Notícia

Aquacultura Brasil

Secretaria de Agricultura e Abastecimento inaugurou, neste mês, laboratório de piscicultura marinha em Ubatuba

Publicado em 22 fevereiro 2018

Aquacultura Brasil

Pioneiro no Brasil, Instituto de Pesca mantém banco de sêmen de peixes marinhos, como forma de preservar espécies ameaçadas de extinção

As águas marinhas brasileiras são extremamente favoráveis à piscicultura em tanques-rede, porém um dos maiores entraves para o desenvolvimento dessa atividade é a obtenção das formas jovens, como é o caso da garoupa-verdadeira, espécie com viabilidade econômica e potencial de produção. Forma jovem é aquela que acabou de completar a fase de larva e começa a se alimentar de ração.

A produção de formas jovens é uma das finalidades do moderno laboratório de piscicultura marinha que será inaugurado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo nesta quarta-feira, 21 de fevereiro, em Ubatuba.

Local onde esse órgão público mantém o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Litoral Norte, vinculado ao Centro do Pescado Marinho de Santos do Instituto de Pesca.

Na unidade de Ubatuba desenvolvem-se pesquisas sobre reprodução, larvicultura e engorda de várias espécies de peixes marinhos (garoupa-verdadeira, badejo, mero, cioba, ariocó, pampo, olhete e bijupirá). “Muitas dessas espécies estão ameaçadas de extinção, sendo indispensável o desenvolvimento de pesquisas em conservação e preservação desses recursos pesqueiros”, explica o pesquisador Eduardo Gomes Sanches, diretor do Centro do Pescado Marinho.

Segundo Sanches, a primeira espécie estudada foi a garoupa-verdadeira. “As pesquisas possibilitaram importantes avanços no cultivo desse peixe marinho em cativeiro, elucidando relevantes questões do ponto de vista de manejo e dando origem a um banco de reprodutores destinado a pesquisas de inversão sexual, congelamento de sêmen, reprodução induzida e produção de formas jovens, para a realização dos primeiros ensaios de engorda em escala massiva da espécie no Brasil.”

Para o secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, a crioconservação de sêmen de garoupa-verdadeira, uma conquista da pesquisa paulista, é considerada um fato histórico para o desenvolvimento e sustentabilidade da piscicultura marinha em nosso país, tanto pelo valor econômico como pelo potencial de cultivo desse recurso pesqueiro. A pesquisa contribui decisivamente para a reprodução dessa espécie em cativeiro, que propicia a produção das formas jovens.

Desde o início da década de 1980, o Instituto de Pesca desenvolve pesquisas sobre tecnologia de crioconservação de sêmen de diversas espécies de peixes marinhos e de água doce, como: pacu, curimbatá, truta, tainha e robalo, dentre outros. Atualmente, é a única instituição, no Brasil, a manter um banco de sêmen de peixes marinhos, como forma de preservar espécies para as futuras gerações. Mais recentemente, uma parceria entre o Instituto de Pesca, o Projeto Meros do Brasil e a Embrapa Tabuleiros Costeiros possibilitou que os esforços fossem direcionados para outra espécie de peixe marinho, o mero. Esse projeto, financiado pelo Programa Petrobras Ambiental, permitiu a ampliação da capacidade dos tanques de manutenção dos peixes no laboratório de Ubatuba e a aquisição de modernos sistemas de filtragem.

Outra linha de atuação do Laboratório de Piscicultura Marinha tem o apoio de parcerias com a iniciativa privada. A equipe do laboratório realiza, por intermédio da Fundepag e Fundag, a prestação de serviços, como, por exemplo, o desenvolvimento de tecnologias para a cadeia produtiva por meio da demanda de empresas interessadas. Um caso recente é o da empresa Artemia Ltda., que objetiva o desenvolvimento e avaliação de um novo modelo de tanque de cultivo para a produção de formas jovens de bijupirá.

