Notícia

Jornal Cidade (Rio Claro, SP)

Seminário discute institutos de pesquisa

Publicado em 31 outubro 2003

O evento teve como objetivo conscientizar as autoridades públicas da importância da pesquisa para o desenvolvimento do país. Além disso, a realização do seminário foi uma tentativa de reverter a tendência de queda que a economia vem sofrendo há duas décadas. Na ocasião, os participantes traçaram um diagnóstico do atual sistema público de ciência e tecnologia. No topo das discussões estavaopapelda tecnologia aplicada - em especial a desenvolvida pelos institutos de pesquisa na área agrícola O seminário contou com a presença de diversas autoridades e entidades, entre elas a Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (ApqC); a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); a Associação Paulista de Municípios (APM); e dos deputados estaduais Nivaldo Santana e Ana Martins (PCdoB); Ricardo Castilho (PV); Aldo Demarchi (PFL); Carlinhos Almeida; Mário Reali e Sebastião Arcanjo (PT). Durante o evento foi traçada uma breve história da posição econômica do Brasil no cenário mundial. A questão foi lembrada na fala do professor e empresário Silvério Penin Y Santos. Ele comparou o crescimento a taxas médias de 6% ao ano durante o período de 1950 a 1980, e sua inversão nas décadas seguintes, o que fez a posição do Brasil cair de 8ª para 13a economia do mundo, e com previsão de cair ainda mais, para a 15ª ou 16ª posição. O professor ainda lembrou do aumento da demanda tecnológica na atual era pós-industrial e criticou duramente o aprofundamento das diferenças sociais que acompanharam o alto desenvolvimento técnico e a integração econômica da globalização. "A pesquisa, no Brasil, tem poucos investimentos privados, basicamente porque há forte participação de multinacionais em empresas brasileiras", disse ele. "Isso leva à busca de pesquisa e inovação tecnológica nos países de origem", completou. A redução do Estado e a globalização foram criticadas, também, por Popílio Ângelo Cavalieri, ex-diretor do Instituto Agronômico de Campinas, que considera os dois processos responsáveis por fortes crises econômicas, políticas e de desenvolvimento. A legislação atualmente aplicada aos institutos de pesquisa estaduais foi também objeto de críticas. Segundo Nelson Braga, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), "estamos diante de um quadro, hoje, dramático". Ele lamenta que há dez anos não se façam concursos, não só para pesquisadores, mas para pessoal de apoio. Segundo ele, em quatro ou cinco anos, 60% do quadro de pesquisadores IAC irá se aposentar, e o mesmo deve ocorrerem outros institutos. César Callegari, coordenador do escritório paulista do Ministério da Ciência e Tecnologia, afirma que o Governo Federal tem uma postura de apoio aos institutos públicos, mas destacou que "a capacidade estatal para patrocinar o desenvolvimento econômico é muito restrita". Por outro lado, Callegari defende participação intensa dos institutos na obtenção de recursos: "Os institutos de pesquisa de São Paulo têm tido uma atuação muito acanhada na disputa por verbas". O coordenador destacou ainda o papel da Fapesp como financiador de projetos em São Paulo. O prefeito de Rio Claro, Cláudio de Mauro, vê a contribuição das universidades e dos institutos como imprescindível para o desenvolvimento econômico. Entretanto, destacou também a limitação financeira dos municípios, e cobrou maior contribuição do Governo Federal, até para os fins da Lei de Responsabilidade Fiscal, que impede endividamento excessivo. Segundo ele, os discursos sempre são pró-municípios, mas a prática não tem seguido, a mesma linha. Para Cláudio, "pelos menos 5% do PIB deveriam ser dedicados à pesquisa.