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CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

SBPC - Entrevista com o coordenador INCT INOF, Vanderlei Bagnato (1 notícias)

Publicado em 10 de julho de 2015

"A Luz é a base da vida, é a base de muitas ciências e é atualmente a maior base de desenvolvimento". A frase é de quem tem na luz não só a fonte imprescindível para viver, como todos nós, mas de quem a usa como base para pesquisas e ensino e sabe muito bem o quanto ela é muito mais útil do que a grande maioria imagina. Ela foi dita pelo Professor Vanderlei Salvador Bagnato, físico, professor titular da Universidade de São Paulo (USP) e Pesquisador do CNPq.

Para ele, a escolha da Unesco em declarar o ano de 2015 como o "Ano Internacional da Luz" foi muito acertada e irá contribuir para o incentivo ao ensino, à pesquisa e à reflexão da importância da luz para a humanidade.

Em entrevista ao CNPq, Bagnato falou sobre luz, mas também sobre sua trajetória como pesquisador, seu trabalho como coordenador do Instituto Nacional de Optica e Fotônica - INOF (INCT/CNPq) e do desenvolvimento científico do país na área.

O INOF  estará no estante do CNPq durante a 67ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) apresentando parte das suas pesquisas, em experimentos interativos e demonstrações do uso da fotônica na medicina.

CNPq - Professor, como foi o início da sua carreira e por que fazer ciência?

Bagnato - Sou físico pela USP (1981) e Engenheiro de Materiais pela UFSCar (1981), PhD pelo MIT [Instituto de Tecnologia de Massachusetts] (1987). Sempre gostei de ciências e tive a sorte de ter pais que se sacrificaram para que eu pudesse sempre estudar. Entrei como professor da USP ao me formar em 1981 e desde então estou ainda trabalhando em minha carreira. Sou fanático por fazer ciências que exigem desafios e sempre que possível usar ciências em prol da economia. Adoro motivar a formação de empresas e gosto de ver estudantes que estão determinados a serem geradores de emprego e não caçadores de empregos. Sou um cientista brasileiro de sorte, pois sempre recebi financiamento do CNPq e da FAPESP. Procuro ter uma grande cooperação internacional com os maiores centros de minha área de atuação.  Acredito na ciências e nos cientistas brasileiros, mas acho que todos devem fazer ciências com maiores desafios.

 

CNPq - Como foi criado o Instituto Nacional de Óptica e Fotônica, o INOF e como vem sendo desenvolvido o trabalho do Instituto?

Bagnato - O INOF nasceu com a proposta de expandir nossas atividades, criando em diversos locais parceiros que tiveram livre acesso a todo nossos laboratórios e que procuraram desenvolver e melhorar suas própria infraestruturas. Ao mesmo tempo, criamos área que permitiram gerar o verdadeiro elo entre atômica-plasmônica e ciências da vida. Além disso, nossa proposta com o INCT foi não só procurar avançar a fronteira do conhecimento, mas também contribuir com a economia da Nação, através dos projetos de inovação. Colaboramos com mais de 20 empresas e ajudamos a lançar mais de 20 produtos no mercado nacional e internacional.

 

CNPq - Como está o Brasil em temos de pesquisa na área de fotônica? Em quais as aplicações da fotônica o país mais se destaca?

Bagnato - O Brasil esta bem na área de fotônica. Temos a UNICAMP, a USP e algumas federais como UFPe e UFRJ com grandes lideranças nesta área. Acho que óptica é uma das áreas onde os investimentos em ciências se mostraram bastante relevantes parta a sociedade. Em São Carlos, por exemplo, nosso grupo ajudou direta e indiretamente a formação de mais de 40 empresas que hoje empregam mais de 800 pessoas.

CNPq - A Unesco proclamou o ano de 2015 como o "Ano Internacional da Luz", qual a importância desse tema para a sociedade e para o planeta?

Bagnato - A Luz é a base da vida, é a base de muitas ciências e  é atualmente a maior base de desenvolvimento. Veja a revolução das comunicações , por exemplo. A UNESCO foi muito feliz em escolher um tema deste para que todos possam refletir, investir e apreciar. Eu estive em Paris no lançamento, e foi inesquecível e bastante emocionante. Luz é tudo de bom...Temos que ensinar isto em todos os níveis de escolaridade. Ela age em todas as áreas.

CNPq - Ainda sobre a Unesco, há um documento que diz que "Ao proclamar um Ano Internacional com foco na ciência óptica e em suas aplicações, as Nações Unidas reconhecem a importância da conscientização mundial sobre como as tecnologias baseadas na luz promovem o desenvolvimento sustentável e fornecem soluções para os desafios mundiais nas áreas de energia, educação, agricultura, comunicação e saúde". Como as pesquisas científicas e tecnológicas na área de optica e fotônica podem contribuir para o desenvolvimento sustentável e quais as principais aplicações nas áreas citadas, em especial educação e saúde?

 

Bagnato - Nas áreas da saúde, as técnicas ópticas de diagnóstico e tratamento de doenças é o que temos de mais moderno. De fato, na Abertura da UNESCO, o programa brasileiro de Câncer de pele por terapia fotodinâmica foi mencionado pelo Dr. Brian Wilson do Canadá , como exemplo. Em tecnologia, não há nada que não use óptica e luz. Olhe ao seu redor... Na educação, temos que ensinar as pessoas a entenderem o mundo que nos rodeia. As diretrizes de educação diz que devemos ensinar ciências para que as pessoas entendam o mundo ao seu redor. Pois bem, todos devem entender o por que do azul do céu, as cores das plantas, por que somos o planeta azul, como enxergamos os objetos, como a luz vinda do Sol se transforma na energia preciosa que move o mundo?  Você percebe que sem a luz, estaremos sempre ignorantes nas coisas mais corriqueiras...

 

Coordenação de Comunicação - CNPq

Foto: acervo USP