Bandeirantes agora tem obra de Lasar Segall, o único artista modernista que faltava no acervo
Para completar o acervo modernista do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo, faltava apenas um artista, Lasar Segall. A lacuna foi preenchida na semana passada, com a doação da escultura “Maternidade”, feita em bronze, na década de 1930, e oferecida pela Associação Cultural de Amigos do Museu Lasar Segall e pelo Museu Lasar Segall.
São as doações de instituições culturais e museus que mantêm em crescimento o acervo dos três palácios do governo — dos Bandeirantes, da Boa Vista e do Horto. Grande parte da coleção hoje exposta neles foi constituída na década de 1970, segundo a curadora do acervo artístico cultural dos palácios, Ana Cristina Carvalho. “Os museus brasileiros possuem carência de recursos para novas aquisições e, portanto, doações são multo necessárias.”
Inaugurado na década de 1960, o palácio dos Bandeirantes deveria ser, inicialmente, um espaço referencial para o mobiliário brasileiro. Até hoje, possui raridades em artefatos de couro, prata e tapeçaria européia. Porém, no início dos anos 70, responsáveis pela escolha de suas obras (entre eles Oswald de Andrade Filho) optaram por uma abordagem modernista. O local tem atualmente 4 mil peças que ajudam a compor um espaço de referência à cultura brasileira.
“A preocupação era formar um acervo com caráter nacionalista. Atualmente, possuímos grandes ícones de fases diferentes do modernismo brasileiro”, explica Ana Cristina Carvalho.
Lasar Segall, nascido na Lituânia se dedicou principalmente ao desenho em sua carreira artística. A maternidade é um tema recorrente em seus trabalhos. E segundo Celso Lafer, presidente do conselho deliberativo do Museu Lasar Segall, a es cultura oferecida ao Palácio dos Bandeirantes é uma das obras mais expressivas de seu acervo.
“A presença da obra no palácio deverá chamar a atenção de pessoas que não estão acostumadas a freqüentar museus para o trabalho de Segall”, declara Lafer.
“Maternidade” divide o espaço com “Operários”, de Tarsila do Amaral, e “Procissão de Barcos”, de Alfredo Volpi. O tema da escultura, além de sua importância para o momento artístico que o Brasil, e principalmente, São Paulo, viveu entre as décadas de 1920 e 1960, também possui uma forte ligação com as obras já expostas no Palácio.
“A maternidade é um tema sobre o qual o acervo já se apóia. A escultura de Segall completa também esse aspecto de nosso patrimônio”,diz Ana Cristina Carvalho. No futuro uma exposição temática unirá “Maternidade” a outras pinturas e esculturas sobre o mesmo tema.
Novas doações
Durante a cerimônia, realizada na quarta-feira passada, o governador José Serra anunciou que novas obras serão entregues ao acervo. Trabalhos do escultor e pintor polonês Frans Krajcberg receberão,. Em breve, espaço no Palácio do Horto. O artista chegou ao Brasil em 1948 e, desde 1972, vive na Bahia. Suas obras abordam a natureza e a paisagem nacional.
A doação, feita por Krajcberg à Prefeitura quando Serra ainda era prefeito, será agora revertida ao acervo dos palácios. “Às vezes, a gente não consegue fazer com que as coisas andem nessa área, tal o número de obstáculos e de barreiras”, declarou o governador.
Duas telas de Yukio Suzuld, pintor japonês que expõe no Brasil desde a década de 1970, também foram doadas ao acervo.
Elas ficarão expostas no Palácio dos Bandeirantes e foram doadas por Shoko Suzuki, viúva do artista. As telas estão em processo de restauração e limpeza.