São Paulo - Uma pequena empresa graduada do Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), a Adespec - especializada em desenvolvimento de selantes sem solventes -, vem atraindo a atenção de multinacionais, interessadas na sua pesquisa, infra-estrutura e custos mais baixos. O uso da tecnologia e da matéria-prima nacionais saem mais em conta do que o produto que elas costumavam importar.
A Adespec está desenvolvendo uma cola para juntas de placas cimentícias. O lançamento do produto está previsto para janeiro de 2005. Até hoje. essas placas não eram comercializadas no país pelas indústrias do setor de construção civil por não haver uma cola brasileira que resistisse ao intemperismo, que provocava rachaduras. A única opção era o produto norte-americano de custo mais alto. Neste projeto, a Adespec tem parceria com três multinacionais do setor de construção civil. Ela prefere não divulgar os nomes das indústrias até o lançamento do produto. Com as parcerias, a empresa pro-jeta o dobro do faturamento de 2004, que saltaria para R$ 1,2 milhão. Em 2003, a empresa faturou R$ 300 mil; para este ano, espera dobrar a quantia.
Wang Chu Chen, diretora da Adespec, garante que a empresa consegue atender à grande demanda das multinacionais e atribui isso ao respaldo na área de pesquisa. A empresa utiliza a capacidade instalada da Universidade de São Paulo (USP), do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) para desenvolver e testar seus projetos. Hoje, a fabricação da cola da empresa varia entre 3 a 4 toneladas por mês.
Para maio de 2005, Chen prevê outro lançamento de um selante à base de poliéter de silil terminado. O produto pretende substituir os selantes de poliuretano e silicone, que são todos importados dos Estados Unidos. No exterior, a tecnologia está no mercado há pouco mais de um ano. A diretora lembra que o custo sairia mais em conta para o consumidor final, já que é todo desenvolvido no País, além de usar matéria-prima brasileira.
De acordo com Chen, a Adespec realizou testes, que mostraram que o produto apresenta melhor qualidade nos quesitos de estabilidade, performance e facilidade de uso.
Esse projeto contou com o financiamento do Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado de SP (Fapesp)e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) de R$ 500 mil e R$ 80 mil, respectivamente. A Adespec investiu R$ 300 mil na pesquisa iniciada em 2002. A perspectiva desse mercado é de R$ 100 milhões ao ano.
A empresa está indicada ao Prêmio Anprotec 2004, na categoria Empresa Graduada.
Direcionamento de mercado
A partir deste ano, a empresa direcionou a sua produção para o consumo popular. Inicialmente, a aplicação do Prego Líquido, produto desenvolvido em 2001, era feita apenas no setor de construção civil. Por ser a primeira cola brasileira a não usar solvente em sua composição, a Adespec ganhou destaque no mercado. Os benefícios disso são a redução da poluição do meio ambiente e a diminuição dos danos à saúde dos trabalhadores que utilizam esse produto.
"Uma dona-de-casa poderá usar o produto que tem a mesma performance da cola usada em escala industrial. A utilização serve para tudo e o produto não 6 tóxico", observa Chen. A diretora considera o mercado doméstico bastante promissor.
A diretora ainda destaca o melhor desempenho do produto nos testes de laboratórios em relação aos outros em aderência e resistência ao calor (até 200 graus) e umidade. Ela atribui isso aos novos porímeros criados para a composição do produto.
A empresa tem alcance em 19 estados do País. Atualmente os negócios são voltados apenas para o mercado interno. Segundo Chen, a empresa está sondando direcionamentos para exportar a tecnologia.
As instalações da Adespec estão concentradas no campus do IPT, na Divisão de Química. No espaço são desenvolvidos e fabricados os produtos com os pesquisadores do instituto.
Natália Suzuki
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