Cientistas, estudantes, organizações não governamentais e representantes da indústria e do governo participarão entre os dias 20 e 24 de outubro do 2nd Brazilian Bioenergy Science and Technology Conference (BBEST), evento que ocorrerá em Campos de Jordão (SP) e conta com apoio da FAPESP. A conferência será um espaço para a apresentação de resultados de pesquisas nacionais e internacionais, na fronteira do conhecimento e em todas as áreas da bioenergia – tecnologia, inovação, motores, meio ambiente, sustentabilidade, uso da terra, biomassa, novos combustíveis, entre outros –, com destaque para investigações empreendidas no âmbito do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia ( BIOEN).
Outro destaque será a realização de um police day, dedicado ao debate de políticas públicas necessárias ao desenvolvimento do setor, destacando a bioenergia e as questões relacionadas às seguranças alimentar, ambiental, energética e de desenvolvimento sustentável. Quatro mesas-redondas estão confirmadas para esse dia exatamente sobre esses temas: Food Security, Environmental and Climate Security, Energy Security e Sustainability Development &Inovation.
Os temas surgiram durante o Rapid Assessment Process, reunião entre pesquisadores do BIOEN e de outros dois programas da FAPESP – Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo ( BIOTA) e Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais ( PFPMCG) –, em dezembro de 2013, em Paris, na França, juntamente com experts de 21 países.
“Os três programas estão conduzindo uma avaliação global sobre sustentabilidade e bioenergia sob a égide do Scope [ Secretaria do Comitê Científico para Problemas do Ambiente], órgão intergovernamental, parceiro da Unesco [ Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura].
Na segunda edição do BBEST, vamos anunciar recomendações do grupo para políticas públicas voltadas à expansão sustentável da bioenergia no mundo”, disse Glaucia Mendes Souza, professora do Instituto de Química (IQ) da Universidade de São Paulo (USP) e membro da coordenação do BIOEN, à Agência FAPESP.
Alguns pesquisadores confirmados para essa apresentação são Isaias de Carvalho Macedo (Universidade Estadual de Campinas/Unicamp), Paulo Artaxo (USP), Erick Fernandes (World Bank, Estados Unidos), Francis Johnson (Stockholm Environment Institute, Suíça), Chanakya Hoysala (Indian Institute of Science, Índia) e Thomas Foust (National Renewable Energy Laboratory, Estados Unidos).
Paul Moore, da University of Hawaii em Manoa, nos Estados Unidos, e Patricia Osseweijer, da Delft University of Technology, na Holanda, serão dois dos chairs da sessão BIOEN Highlights, destinada a apresentar resultados de pesquisa vinculados ao programa e dividida em quatro áreas temáticas: Biomass Division, Biofuel Technologies Division, Biorefineries &Engines Divisions e Sustainability Division.
“A primeira edição BBEST aconteceu em um momento em que avaliávamos o encaminhamento das investigações conduzidas pelo BIOEN, lançado em 2008. Agora, muitos projetos estão finalizados e têm importantes resultados a serem compartilhados. Ao chamar a indústria para o diálogo, a conferência oferecerá oportunidades para que esses resultados se transformem em inovação”, afirmou Souza.
Os prazos para a submissão de resumos estão abertos até 25 de abril (para apresentação oral) e 20 de julho (para pôster).
Além das palestras plenárias e mesas-redondas, o evento terá sessões paralelas com o intuito de aproximar empresas e núcleos de apoio de universidades; informar sobre financiamento à pesquisa; e dar espaço à apresentação de resultados obtidos também pela indústria em tecnologias voltadas à genética, enzimas, leveduras, biomassa, plantações, engenharia de etanol e biodiesel, biorrefinarias, entre outros.
Alunos de pós-graduação concorrerão a um prêmio de inovação tecnológica oferecido pelo BE-Basic Foundation, da Holanda. “Também premiaremos os melhores pôsteres”, contou Souza.
Momento-chave
“O IPCC [sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, acaba de lançar um relatório dizendo que as mudanças climáticas causarão grandes impactos ao redor do mundo. O próximo relatório será sobre mitigação, em que o papel da bioenergia certamente será destacado. É um momento-chave para discutir os avanços que o setor já alcançou e as políticas necessárias para que ele continue se desenvolvendo. Também já contamos, na programação da BBEST, com participantes do IPCC”, afirmou Souza.
De acordo com ela, a transição para uma economia de baixo carbono requer estímulos ao desenvolvimento de tecnologias que sequestrem carbono e à produção de energia com a utilização de renováveis.
“A biomassa é capaz de atender essas duas demandas”, disse. “E a bioenergia é, entre os renováveis, a que gera mais benefícios e tem impactos mais bem distribuídos na sociedade – ela pode aumentar a biodiversidade em pastos degradados, diminuir a pobreza energética, entre outros exemplos.”
Outro fator que torna o momento propício à discussão é, segundo Heitor Cantarella, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e também membro da coordenação do BIOEN, o fato de que a bioenergia enfrenta um momento relativamente difícil em alguns países.
“Isso devido a fatores como custos, insucessos em programas de combustíveis de segunda geração e desaceleração nos investimentos por conta de crises econômicas. O Brasil, pela tradição e por toda a tecnologia já conquistada, precisa discutir o que fazer para manter os estímulos à produção bioenergética”, afirmou Cantarella.
Agência FAPESP