Chuvas não estão sendo suficientes para repor volume na maior reserva de água doce subterrânea do mundo
O Aquífero Guarani, uma das maiores reservas de água doce do planeta, está secando. É o que aponta um estudo realizado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), que concluiu que as chuvas atuais não são suficientes para repor o volume de água da reserva.
O Aquífero Guarani se estende por uma área total de aproximadamente 1,2 milhão de quilômetros quadrados, abrangendo partes de sete estados brasileiros, incluindo Mato Grosso do Sul, além de partes do Paraguai, Uruguai e Argentina.
A seca histórica no Brasil tem gerado efeitos visíveis, como queimadas e a diminuição dos níveis dos rios, mas o problema se estende também à camada subterrânea de água.
Segundo o estudo, atualmente, o consumo de água do Aquífero Guarani é maior do que sua reposição, com perspectiva de redução do nível de 120 metros em 70 anos em algumas áreas.
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De acordo com o professor Didier Gastmans, pesquisador do Centro de Estudos Ambientais da Unesp, a falta de chuvas é o principal fator que impede a recomposição do aquífero.
“Nós não estamos recompondo porque não está chovendo nada, e o que acaba acontecendo é que você acaba usando a água para os mais diversos fins”, explica.
Além disso, o aumento da temperatura global provoca uma evaporação mais rápida da água das chuvas, dificultando ainda mais a infiltração no solo.
“A movimentação é muito lenta. A água se movimenta a uma taxa de centímetros por ano”, afirma Gastmans, destacando que as águas têm mais de 100 mil anos e infiltraram-se há milênios.
O Aquífero Guarani é importante para o abastecimento de cerca de 90 milhões de pessoas no Brasil. Durante períodos de seca, ele pode responder por até 90% da descarga das nascentes, sendo o segundo maior uso para irrigação agrícola.
No entanto, a exploração excessiva, aliada a secas prolongadas, ameaçam sua capacidade de manter o fluxo dos rios e nascentes, o que pode agravar crises hídricas.
Diante desse cenário, o professor alerta para a necessidade urgente de um sistema de monitoramento em tempo real que permita uma gestão adequada dos recursos hídricos.
“Precisamos saber quando podemos utilizar água superficial e quando devemos recorrer à água subterrânea, de forma que respeite a capacidade do aquífero e atenda às demandas”, conclui.
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