Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) descreveram o segundo menor vertebrado do mundo, um sapo em miniatura. Um dos exemplares adultos mede apenas 6,95 milímetros. Anteriormente, uma espécie do mesmo gênero foi encontrada no sul da Bahia, com indivíduos de 6,45 milímetros.
O estudo, publicado na sexta-feira (25) na revista PeerJ, foi apoiado pela FAPESP. Os sapos-pulga, ou rãs-pulga, do gênero Brachycephalus, são conhecidos por seus tamanhos diminutos, com adultos medindo menos de um centímetro.
Para se ter uma ideia, esses sapinhos podem se acomodar sobre uma unha humana ou uma moeda de 50 centavos.
A nova espécie recebeu o nome de Brachycephalus dacnis, em homenagem ao Projeto Dacnis, que protege áreas privadas de Mata Atlântica em São Paulo.
O professor Luís Felipe Toledo, coordenador do estudo, explica que esse gênero passou por um processo evolutivo de miniaturização, resultando em características anatômicas únicas.
Este é o sétimo sapinho-pulga descrito no gênero Brachycephalus. O grupo, anteriormente conhecido por suas cores vibrantes e veneno, agora atrai atenção por seu tamanho reduzido.
Curiosamente, os sapos-pulga, mesmo maiores que os sapinhos-pulga, possuem menos estruturas anatômicas, como partes da orelha interna, o que os impede de ouvir seus próprios cantos.
O canto distinto da nova espécie chamou a atenção dos pesquisadores, que notaram semelhanças morfológicas com B. hermogenesi. Embora ambas as espécies compartilhem pele marrom amarelada e vivam no folhiço da mata, suas vocalizações diferem. Sequenciamentos genéticos confirmaram que se tratava de uma nova entidade.
Durante a pesquisa em Picinguaba, Ubatuba, os cientistas descobriram que B. dacnis também ocorre na mesma região que B. hermogenesi. Toledo sugere o uso de ferramentas de sequenciamento de DNA histórico para investigar se exemplares antigos podem representar a nova espécie.
Além das características anatômicas comuns, os pesquisadores incluíram dados sobre o esqueleto, órgãos internos e a vocalização na descrição da nova espécie.
A intenção é tornar as descrições mais precisas, especialmente para espécies crípticas, que não podem ser diferenciadas apenas pela anatomia externa.
“Toledo finaliza enfatizando que a diversidade desses sapos em miniatura pode ser maior do que se imagina. Por isso, é crucial coletar o máximo de informações possível para facilitar a descrição e a conservação dessas espécies.”