Então as empresas procurarem a FINEP para fazer desenvolvimento nessa área parece que não é um investimento muito ruim ao invés de colocar capital próprio no desenvolvimento.