Projetos de pesquisa financiados por importantes agências de financiamento, como a FAPESP e CNPq, também são desenvolvidos no laboratório. Como cita o pesquisador Eduardo Sanches, já foram investidos no laboratório de piscicultura marinha (que ocupa dois prédios do complexo do Núcleo de Pesquisas do Litoral Norte) mais de 1 milhão de reais, oriundos de fundações de apoio à pesquisa, em infraestrutura e equipamentos. Complementarmente, esse Núcleo é utilizado por, aproximadamente, 60 profissionais, em cursos de mestrado e doutorado, o que demonstra sua função também para ensino, pesquisa e extensão.

Por outro lado, muitos maricultores que atuam na atividade já frequentaram cursos e treinamentos desenvolvidos pelo Instituto de Pesca em Ubatuba.

Monitoramento da atividade pesqueira

O Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Litoral Norte tem dois eixos de atuação: maricultura e pesca. Na área de pesca, participa do Programa de Monitoramento da Atividade Pesqueira Marinha e Estuarina (PMAP) do Instituto de Pesca, coordenado pela Unidade Laboratorial de Referência em Controle Estatístico da Produção Pesqueira Marinha, que incluiu monitoramento também em Santos e Cananeia. Os dados pesqueiros são obtidos por método censitário através de entrevistas voluntárias com mestres de embarcações e pescadores e por consulta a registros de desembarque de pescado em cerca de 200 localidades nos 15 municípios da costa paulista. Segundo Sanches, desde 1944 o governo paulista desenvolve a coleta de dados pesqueiros.

Esses dados são divulgados publicamente de forma consolidada (por ano, mês, município, aparelho de pesca e espécie) no site do Instituto de Pesca e através de informes e anuários pesqueiros, também disponíveis online. Análises específicas, que atendam à política de dados do Programa, podem ser solicitadas diretamente à referida Unidade Laboratorial.

“Em qualquer momento, pescadores e armadores que colaboram com o Instituto de Pesca podem solicitar relatórios de produção da sua atividade pesqueira. Esses relatórios, que trazem informações sobre viagens e capturas realizadas por pescador ou embarcação, servem como comprovante da atividade pesqueira para diferentes finalidades”, conforme orienta Eduardo Sanches.

As principais categorias de pescado descarregado no município de Ubatuba foram: sardinha-verdadeira, corvina, camarão-sete-barbas, camarão-rosa e cação, capturados principalmente com cerco, emalhe, emalhe-de-fundo e arrasto-duplo-pequeno. Considerando a produção desembarcada no período, o município respondeu por 8,6%, do total de 129,6 mil toneladas de pescado, e 6,0% do desembarque no Estado de São Paulo, o que faz de Ubatuba o terceiro município que mais contribuiu para a captura de pescado.

Representatividade social

Paralelamente à função científica, o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Litoral Norte é membro atuante do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e Pesqueiro da Prefeitura de Ubatuba, da equipe de Gerenciamento Costeiro e do Conselho da APA (Área de Proteção Marinha) do Litoral Norte, dentre outros, dando sustentação à implantação de políticas públicas e ao desenvolvimento sustentável do litoral norte paulista. Em 2017, na equipe de Gerenciamento Costeiro, o Instituto de Pesca defendeu tecnicamente a ampliação da área destinada à aquicultura, dos anteriores 2.000 m2 para 20.000 m2, possibilitando a efetiva implantação de fazendas marinhas e rompendo uma restrição histórica sempre apontada como limitadora da expansão da atividade. De acordo com Eduardo Sanches, estima-se um impacto de mais de 50 empreendimentos aquícolas a serem expandidos com a previsão de 500 empregos diretos e 2.000 indiretos.

Outras informações: Eduardo Gomes Sanches, esanches@pesca.sp.gov.br, fone: (13) 3261-1900

O post Secretaria de Agricultura e Abastecimento inaugurou, neste mês, laboratório de piscicultura marinha em Ubatuba apareceu primeiro em Aquaculture Brasil.