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Informática Hoje

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Publicado em 01 de dezembro de 2003

Por GILBERTO MAUTNER - Diretor de novos negócios da LocaWeb
Num artigo polêmico, IT doesn't matter (TI não interessa), o jornalista e escritor Nicholas Carr obrigou a comunidade de profissionais de Tl a refletir sobre seu próprio papel e sua importância dentro das empresas em que trabalham. É irônico, mas as razões usadas para justificar essa tese, TI não interessa, deveriam levar justamente à conclusão contrária: Tl está ficando cada vez mais importante e vital. Vejamos os argumentos: segundo Carr, a indústria de tecnologia da informação segue um padrão similar ao de outras indústrias, como a de energia elétrica e ã de estradas-de-ferro. Mais adiante, diz Carr, ela se tornará invisível, não importará mais, não interessará mais, à medida que surgem mais opções e opções mais baratas. O artigo vem na onda de uma nova concepção, que tenta comparar Tl a Utilities ou a commodities como gás, luz, etc. Essa visão não poderia estar mais equivocada. Em primeiro lugar, toda commodity tem um preço de mercado estabelecido, em que o fornecedor quase não importa, a ponto de ser praticamente irrelevante. Em Tl, a mesma tarefa pode ser executada com produtos que custam de uma fortuna a, literalmente, nada — sim, estou falando de open source Alguém já ouviu falar de energia elétrica gratuita, sem recorrer a um crime, um gato? Se Tl fosse uma commodity, a escolha recairia sempre sobre o mais barato. No entanto, não vemos todas as empresas usando open source para todas as aplicações. Vale a pergunta: por que não? Alguém poderia argumentar que, em certos setores da Tl, já existem um ou mais fornecedores-padrão. É só escolher o mais popular e pronto! — TI não interessa. Todos sabem qual é a grife dos sistemas operacionais para micros de mesa; ou dos bancos de dados; ou dos roteadores; ou dos storage; ou dos ERPs. Tenho a certeza de que os mesmos nomes surgem à mente de todos. Contudo, ao contrário do que desejariam a Microsoft, a Oracle, a Cisco, a EMC ou a SAR o mercado não optou uniformemente por fornecedor nenhum. Então, se o caro usuário precisa de sistemas operacionais, de banco de dados, de roteadores, de storage ou de ERR qual deveria ser a escolha? Só um profissional irresponsável diria doesn't matter, escolha a grife. Ou, no outro extremo da irresponsabilidade, doesn't matter, use o mais barato, desde que funcione ao ligar na tomada. É nessa hora que Tl importa: na hora de escolher o fornecedor. Quem aparecer com uma fórmula mágica para a escolha do melhor fornecedor ficará bilionário. Se Tl não interessa, por que ninguém ainda descobriu essa fórmula? O fato é que o profissional de Tl ainda é a chave para a escolha certa do fornecedor. Nestes tempos pós-nova economia, voltou a valer a fórmula receita menos despesa é maior que zero, e isso transforma o profissional de Tl também num economista, que, a cada escolha, precisa comparar os ganhos e os custos. Não é tarefa fácil. É preciso compreender, ao mesmo tempo, as necessidades do negócio e as minúcias técnicas da solução. É preciso avaliar diversos caminhos, todos chegam ao mesmo resultado, mas com custos e riscos distintos. Às vezes, a melhor opção é um produto de grife. Às vezes, um produto de prateleira, sem grife. Às vezes, um produto feito em casa, possivelmente em cima de outro produto open source. Já passamos por tudo isso na LocaWeb. Na rede do nosso datacenter, toda a infra-estrutura de roteamento é feita com produtos da Cisco; mas, no escritório, é feita com produtos da D-Link. Nosso principal roteador, o que transporta todo o trafego a mais de 250 milhões de bits por segundo, o que faz balanceamento de carga entre os links da Embratel e da Fapesp, é um servidor Intel, com sistema operacional Linux, roteador open source Zebra, placas Gigabit Ethernet e ATM. A função é a mesma; os preços, muito diferentes. Commodity? Estamos também migrando nosso sistema de armazenagem para uma marca de grife. Hospedamos sites feitos para Microsoft Windows e para Linux. Nosso e-mail foi desenvolvido em casa, a partir de soluções open source. Já estou ouvindo a pergunta: afinal, de que lado está a LocaWeb? Resposta: a LocaWeb está do lado do lucro. A função da LocaWeb, como de qualquer outra empresa, é a maximização do lucro. E, surpresa, Tl é essencial na busca do lucro. Nosso amigo escritor afirma que a Tl torna-se irrelevante à medida que as alternativas aumentam e o custo diminui. Discordo. Se Tl é crucial na busca do lucro, como acredito que é, mais alternativas e mais alternativas baratas apenas aumentam a complexidade de escolher bem Tl. E pergunto: se Tl não importa, o que importa?