Em reunião com diversos prefeitos que representaram os 43 municípios da região administrativa de Araçatuba, o secretário estadual Eleuses Paiva, orientou prefeitos a como utilizar o recurso enviado pelo governo estadual para o combate à dengue. Em encontro realizado na manhã dessa sexta-feira (31) no auditório da Receita Federal de Araçatuba, estiveram presentes diversos prefeitos e secretários de saúde, incluindo os prefeitos de Araçatuba, Lucas Zanatta (PL), e de Penápolis, Caíque Rossi (PSD), dentre vários outros.
Durante sua fala, o secretário falou da estrutura da saúde estadual e reclamou da falta de recursos do governo federal. Ele ainda comentou sobre a preocupação com os casos de dengue e lamentou o número baixo de vacinas disponíveis – atualmente a huminazação com a Qdenga é realizada apenas em crianças e adolescente entre 10 e 14 anos – e projetou a chegada de uma outra vacina desenvolvida pelo Butantan, que deverá estar disponível para o ano que vem.
“Nos preocupa muito essa região onde o número de casos é o maior que temos no estado, fizemos um plano de contingência para atuar nestas regiões. O governador Tarcísio fez um repasse de R$ 228 mi para dar suporte econômico e estamos discutindo estratégias de atuação na região”, citou Eleuses Paiva em entrevista coletiva à imprensa após o encontro.
Dentre as estratégias sugeridas aos prefeitos estão o investimento nas Equipes de Estratégia Saúde da Família para o atendimento aos casos de pessoas com sintomas de dengue; além dos trabalhos de nebulização e de busca de criadouros do mosquito Aedes Aegypti nas residências. Eleuses afirmou, inclusive, que o trabalho deve ocorrer aos finais de semana também, quando os moradores estão em casa para receber as equipes.
“Estamos discutindo estratégias de combate ao mosquito, estratégia de tratamento das pessoas já doentes. Temos que agir precocemente para evitar um número de mortes alto”, explicou. “Financiamento de saúde é um grande problema, ano passado investimento R$ 5,8 bi a mais no orçamento para poder fortalecer o trabalho. Começamos o ano com R$ 228 milhões a mais para os municípios, porém, é importante a gestão desses recursos. Por isso, temos que ter estratégia de combate ao mosquito com as estruturas de saúde da família. Tenho falado para os prefeitos utilizarem o fim de semana, já que na maioria das casas os donos não estão em casa para ouvirem a orientação”, disse.
Ele também pediu auxílio da população para que receba as equipes das prefeituras em suas casas para verificar possíveis focos do mosquito.
“Só vamos vencer essa guerra se tiver adesão da população, porque mais de 70% dos focos estão nas residências. Nós estamos fazendo nossa parte”, disse.
Vacina Eleuses Paiva dedicou boa parte de sua fala aos prefeitos na defesa da vacina contra a doença. Segundo ele, é a única forma de livrar de vez a população da doença.
Segundo ele, o número de doses do atual imunizante, a Qdenga, é insuficiente para imunizar a população e por isso está sendo aplicado em apenas uma pequena parcela da população.
O secretário, porém, informou que o Instituto Butantan já finalizou a produção de um imunizante nacional contra a doença que ficou em desenvolvimento por 16 anos. O produto foi entregue para análise da Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e aguarda que até o meio do ano ela já seja liberada para uso.
Com isso, o governador prepara uma fábrica para a produção de 100 milhões de doses da vacina, que deverão ser suficientes para resolver o problema relacionado à epidemia de dengue para os anos seguintes.
“Nós vamos resolver definitivamente o problema da dengue quando vacinarmos 100% da nossa população. Doença viral é vacina que vai resolver. E hoje não temos vacina suficiente para a população e a que tem é de duas doses, com intervalo de 90 dias, não é homogênea para os quatro tipos de vírus da dengue”, disse. “O Butantan ficou 16 anos desenvolvendo uma vacina que terminou em dezembro. Esperamos que até o meio do ano a Anvisa libere. Os testes feitos pelo Butantan dão 80% de eficiência. Esperamos esse ano e o governador Tarcísio já está colocando recursos na produção de uma fábrica para essa vacina. Estamos preparando 100 milhões de vacinas para 2026 e 2027”, disse.
Sorotipo 3 O secretário de saúde do estado ainda afirmou que o mais preocupante é que o sorotipo que circula neste ano é o 3, o qual a maior parte da população ainda não pegou, portanto, não possui anticorpos.
“Nos anos anteriores tivemos circulação do sorotipo 1 e 2, o 3 tem mais de uma década que não circula, portanto a sensibilidade da população é muito maior. Ano passado tivemos epidemia com mais de 2 milhões de casos, e as pessoas que voltarem a ter a doença, há uma predisposição maior para a dengue grave. Temos que ser rápidos no diagnóstico e iniciarmos o tratamento. O índice de mortes caiu em média em relação ao ano passado, mas continuamos precisando da colaboração de todos”, explicou.
Diego Fernandes Araçatuba