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Jornal A Voz da Serra

Segundo pesquisadores, eficácia das vacinas não são comparáveis

Publicado em 06 fevereiro 2021

Por Karina Toledo| Agência Fapesp

Em webinar promovido pela Fapesp, especialistas pedem ainda que a população tome o primeiro imunizante que tiverem oportunidade Segundo pesquisadores, eficácia das vacinas não são comparáveis Entre as diversas vacinas contra a Covid-19 já aprovadas no mundo, qual é a melhor? Para especialistas que participaram de um web inar sobre o Lema promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp ”), ainda não é possível respondera essa pergunta. Como os imunizantes foram desenvolvidos por técnicas diferentes e testados em condições distintas, os resultados dos ensaios clínicos de fase 3 já concluídos simplesmente não são comparáveis. “ Não dá para dizer que a proteção de uma determinada vacina é melhor que a de outra, pois elas não foram comparadas entre si e os desfechos clínicos avaliados[ em “ ada um dos estudos de fase 3 são diferentes ”, disse Ricardo Sobhi e Diaz, professor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (U niles p), ao ser questionado sobre qual seria o imunizante de sua escolha. “ Não há respaldo científico para essa resposta ”, afirmou. Na avaliação da infectologista Mirian Dal Ben, do Hospital Sírio-Libanés, as pessoas devem Lomar'' a primeira vacina que tiverem oportunidade ”, pois todas estão sendo testadas com rigor e nenhuma será aprovada se não houver dados de segurança e eficácia que justifiquem a liberação do uso em larga escala. Esta também foi a posição defendida pelo professor Eduardo Massad, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (). `` Entrei no protocolo do Instituto Butantan para avaliar a resposta imune do idoso. Portanto, já tomei a CoronaVac. Mas tomaria qualquer uma. À primeira que aparecer, tomem. Qualquer uma delas protegerá contra a doença, que é o que interessa ”, reiterou o médico. Durante o evento, Diaz explicou as diferentes plataformas existentes para a produção de vacinas. A mais antiga e estudada é a de vírus inativado, como é o caso da CoronaVac (da chinesa Si novac Biotech e testada no Brasil pelo Butantan) e da Cova xin (do laboratório indiano Bharat Biotech). Esse tipo de imunizante já é usado no combate a doenças como gripe, cólera, raiva, poliomielite, hepatite À e peste bubônica. A técnica consiste em cultivar o patógeno em laboratório e inativá-lo com calor ou radiação para que, ao ser injetado no organismo humano, não cause doença, mas induza uma resposta de defesa.

 

Outros quatro tipos de vacina estão em desenvolvimento ou já estão sendo utilizados em programas nacionais de combate à Covid-19: as de vetor viral (como a russa Sputnik Va britânica Oxford com a astrazeneca; e a norte-americana da Janssen johnson Johnson; e as genéticas, dos laboratórios Moderna, Pfizer/ Bion tech e Fosun Pharma. Dal Ben explicou como são os estudos clínicos dedicados a avaliar a eficácia dos imunizantes. Até a fase 2, a atenção dos pesquisadores está voltada para os chamados “ desfechos laboratoriais ”, ou seja, normalmente se investiga em que medida os vacinados desenvolvem anticorpos capazes de neutralizar o vírus e linfócitos que reconhecem e destroem células infectadas pelo Sars-CoV-2. Essas questôes também são mensuradas na fase 3, contudo, nesse caso, a principal meta é avaliar os “ desfechos clínicos ” associados à imunização. Segundo ela, uma pesquisa clínica de fase 3 pode tentar responder a diferentes questões, como, o quanto uma dose da vacina protege contra a Covid-19 ou qual é a proteção conferida por duas doses do imunizante. Também se pode avaliar em que medida hospitalizações, mortes ou a transmissão assintomática do vírus pelos voluntários. De acordo com Dal Ben, é com base nas questões a serem respondidas que se define o desenho do ensaio: quantas pessoas serão incluídas, qual deve ser o perfil da população estudada e como os voluntários serão divididos- é possível separar os participantes em dois grupos (placebo e vacina) ou em três (placebo, uma dose de vacina ou duas doses), entre outros formatos. De acordo com Dal Ben, os estudos de fase 3 adotaram critérios muito variados, O que impossibilita a compaHENRIQUE PINHEIRO ração dos dados.

No caso da CoronaVac, por exemplo, os voluntários que após receber a segunda dose do imunizante apresentaram febre, tosse, falta de ar, fadiga, dor muscular, cela leia, dor de garganta, congestão nasal, náusea, vômito ou diarreia foram considerados como “ casos suspeitos ”. Já no caso da astrazeneca, só foram considerados como suspeitos os pacientes que apresentaram febre, tosse, falta de ar, perda do olfato ou perda do paladar. “ Dor de garganta, que é um sintoma muito comum nos casos leves de Covid-19, não foi considerada na casuística do Reino Unido e do Brasil, segundo os dados divulgados pela astrazeneca na revista The Lancet. Foi considerada somente na África do Sul. Será que por isso a eficácia foi menor na África do Sul? ”, indagou. Além de explicar as fórmulas usadas nos estudos clínicos para calculara taxa de eficácia de uma vacina, Massad apresentou um modelo por meio do qual estimou o número de mortes que seriam evitadas no Brasil caso a vacinação em larga escala tivesse começado já no mês de janeiro. “ Sem vacinar ninguém, chegaremos ao fim do ano com 350 mil mortos. Hoje estamos com pouco mais de 220 mile, se a vacinação tivesse começado em janeiro, esse número aumentaria muito pouco até dezembro[ considerando que em seis meses 70% dos suscetíveis seriam vacinados]. Um me ês de atraso vai custar 4] mil vidas a mais, dois meses serão 73mil, rês meses,97 mil, e, sea gente só começar a vacinar pra valerem maio, 11] mil pessoas amais irão morrer. Esse arraso na introdução da vacina, portanto, tem um custo em vidas humanas ”, detalhou o pesquisador. Os cálculos foram feitos considerando uma vacina com 90% de eficácia, que teria a adesão de 80% da população, e sem levarem conta as novas variantes virais possivelmente mais transmissíveis. “ O Brasil tem capacidade de vacinar pelo menos 10 milhões de pessoas por dia. Se tivéssemos doses para todos, em pouco mais de 20 dias poderíamos liquidar essa fatura ”, disse Massad. “ Para assistir a íntegra do web inar acesse w. youtube, com watch? v=6bNLIyMSIxE. (Por Karina Toledo| Agência Fapesp)