A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência resolveu entrar na briga contra a reforma da previdência. Durante entrevista coletiva, realizada ontem, a nova diretoria da entidade anunciou que vai enviar uma moção ao Governo federal contra o projeto que está sendo discutido para mudar o atual sistema no País. A decisão foi tomada durante a assembléia geral da entidade, que aconteceu na noite de anteontem, no campus da Universidade Federal de Pernambuco, onde está se realizando a 55ª Reunião Anual da entidade.
O alerta diz respeito à possibilidade de enfraquecer os meios acadêmicos nacionais. Segundo os cientistas, cerca de 20% da força de trabalho nas universidades federais deve se aposentar nos próximos meses. Já tivemos notícias de professores querendo se aposentar, devido à reforma. Precisamos alertá-los das conseqüências dessa decisão. Nossos professores universitários já são poucos, pois há alguns anos não fazemos concurso", disse o físico Ennio Candotti, que assumiu a presidência da SBPC durante a assembléia. O vice-presidente, Carlos Vogt, foi mais longe. "Não se pode analisar questões desse tipo sob uma ótica exclusivamente economicista. É preciso no mínimo respeitar os contratos, como o que assinam os funcionários públicos quando vão trabalhar para o Governo", comentou.
ENCONTRO - Já a questão dos fundos setoriais, a mais debatida pelos cientistas nos bastidores do evento, parece ter sido superada. O problema foi levantado pelo presidente da Finep, Sérgio Rezende, em entrevista na terça-feira. O problema foram os rumores de que esses fundos, controlados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), passariam ao poder dos próprios ministérios que usam os recursos, gerando a crítica de que isso pulverizaria a política para desenvolvimento da ciência. "Já fomos informados de que essa idéia foi engavetada, mas se ela surgiu, é porque teve uma base. Há circuitos que podem reacender o fogo e precisamos ficar atentos a isso. Não poderemos parar nossa luta agora", disse Candotti, explicando a posição da entidade a favor da manutenção dos fundos nas mãos do MCT.
Outro ponto discutido ontem foi a situação da Fundação de Amparo à Ciência e à Tecnologia de Pernambuco (Facepe). A importância das fundações locais de apoio à pesquisa foi levantada em um simpósio realizado pela manhã, no Centro de Artes e Comunicação da Universidade. Candotti confirmou que deve agendar um encontro com o governador Jarbas Vasconcelos para agradecer o apoio dado à realização do evento e deve aproveitar para pedir mais recursos à Facepe.
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Diário de Pernambuco