SÃO PAULO — A moderna odontologia substituiu as extrações por tratamentos de canal, trocou os dentes postiços por implantes de titânio e desenvolveu novas gerações de anestésicos. Nada disso, porém, conseguiu tirar da cadeira do dentista a aura de constrangimento que nossos bisavós conheciam. A tecnologia, agora, finalmente se volta para a humanização do consultório dentário.
Uma série de novidades apresentadas na 2o Feira Internacional de Odontologia, no pavilhão do Anhembi, em São Paulo, propõe-se a amenizar o desconforto de ficar horas com a boca aberta, à mercê dos motorzinhos.
Uma das novidades é o Acu-Cam, uma mini-câmera de vídeo acoplada a óculos virtuais que permitem ao paciente ver, em detalhes, o problema que tem nos dentes. Ou não. Também é possível distrair-se com um filme ou um programa de televisão.
Para os profissionais, o uso do equipamento se justifica por outras razões. "Com estas imagens, o dentista documenta todo o tratamento", diz Moacyr Novelli, professor da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Acoplado a uma impressora, o equipamento ainda custa caro: de R$ 12 mil a R$30 mil.
Estresse — No Rio, o dentista Herber Lopes já adotou os óculos virtuais. Sua experiência, porém, mostra que é melhor o paciente se divetir com videogames e programas de televisão do que ver o próprio tratamento, o que causa estresse desnecessário. "O que os olhos não vêem, o coração não sente", resume Herber.
Outra vedete da feira é uma máquina computadorizada que esculpe restaurações sem a necessidade de tirar moldes da arcada dentária. É o Cerec, equipamento fabricado pela Siemens. Dotada de uma microcâmera que fotografa o dente depois de aberto e limpo pelo dentista, a máquina constrói um esquema gráfico da incrustação ideal.
Em seguida, a máquina esculpe, num tablete de cerâmica de alta resistência, a restauração idealizada pelo computador, do tamanho exato do rombo do dente. O equipamento faz isso em de dez minutos, e o paciente resolve problema em uma consulta.
O conforto também é a tônica no estande da companhia Castellini, que leva o design italiano e a ergonomia ao consultório. A Castellini está exibindo cadeiras de dentista informatizadas, que guardam informações sobre a altura e a posição ideal para cada paciente.
A informática também está mudando os equipamentos de raios X. Um microprocessador da companhia finlandesa Soredex-Finndent faz registros dentários, expondo os pacientes à metade da radiação das chapas comuns.
Notícia
Jornal do Brasil