Notícia

Revista Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-condicionado, Ventilação e Aquecimento)

Secretaria da Ciência incentiva empresas

Publicado em 01 dezembro 2006

A professora Maria Helena Guimarães de Castro é mestre em Ciência Política, docente do Departamento de Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas desde 1984 e exerceu o cargo de diretora adjunta do Núcleo de Pesquisas Políticas Públicas da Unicamp. Ocupou diversos cargos públicos municipais, estaduais e federais, e hoje está á frente da Secretaria da Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo.
As atividades desta Secretaria são voltadas ao desenvolvimento da indústria e da agroindústria, e também à expansão do comércio, sempre buscando promover, documentar e difundir a ciência e a tecnologia, trabalhando assim para a sustentabilidade. Para isso, adota medidas de incentivo à iniciativa privada, prestando apoio técnico à empresa, especialmente à pequena e à média, e dá ênfase à exportação para o desenvolvi mento capaz de gerar trabalho e renda. Por esta razão, Maria Helena integra nossa lista de entrevistados ilustres que sempre têm contribuições importantes para o nosso setor. Sob seu comando figuram ainda o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPI), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Centro Estadual de Educação Tecnológica "Paula Souza", a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Júlio de Mesquita Filho (Unesp), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Faculdade de Engenharia Química de Lorena (Fanequil), a Faculdade de Medicina de Marília (Famema) e a Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp).

Qual o trabalho mais importante para atingir o desenvolvimento sustentável?
A relevância assumida pelo conheci mento e pela inovação no mundo atual já foi responsável pela criação de uma categoria nova: a sociedade do conheci mento. Por trás dessa idéia está o reconhecimento da importância da ampliação do conhecimento acumulado sobre os variados temas da agenda pública para o desenvolvimento sustentável.

A área de desenvolvimento econômico pode ajudar o Estado de São Paulo a voltar a crescer?
São Paulo tem crescido observados os padrões brasileiros por causa da heterogeneidade da economia paulista. To dos os setores estão representados aqui. Quando o Brasil vai bem, São Paulo vai bem; quando o Brasil vai mal, Sã Paulo vai mal. As variáveis chaves para estimular o crescimento cabem ao governo federal e estas têm estado aquém das expectativas do País.

Qual sua avaliação do setor em 2006?
É difícil saber. O governo mal foi reeleito e já está batendo cabeça sobre os rumos da política econômica do segundo mandato.

A educação avançou bastante ou está aquém do que o País necessita para se desenvolver?
Avançou, mas precisa avançar mui to mais pelos próximos dez ou quinze anos. Como o conhecimento é a palavra chave para o desenvolvimento humano daqui para frente, ampliar a base de pessoas capazes de gerar conhecimento deve ser a preocupação central em qual quer estratégia de governo. E aí também o Pais anda para trás com a queda sistemática das matrículas no ensino médio.

Dizem que se o Brasil crescer acima de 5% ao ano, como é o desejo das autoridades, não teremos capacidade instala da e nem infra-estrutura para atende, esta demanda. Isto acontecerá com a mão-de-obra qualificada também?
Acontecerá e já está acontecendo. Diversos setores hoje têm enorme dificuldade de achar pessoas com as qualificações necessárias para os postos de trabalho disponíveis.

Nesse caminho, o ensino técnico e tecnológico pode ser uma opção viável e mais rápida?
Seguramente. O Brasil errou ao não dar devida importância a esta modalidade de ensino e ficar vinculado apenas ao mo delo universitário. Nos Estados Unidos metade das matriculas no ensino superior está em cursos profissionalizantes de curta duração, mas de nível superior, de modo a permitir às pessoas irem depois para especializações ou pós-graduação caso seja de seu interesse, mas, antes de tudo, tem certificação e competências pala atuar de forma plena no mercado de trabalho. O governo do Estado de São Paulo avançou muito na ampliação de cursos técnicos e tecnológicos, com a ampliação forte das Fatecs, mas ainda há muito trabalho pela frente e, sobretudo, qual o papel a ser exercido pelo governo federal nesse esforço de crescimento.

Alguns setores dizem que o investimento em ensino tecnológico é o sucatea mente do ensino superior. A senhora concorda com esta afirmação?
De forma nenhuma. Esta é uma visão ideológica atrasada e que atrapalha muito o desenvolvimento da educação superior no País. Não dá para querer o modelo de universidade com ensino, pesquisa e extensão para todos. É preciso diversificar o sistema e flexibilizar a oferta dos tipos de curso. O objetivo deve ser ampliar a oferta de cursos de nível superior para a maior parte das pessoas para aumentar a matrícula neste nível. E não dá para fazer isso apenas com os modelos de universidade hoje vigentes.

Como conseguir o desenvolvimento do interior, na busca de criação de emprego geração de renda deforma mais eficaz?
O desenvolvimento do interior do Estado de São Paulo ocorre desde a década de 80. E vai bem obrigado. No Brasil também se verifica a desconcentração econômica com a industrialização de outros Estados. O grande desafio para as políticas públicas hoje é resolver os sérios problemas sociais, derivados do econômico, nas grandes regiões metropolitanas como São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Recife e outras.

O Sistema Paulista de Parques Tecnológicos foi instituído em fevereiro. Já apresenta resultados? Em que situação está este projeto?
Os resultados de projetos dessa natureza são, por definição, de longa maturação. Em São José dos Campos o projeto avança com rapidez, bem como São Carlos, Campinas e Ribeirão Preto. Na Capital, o Governador Cláudio Lembo e o prefeito Gilberto Kassab assinaram protocolo de intenções para instalação do parque na região do Jaguaré. Asseguramos orçamento para 2007 e,há interesse do Governador Serra. Portanto, o projeto avança com sustentabilidade.

Qual projeto a senhora destaca como de grande importância para alavancar nosso desenvolvimento cientifico e tecnológico?
Os Parques Tecnológicos podem dar uma contribuição decisiva a isso, mas é preciso estreitar a relação entre universidades e todo o sistema nacional de pesquisa e desenvolvimento existente com os setores produtivos de modo a termos mais inovação e mais patentes. A Universidade não pode e não deve ter receios de se relacionar com o setor privado.

Qual sua expectativa com a troca de governador e sua área de atuação?
São Paulo elegeu como Governador o homem público mais preparado do País. A expectativa é a melhor possível.